terça-feira, 11 de outubro de 2005

Brasil, 14º do mundo, fala em ser campeão mundial em 2006

Lello Lopes
Em São Paulo

O Brasil, que ocupa apenas a 14ª colocação no ranking mundial masculino de basquete, ficou de fora das duas últimas edições das Olimpíadas. Mesmo assim, fala em conquistar o título mundial no ano que vem, no Japão.

"Quem pensa em ser primeiro pode ser primeiro, segundo ou terceiro. Quem pensa em ser quarto não fica entre os primeiros", justifica o presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Gerasime Bozikis, o Grego. "Temos que acreditar no título porque se não acreditarmos a gente não consegue", completa.

Apenas como comparação, seria a mesma coisa a Dinamarca, 14ª colocada no ranking da Fifa, dizer que pode ganhar a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. Mas diferentemente do Brasil, os dinamarqueses ainda precisam carimbar o passaporte para o Mundial.

Apesar da pretensão da seleção brasileira, os últimos resultados não são animadores. A equipe fracassou nas últimas grandes competições que disputou. O time não conseguiu se classificar para os dois últimos Jogos Olímpicos e no Mundial passado, em 2002, ficou numa modesta oitava colocação. Campeão do mundo em 1959 e 1963, o Brasil não sobe ao pódio no torneio desde o terceiro lugar nas Filipinas, em 1979.

"No masculino temos condições de ficar no mesmo nível de Argentina e Estados Unidos. Ganhamos a Copa América (na República Dominicana, em setembro) com folgas. E a equipe está se formando. Aliado a isso está o que vimos em Belgrado (na disputa do Campeonato Europeu), com a sensação de que o Brasil, Argentina e Estados Unidos estão um nível acima das equipes européias", disse Grego.

A conquista da Copa América foi bastante comemorada pela seleção, apesar dos principais rivais, Argentina e Estados Unidos, terem levados equipes que estão longe de serem consideradas titulares. "O Brasil também não pôde contar com alguns de seus principais jogadores", rebate Grego, citando Nenê (que, em protesto, decidiu não jogar), Baby (machucado) e Anderson Varejão (que se contundiu no início do torneio).

No feminino, o sonho de pódio não é tão distante. Mesmo com o resultado ruim no último Mundial, o sétimo lugar, a seleção brasileira ainda está entre as melhores do mundo. A equipe, quarta colocada nos Jogos Olímpicos de Atenas, ocupa a quarta posição no ranking mundial. E tem a vantagem de jogar em casa. "No feminino o nível continua o mesmo", diz Grego. "O (técnico) Barbosa vai ter uma boa possibilidade nas mãos."

O grande problema do feminino é saber onde o Mundial será disputado. O Rio de Janeiro, que seria a principal sede do evento, ainda não sabe se vai poder abrigar a competição. A reforma do ginásio do Maracanãzinho corre o sério risco de não ficar pronta a tempo de receber a disputa, em setembro do ano que vem. São Paulo, que no programa original receberia uma das sedes, e Belo Horizonte são opções caso do Rio não consiga abrigar o torneio.

CBB veta jogadores de times "rebeldes" na seleção brasileira

Lello Lopes
Em São Paulo

O Brasil se coloca na condição de um dos favoritos ao título do Campeonato Mundial de basquete em 2006, tanto no masculino (no Japão) quanto no feminino (em casa). Mas não vai poder contar com força máxima. Nesta terça-feira, em São Paulo, a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) informou que nenhum atleta que disputar a Nossa Liga de Basquete (NLB), campeonato dissidente criado por Oscar, vai ser convocado para defender a seleção brasileira, aumentando ainda mais o racha no esporte.

"A Fiba (Federação Internacional de Basquete) não permite que jogadores que estejam em competições que não são reconhecidas (caso da NLB) estejam na seleção. A CBB apenas segue a determinação da Fiba. A NBA, muitos anos atrás, também não participava das Olimpíadas e Mundiais porque não era oficial. Então, eles tiveram que se enquadrar para poder disputar competições oficiais", justificou Gerasime Bozikis, o Grego, presidente da CBB.

O dirigente, inclusive, usou o exemplo de 'rival' Oscar para ilustrar a situação. "O Oscar, em sua carreira de jogador, fez uma opção de não ir para a NBA para poder jogar pela seleção. Agora estamos vivendo a mesma situação."

O técnico da seleção masculina, Lula Ferreira, afirma que a impossibilidade de contar com os jogadores das 18 equipes que vão disputar a NLB não vai prejudicar a seleção.

"Você pode convocar todos os jogadores que tecnicamente estejam aptos a defender a seleção brasileira, mas que não tenham nenhum impedimento legal. Sempre foi assim, não é nenhuma novidade. Se ele não tiver legalidade eu posso convocar, mas ele não pode jogar. Isso não vai atrapalhar", disse Lula.

Da seleção que conquistou o título da Copa América, em setembro, apenas um defendia um time da NLB: Marcelinho, da Telemar. Entretanto, o jogador já deixou a equipe. Ele vai disputar o próximo Nacional pelo Unitri/Uberlândia.

"Temos um universo de 20 atletas (convocáveis para a seleção) e neste momento não vejo nenhum, ou apenas um, na outra liga. Se tiver uma estrela (na NLB) vamos lamentar muito a não convocação, mas neste momento não temos problema", analisa Grego.

A decisão de vetar a participação dos atletas da NLB na seleção é mais um round da briga entre a CBB e a liga presidida por Oscar. Na semana passada, a Confederação confirmou que nenhum clube que disputasse a NLB poderia participar também do Nacional masculino de basquete, que começa em dezembro.

Alguns clubes ameaçaram entrar na Justiça para garantir participação nos dois torneios, usando como base os regulamentos dos campeonatos estaduais, que servem de classificatório para o Nacional. A CBB não teme uma batalha judicial. "O Nacional vai continuar sendo disputado sem ter problemas jurídicos. Quem fala não faz", afirma Grego.

Na semana passada, a NLB divulgou a tabela e a fórmula de disputa de seu primeiro campeonato. O torneio, que segue os moldes da NBA e do Campeonato Italiano, terá 18 equipes e começará no dia 25 de outubro. Já o Nacional masculino, em sua 17ª edição, só começará em dezembro. O número de participantes e a fórmula de disputa ainda não foram definidas.


Fonte: UOL

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