Seleção feminina aposta em novas caras (Folha de Alphaville)

Carlos Colinas comanda os primeiros treinos do time em Barueri e crê em renovação com equilíbrio entre jovens e veteranas

Érison Martins

“Por história, por obrigação e pelo potencial atual, o Brasil tem sempre que estar entre os melhores do mundo. Para isso, temos que chegar muito bem preparados e estarmos mentalmente muito fortes em todas as competições”. Foi com essa filosofia que o técnico Carlos Colinas assumiu a seleção feminina de Basquete. Ele comandou desde a sexta-feira, 2, seus primeiros treinamentos à frente do time, tendo como objetivo a  disputa do Campeonato Sul-Americano, que acontece entre os dias 8 e 14 de agosto, no Chile, e do Mundial, que será na República Tcheca, de 23 de setembro a 3 de outubro.

Em entrevista à Folha de Alphaville, o espanhol se mostrou contente com o nível apresentado pelas atletas. “É um grupo excelente e como estamos nos preparando para dois campeonatos tão importantes, a motivação só aumenta”, disse Colinas.
Ele afirmou que pretende mesclar jogadoras jovens e experientes no grupo para chegar ao ideal que tem do time. “Buscamos principalmente o equilíbrio no que diz respeito à experiência e à capacidade técnica. Buscamos uma equipe que defenda e ataque, com bom arremesso de longe e bom jogo de pivôs, sempre pensando em montar a melhor equipe possível”, afirmou o treinador.

Colinas vê Argentina e Chile como os principais adversários que suas comandadas terão no Sul-Americano. “Ambos têm equipes fortes como a do Brasil. No Mundial, está claro que Estados Unidos e Austrália estão em um nível acima do nosso. No mesmo nível do Brasil, vejo Rússia, China, França e Espanha”, completou.

Carlos Colinas tem como uma das assistentes a ex-jogadora da seleção Janeth Arcain, que brilhou na mesma geração de craques do basquete como Hortênsia e Magic Paula. Em quadra, ela mata um pouco da saudade do basquete enquanto faz o bloqueio dos ataques durante o treinamento, orientando a postura do time no garrafão ou dando dicas para um bom arremesso.

Janeth se mostrou empolgada com o trabalho de Colinas. “As meninas já conseguiram assimilar o que está sendo proposto por ele. É um jogo com muita transição, de contra-ataque, movimentação e de leitura de jogo.”, analisou a ex-armadora.

Ela garante que a adaptação do elenco com o treinador será tranquila, já que Colinas apontou a velocidade e a versatilidade como uma das principais qualidades do basquete brasileiro. “É claro que ele não vai mudar o estilo do basquetebol brasileiro, mas vai acrescentar um ritmo que, assimilado a uma tática de movimentação com muita leitura de jogo, poderemos crescer muito mais”, disse Janeth, que acumula a função de treinadora das equipes Sub-15 e Sub-16.

‘Estilo’ do espanhol é aprovado

As primeiras impressões que Carlos Colinas passou às atletas têm sido positiva. Pelo menos é o que demonstra a experiente Alessandra. Sempre muito franca nas entrevistas, ela elogiou o novo comandante. “Ele está trabalhando um conceito moderno do basquete. Era o que estávamos precisando”, disse a pivô. “Nosso foco é chegar bem no Mundial e mostrar a cara do Brasil, brigando para ser respeitado. Não fizemos tanto sacrifício para sermos a quarta melhor seleção do mundo e depois despencar”, desabafou a jogadora, que retornou à seleção no ano passado e encara em 2010 seu quinto Mundial, aos 37 anos de idade. “Espero passar um pouco da minha experiência para as mais jovens, lembrando os erros que aconteceram no passado, para que não se repitam”, prometeu a jogadora do Sepsi, da Romênia.

Uma das que certamente receberão os “conselhos” de Alessandra é Franciele, pivô de 22 anos e destaque na Copa América de 2009. Ela afirma estar pronta para encarar seu primeiro mundial na carreira. “Aprendo a cada dia com as mais velhas. Falta muito ainda para chegar à perfeição, mas continuo trabalhando duro para isso, pois sei que muita gente aposta em mim”, disse a atleta do Burgos, da Espanha.

Fonte: Folha de Alphaville