sexta-feira, 18 de abril de 2008

Iziane comemora primeiras férias em mais de três anos

Carolina Canossa

Osasco (SP) - Principal nome da seleção brasileira feminina de basquete para a disputa do Pré-Olimpíco Mundial de Madri, em junho, a ala Iziane Marques finalmente pôde curtir férias nas últimas semanas. Emendando atuações por equipes norte-americanas e européias, além de defender o Ourinhos e a seleção brasileira, nos últimos três anos a atleta se contentou com alguns dias de folgas entre uma apresentação e outra.
Preparando-se para embarcar para os Estados Unidos, onde irá defender o Atlanta Dream na próxima temporada da WNBA, Iziane revelou que a pausa não foi exatamente uma opção. Ela não entra em quadra desde o dia 3 de março, quando o Ourinhos conquistou o título do Nacional feminino de basquete - na ocasião, entretanto, pouco atuou, por conta de uma lesão na clavícula.

“O período de descanso foi ótimo. Eu até mesmo estava a ponto de voltar defender o TT Higa, da Letônia, mas acabou não dando certo por causa do prazo de inscrição. Então, pensei: “Tudo bem, vou para casa descansar uns 40 dias, pois 2008 vai ser um ano puxado”. Aproveitei ao máximo: fui para São Luís, onde revi minha família, meus amigos e aproveitei o clima”, afirmou a jogadora. “Mas não descudei do físico”, avisou a ala, visivelmente em forma.

Mas qual seria o motivo de emendar tantos jogos na sequência? Com passagens pelo Miami Sol, Phoenix Mercury, Seattle Storm, Yaya Maria Breogán, Perfumerias Avenida, Aix Basket, B. C. Euras Ekaterimburg, Spartak Moscow Region e TT Riga, nem Iziane parece saber direito. “Eu vou conforme a maré. Não escolho nada. Às vezes acabo em uma oportunidade de fazer outra coisa melhor, então vou aceitando e levando. Por isso, acabo indo para muitos lugares, jogando em diferentes equipes, descansando em períodos curtos. Eu aproveito as oportunidades”, analisou.

A ex-atleta Magic Paula tem outro palpite. “Quando a nossa geração jogava, o clube contratava e você tinha a certeza que iria jogar 12 meses por ele. Mas agora é feito um Campeonato Brasileiro que dura dois meses, de forma que fica difícil um clube pagar um atleta por um ano para jogar somente por esse tempo. Todo mundo tem que jogar fora do Brasil porque é questão de sobrevivência. Não dá para jogar aqui só porque é brasileiro e se tem amor à camisa. Ser jogadora de basquete é uma profissão e as meninas tem que buscar esse espaço mesmo”, avaliou.

As férias também foram aproveitadas por Iziane para que a lesão na clavícula fosse tratada. “Já melhorei bastante e estou quase 100% recuperada. Há 40 dias faço fisioterapia, mas espero esta semana já esteja zerada para voltar aos Estados Unidos”, explicou Iziane, que domingo participa da apresentação da nova temporada da WNBA. Em seguida, ela inicia a disputa da pré-temporada, enquanto a competição mesmo começa em 17 de maio. O primeiro jogo do Atlanta será contra o Connecticut.

Com tantos compromissos, a jogadora garante que somente se concentrando em um compromisso por vez é possível obter um bom rendimento dentro de quadra. “Com WNBA, Pré-Olímpico e, se Deus quiser Olimpíadas, temos que fazer tudo por etapas. Minha cabeça está na WNBA até junho. Assim que eu for para Madri, volto minha atenção para a obtenção da vaga. Tem que ser assim: se eu estiver em Atlanta pensando na jogada da seleção, não vai dar certo”, acredita.

Pelo menos uma dor de cabeça Iziane fez questão de evitar: a liberação para a disputa do Pré-Olímpico está acertada com os dirigentes do Atlanta. “Isso já foi colocado desde o ano passado, quando eu ainda estava no Seatlle Storm. E antes de a minha transferência para o Atlanta se concretizar, meu agente informou que teria o Pré-Olímpico. A única negociação é quando eles vão me liberar”, garantiu. Para ela, a primeira fase do Pré-Olímpico será tranquila. “Praticamente as Ilhas Fiji estão fora da fase de classificação. O cruzamento então será essencial para a gente e deve vir Cuba ou Bielo-Rússia. Se ganhar, já temos a vaga e é isso que vamos buscar”, promete.

Antes, porém, Iziane quer começar a cavar um lugar maior ao Sol no cenário norte-americano. “Apesar de ter saído de uma equipe que chegava em todos os playoffs, no Atlanta eu vou ter muito mais espaço para jogar, até mesmo porque a própria técnica (Marynell Meadors) me conhece e me levou para lá. É um outro momento da minha carreira na WNBA. Sei que vai ser mais difícil chegar em um playoff ou ganhar a liga do que seria em Seatlle, mas que quero dar o meu melhor a cada jogo e me destacar sempre que puder”, finalizou.

Magic Paula critica iniciativa da Supercopa masculina

Carolina Canossa

Osasco (SP) - Torneio paralelo criado pelos times paulistas em detrimento no Campeonato Nacional de basquete masculino, a Supercopa não conta com o apoio de um dos principais nomes do esporte brasileiro. Para Magic Paula, a iniciativa da Associação de Clubes de Basquete (ACB), mostra apenas a desunião das pessoas envolvidas com a modalidade, visto que, na opinião dela, a disputa não traz nada de novo.
“Eles não estão fazendo nada de difente do que a Nossa Liga de Basquete (NLB) propôs. Não sei se foi pelo comando do Oscar, se pelo fato de alguns não terem participado, mas esses mesmos clubes quebraram a proposta da Nossa Liga no meio. Dois anos depois, fazem uma associação com os mesmos objetivos da liga. Isso só mostra como o basquete é segmentado e as pessoas não se unem para mudá-lo. Cada um fica achando que vai descobrir a roda”, criticou a ex-jogadora.

Criada em março de 2005 por clubes, personalidades e dirigentes que não concordavam com as decisões da administração de Gerasime Bozikis, o Grego, no comando da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), a Nossa Liga pregava a transparência e a administração profissional para que a modalidade voltasse a atrair patrocinadores e o interesse do público e da mídia. Porém, mesmo contando com o envolvimento direto de Hortência, Paula e Oscar Schmidt, a proposta fracassou por conta da desistência gradativa dos clubes envolvidos, descontentes com algumas decisões tomadas nos bastidores.

“Nossa idéia era estar junto para fortalecer, tanto que eu, a Hortência e o Oscar até perdemos tempo por isso. Mas espero que a Supercopa possa dar continuidade aos projetos da Nossa Liga, apesar de já ter começado rachada, visto que só conta com paulistas. Enquanto o basquete não mudar essa cultura e enxergar as coisas de uma forma diferente, que sejam boas para o esporte e não para cada um, ficará difícil”, avalia.

Na opinião de Paula, a situação das seleções brasileiras também não é muito melhor. Pelo contrário. “Ninguém tem bola de cristal para fazer previsões sobre os Pré-Olímpicos, mas se pegarem um filme de quatro anos atrás vou estar falando a mesma coisa. Um time que quer classificação olímpica tinha que estar treinando e a gente nem se apresentou ainda. São os mesmos problemas de sempre. Se ganharmos será pelo esforço individual de cada atleta e da comissão técnica. Não fizeram o que deveria ser feito”, disparou.

Ela, porém, acredita que um ano ruim para as seleções nacionais terá o seu lado positivo. “Ir a uma Olimpíada pode encobrir algo que não está sendo feito de legal. Talvez não chegar onde está pré-determinado seja uma forma de cair a ficha de que nós precisamos mudar. Enquanto ficarmos dependendo só dos talentos, os dirigentes vão achar que está tudo bem, mas este é um problema crônico de 20 anos”, lamentou.


Fonte: Gazeta Esportiva

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