segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

Após sucesso no exterior, técnica Maria Helena volta ao Brasil

Homenageada recentemente pela Nossa Liga de Basquete, a competente treinadora fala sobre o futuro do basquete



A ex-treinadora da seleção feminina de basquete, Maria Helena Cardoso, está de volta ao Brasil. Após duas temporadas na Espanha, Maria Helena pretende, pelo menos por enquanto, rever os amigos e curtir a família. E é isso que tem feito nos últimos meses em Piracicaba.
Ao lado de grandes estrelas do basquete feminino como Norminha e Heleninha, Maria Helena viveu uma geração vencedora do esporte nas décadas de 1960 e 1970.
Trabalhando como técnica há 25 anos, Maria Helena leva para suas atletas toda a experiência e aprendizado com suas vitórias e derrotas, ao longo de diferentes fases do esporte no Brasil.
Recentemente, ela comandou o time do Mendibil, de Hondarribia, cidade do país Basco, de 15 mil habitantes, que faz parte da Baía de Txingudi.
Quando chegou em 2003, a equipe havia subido para a 1ª Divisão. “A proposta era se manter (na elite) e foi uma campanha bastante proveitosa”, disse a técnica. Embora em 2004 o desejo fosse voltar ao Brasil, foi convencida de ficar mais um ano.
“Meu lar sempre foi Piracicaba, com a família. Eu trabalhava fora, mas nas folgas estava em Piracicaba”, disse. O momento agora, disse ela, é de viver, não fazer “muitos planos para o futuro”, ficar sem trabalhar com o basquete, “embora permanecendo nesse ambiente”.
Em relação ao basquete brasileiro, Maria Helena vê um cenário de dificuldades. “O basquete feminino brasileiro tem 30 atletas na Europa. No Brasil há dificuldades financeiras para se manter uma boa estrutura. Meu tempo de ‘carregar piano’ já passou; acho que isso é para os mais jovens agora, mas estou disponível para ajudar”, disse a treinadora.
Em sua análise, a tevê aberta é a grande parceira para qualquer tipo de esporte. O basquete seria beneficiado com uma parceria mais consistente com a tevê. “Tudo que é na TV, vende. Os patrocinadores dependem de divulgação e resultados. Por outro lado, é preciso que as melhores jogadoras não deixem o país. “Atualmente só estamos com a Micaela e a Janete de grande expressão no Brasil”, disse Maria Helena. “Tudo depende de um bom produto, sem isso não há marketing”, disse.
Maria Helena reconhece que é difícil montar um grande time, ter jogadores de expressão e com isso “um bom produto” para convencer patrocinadores e estar na televisão.
A ex-técnica da seleção lembra que no tempo em que montou o Projeto BCN Esportes, reconhecido como um dos mais importantes do país na formação de atletas, em 1987, em Piracicaba, a dedicação também foi árdua.
“A Branca (Maria Angélica Gonçalves, técnica da Unimep) está lutando como no passado e é uma pena que depois de tanto tempo o empresariado ainda não percebeu a importância do nosso basquete”, disse.

NOSSA LIGA - Para Maria Helena, o surgimento da NLB (Nossa Liga de Basquete) –– entidade mantida pelo trio de estrelas do basquete, Oscar, Magic Paula e Hortência –– é importante, mas o ideal seria um trabalho conjunto com a CBB (Confederação Brasileira de Basquete).“Já é difícil trabalhar juntos, se dividir vai ser ainda pior. A Nossa Liga quer divulgar o basquete, mas não há entendimento com a CBB. Na Espanha, por exemplo, existe uma entidade paralela e a oficial. As duas trabalham juntas, mas no Brasil as possibilidades financeiras são pequenas para haver uma divisão. O basquete nacional precisa que alguém o organize. À CBB caberia cuidar das seleções e da formação de jogadores. O basquete doméstico nosso não tem projeto de formação consistente de jogadores. Os campeonatos de base são ingênuos”, disse Maria Helena.

RAIO-X - A história de Maria Helena Cardoso se confunde com a história do basquete brasileiro. A treinadora e ex-jogadora dedica-se há quase 50 anos à modalidade e teve participação ativa na criação do então Projeto BCN Esportes, reconhecido como um dos mais importantes do país na formação de atletas, em 1987, em Piracicaba. Maria Helena e sua auxiliar técnica, Maria Helena Campos, a Heleninha, foram responsáveis pela revelação e a consolidação de carreiras de atletas campeãs como Magic Paula, Vânia Teixeira, Vânia Hernandez, Nádia, Branca, Ruth, Janeth, Alessandra, entre muitas outras.
Paulista de Descalvado, Maria Helena defendeu a seleção brasileira em 153 partidas, disputou quatro Campeonatos Mundiais, participou de três Jogos Pan-Americanos e seis Campeonatos Sul-Americanos.
Como jogadora, Maria Helena foi heptacampeã dos Jogos Abertos do Interior (Piracicaba), ouro nos Jogos Pan-Americanos de Cáli (Colômbia) em 71 (seleção brasileira). Como técnica, foi campeã paulista (Piracicaba 1985, 1986; BCN Osasco - 1997 e1998), carioca e brasileira (Vasco em 2001), e mundial (BCN Osasco em 1998).


Fonte: Jornal de Piracicaba

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