sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Camisa de aluguel?

Fábio Balassiano

Lembro-me muito bem do time campeão brasileiro de 1998. Comandadas por Antonio Carlos Vendramini, Vedrana, Vicky Bullet, Silvinha, Jaqueline e Marta ajudaram o “Fluminense” a levantar o caneco do primeiro Nacional Feminino da CBB. Uma semana depois, porém, o elenco foi destituído. Não participou do Estadual do ano seguinte, nem defendeu troféu no em 1999.

Sete anos depois, a diretora daquele time, Hortência, acena com uma volta no tempo, agora ancorada na camisa do Botafogo. Não sou contra a entrada de times de futebol no basquete. Contudo, sou definitivamente opositor do modelo proposto. O que o Flu de 1998 ganhou, em termos de desenvolvimento da modalidade? Para ficar apenas em um exemplo: quem conhece o ginásio das Laranjeiras sabe que uma reforma por ali não é vista há, no mínimo, 15 anos.

De acordo com Hortência, o projeto atual é diferente daquele do século passado: “O projeto para esportes olímpicos do Bebeto de Freitas (presidente) é audacioso e visa a possuir todas as modalidades em alta, com times fortes. O Botafogo, pelo que ele me contou, conta com boa estrutura de base. Eu seria apenas a diretora do basquete, com um modelo de gestão diferenciado”, disse Hortência com exclusividade ao Rebote, lembrando que jogadoras de peso já estão sendo contatadas para o elenco.

Hortência e Bebeto de Freitas acenam com a entrada na segunda edição da NLB, torneio em que a Rainha é vice-presidente de Marketing. A declaração do presidente alvinegro, no entanto, deixa dúvidas de que não se trata de um projeto-modelo-estrutura tampão: “Será importante para o Botafogo divulgar o seu nome através do basquete feminino”. Acho que está claro que o primeiro a sair perdendo é o basquete brasileiro, uma vez mais.

Onde ficam a revelação de novos atletas, o circuito nacional de base, a criação de uma identificação com a camisa ou cidade (para usar um termo marqueteiro, marca) e o comprometimento que esta parceria será mantida por outros campeonatos? De acordo com palavras de Bebeto, se um patrocinador, por exemplo, do vôlei acenar com uma proposta mais rentável, o Botafogo migra de esporte com a mesma facilidade com que formulou uma proposta como esta.

De idéia renovadora, sempre apoiada neste espaço, a NLB parece querer incorrer nos mesmos erros de gerência, gestão e modelo da CBB. Com um campeonato feminino bem mais forte do que o da instituição rival, a Liga de Oscar não deveria assinar um pacto com o retrocesso.


Fonte: Rebote

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