Ouro de tolo
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
O time de Ourinhos fecha amanhã no embalo o returno do Nacional. Ganhou as 15 partidas até aqui. Tem o melhor ataque, a melhor defesa, a maioria das jogadoras da seleção que (ainda) não buscaram abrigo no exterior e o craque da competição, a pivô cubana Lisdeivi.
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
O time de Ourinhos fecha amanhã no embalo o returno do Nacional. Ganhou as 15 partidas até aqui. Tem o melhor ataque, a melhor defesa, a maioria das jogadoras da seleção que (ainda) não buscaram abrigo no exterior e o craque da competição, a pivô cubana Lisdeivi.
Como se vê, não faltam motivos para Antonio Carlos Vendramini comemorar. O técnico, porém, proibiu os fogos de artifício.
Não, ele não veio com aquele papo malicioso de treinador, de que "tudo muda nos mata-matas", "é outro campeonato", "todo adversário merece respeito".
Não, Vendramini não quis fazer esse "hedge", se proteger de um eventual e desastroso tropeço.
Ele desautorizou a festa justamente porque espera poucas dificuldades para levantar a taça. Porque tem a consciência de que o torneio da CBB é muito ruim.
Com a credibilidade que a liderança invicta lhe confere, o veterano técnico esvaziou o discurso, chapa branca, de que a Nossa Liga, que corre paralelamente ao Nacional, não vai emplacar porque seu nível técnico é baixo.
Seguem trechos da corajosa entrevista do treinador ao site www.abcdoesporte.com, uma lição de lucidez e sinceridade e um manifesto muito firme em defesa de um interclubes autônomo:
"A confederação pouco se importa. Fez um Nacional de 60 dias, expondo as jogadoras a lesões pela maratona de jogos e viagens. Não dá a devida importância ao basquete feminino, que é quem na última década trouxe medalhas para o Brasil.
"Com a chegada da Nossa Liga, ouvimos um monte de promessas. Mas não aconteceu absolutamente nada. O campeonato continua exatamente como era.
"É ruim você ter uma grande equipe nas mãos e ver times com a história que têm Santo André, São Caetano e Guarulhos com problemas financeiros para se manter na competição.
"Já fiz muitos clássicos nacionais contra a equipe da Laís Elena e com muita tristeza vejo Santo André e muitas outras equipes com esse tipo de problema.
"Meu filho tem uma empresa que busca patrocínios para equipes. Para Ourinhos é mais fácil, porque é uma equipe campeã. Estamos tentando buscar patrocínio para outras também, mas temos uma dificuldade tremenda.
"Não existe mais paternalismo. O patrocinador quer saber o retorno que terá, qual a televisão que vai transmitir o torneio. Mas não temos data, não temos nada. Fazemos um projeto para 2006 e não temos dados -nem quais nem quantas equipes vão participar. Assim fica difícil buscar parceiros. Temos procurado empresas locais, regionais. Buscar grandes empresas, com um campeonato desse nível, é impossível.
"Até solicitei ao presidente do meu clube para que tomasse a iniciativa de reunir os clubes do basquete feminino, que não são muitos, e reivindicar uma contrapartida de forma mais forte.
"Ou fazer nosso próprio campeonato, pois somos nós que pagamos os árbitros, os atletas e a hospedagem. Se pagamos tudo, então por que não fazemos o nosso próprio campeonato?"
Pó 1
A menos de um ano do Mundial de São Paulo, a CBB ainda não tem o plano para repatriar os principais nomes da seleção. Érika e Helen (Barcelona) e Janeth e Alessandra (Valencia) duelam na Catalunha. Iziane brilha na República Tcheca; Karla, na Polônia. Tuiú e Graziane caçam rebotes na Itália. O técnico da equipe? Despacha em Bauru.
Pó2
Muitos campeonatos femininos oficiais do país, de base e adultos, tiveram de jogar em 2005 com a bola masculina, maior e mais pesada.
Pó 3
Pó 3
Gente bem informada aposta que o cisma do basquete (CBB x Nossa Liga) será o primeiro caso da Corte Arbitral do Comitê Olímpico.
E-mail melk@uol.com.br
Folha de São Paulo
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