Grego festeja "colheita" e vê chance de união
Vicente Toledo Jr.
Enviado especial do UOL
Em Santo Domingo (República Dominicana)
Atravessando o momento mais conturbado de seus nove anos na presidência da CBB (Confederação Brasileira de Basquete) - com racha entre os clubes, oposição crescente e necessidade de resultados -, Gerasime Bozikis, o Grego, comemorou no último domingo a conquista da Copa América pela seleção masculina.
O título, feito inédito na história do basquete nacional, é o primeiro do dirigente após ser reeleito pela segunda vez para o cargo que assumiu em 1997 e, segundo o próprio Grego, demonstra que o Brasil começou a colher os frutos da renovação que custou ao país a participação nas Olimpíadas de Atenas.
A boa campanha no torneio de Santo Domingo - um teste, ainda que menos exigente, para o Pré-Olímpico de 2007 - é vista pelo presidente como uma oportunidade para unificar o cenário da modalidade no país, rachado com a criação de uma liga independente de clubes, que tem apoio das maiores estrelas do basquete brasileiro, tanto atuais como do passado.
Ainda na quadra do ginásio Virgilio Travieso Soto, momentos depois da vitória brasileira sobre a Argentina na decisão (100 a 88), Grego falou ao UOL Esporte sobre o futuro da seleção, os preparativos para os Mundiais de 2006 e sua disposição em "aglutinar" forças para o bem do basquete nacional.
UOL Esporte: O que significa esse título da Copa América para o futuro do basquete brasileiro?
Grego: É uma demonstração de que nós estamos no caminho certo, de que pagamos o preço da renovação no último Pré-Olímpico, mas a retribuição já veio aqui, e de que essa equipe e essa comissão técnica demonstraram uma coisa que faltava há algum tempo no nosso país: o amor pela camisa amarela e a vontade de jogar pela seleção. Isso não tem preço, isso não tem valor, não tem nada que possa pagar a vontade e o coração desses meninos. É um caminho novo que nós estamos seguindo agora, começando esse ciclo olímpico com o pé direito. Custou muito, mas agora começam vir as retribuições e os frutos.
UOL Esporte: E como será planejada a preparação para o Mundial e para o restante do ciclo olímpico?
Grego: Já está tudo planejado com a comissão técnica e com os próprios jogadores. No ano que vem nós vamos disputar o Sul-Americano com uma equipe um pouco mais jovem porque os jogadores da NBA e da Europa não podem ficar vindo a todo momento. Depois, vamos mostrar a equipe que vai ao Mundial para o nosso povo, fazendo partidas internacionais no Brasil. Em seguida, vamos para a Europa jogar na Grécia, na Espanha ou na Itália na última fase de preparação, quebrar um pouco o fuso horário e, de lá, nós vamos para o Japão. Eu devo ir à Iugoslávia daqui a uns 15 dias, depois da Copa América feminina, que também será aqui na República Dominicana, para acabar de fechar esses acordos. Em 2007, teremos o Pan-Americano no nosso país, no Rio de Janeiro, e vamos tentar levar para o Rio também o Pré-Olímpico, continuando a festa do Pan. E, se tudo correr bem, estaremos novamente na Olimpíada em 2008. É um caminho difícil, com muitos obstáculos, mas nós vamos passo a passo.
UOL Esporte: O senhor acredita que a seleção brasileira terá todos os seus principais jogadores à disposição para o Mundial no ano que vem? A CBB vai conseguir reunir o que há de melhor no basquete brasileiro?
Grego: Todos virão. Eles têm um amor pela camisa. Todos os clubes liberaram seus jogadores. Os que não vieram aqui foi por problemas de contusão, como aconteceu com o Rafael Araújo, que joga no Toronto. Ele teve um problema muito sério na vista, já estava machucado nos amistosos, mas jogou. O Estevam teve problemas pessoais que nós temos que respeitar nesse momento. E também perdemos o Anderson, que já foi operado e está se recuperando bem. Eu acho que todos os que estiveram aqui vieram com vontade, e os que não puderam foi por problemas físicos somente. Todos foram liberados pelas suas equipes e estarão prontos para a próxima temporada.
UOL Esporte: Mas o senhor deixou de fora o Nenê. Ele vai jogar o Mundial? O senhor vai conseguir convencê-lo a defender a seleção brasileira?
Grego: Eu não tenho que convencer nenhum jogador a jogar. Muito pelo contrário. O jogador é que tem que ter vontade de jogar pela seleção. O Nenê enviou uma carta para a Confederação Brasileira de Basketball e, para mim, ela é que vale. Nela ele diz que agradecia ao Lula pela convocação, ia torcer pelos colegas dele, ia vibrar muito com o nosso sucesso, no que ele acreditava, mas que não se sentia bem, estava machucado, lesionado e precisava descansar para a próxima temporada. É nisso que nós acreditamos. O que foi dito e as outras coisas, eu, sinceramente, leio e escuto, mas acredito naquilo que ele falou por escrito, oficialmente, para a CBB.
UOL Esporte: Então o senhor conta com ele para o ano que vem?
Grego: Eu conto com aqueles jogadores que têm vontade de defender a camisa brasileira. Se ele tiver vontade, obviamente as portas estarão abertas.
UOL Esporte: O senhor acha que essa vitória na Copa América pode ser uma oportunidade para unificar o basquete nacional e encontrar uma saída para o momento de divisão que ele atravessa?
Grego: Sem dúvida nenhuma. Primeiro, essa vitória vai contribuir para mostrar que há competência da comisão técnica e do jogadores. Segundo, vai mostrar que estamos fazendo um trabalho sério, às vezes ele não aparece tanto na base, mas que ficou comprovado com essa vitória. E terceiro, vai mostrar que o nosso basquete continua sendo um dos melhores do mundo. Tivemos alguns percalços, alguns períodos ruins, isso é inegável. Mas isso só demonstra que temos de estar todos juntos. Como eu sempre falei, com verdade, as portas da CBB estão abertas. O meu papel de presidente é de aglutinar e somar forças. E todos temos que estar juntos para fortalecer o basquete brasileiro. Agora, temos que respeitar a hierarquia, a existência de uma entidade única, que é a CBB, que tem um presidente. No mais, o resto é um detalhe pequeno. O que importa mesmo é que todos estejamos juntos. A imprensa, os patrocinadores, os grandes astros do passado, esses meninos que estão empolgados e virão com toda a força no ano que vem, todos juntos para desenvolver mais o nosso basquete.
UOL Esporte: Mas o que está sendo feito para melhorar a situação do basquete no Brasil? Não desses jogadores que estão aqui, pois fazem parte de uma elite, mas dos jogadores que ficam meses sem receber salários, que viajam de ônibus, acabam saindo do país e enfraquecendo nosso campeonatos estaduais e nacionais.
Grego: Olha, você está tocando nos pequenos problemas que temos e não vendo as coisas boas. Mas vamos lá. Fizemos 16 campeonatos brasileiros, o próximo será o 17º. Viajamos de avião, viajamos de ônibus, viajamos num misto dos dois. E, no último campeonato, passamos por problemas financeiros. Mas as viagens não foram cansativas. Tivemos outros problemas, com as nossas equipes indo para as finais da Liga Sul-Americana, então apertou muito o calendário. Por isso, algumas equipes tiveram que jogar dois dias seguidos. Nesse ano, o campeonato vai acontecer em dezembro, então isso não vai acontecer mais. Agora, o ônibus vai continuar. Vamos usar o transporte místo. Tem viagens que não podem ser feitas de avião. Os ônibus das equipes são excelentes, todo mundo se adaptou, são ônibus de luxo. É claro que tem viagens que precisam ser de avião, e elas vão ser feitas. Tudo isso que aconteceu com jogadores sem falta de pagamento, clubes com dificuldades financeiras, foi uma lição. Os clubes passaram por isso, a própria CBB também. Agora temos uma nova comissão executiva que vai estabelecer novas regras que os clubes terão de cumprir. E a CBB vai proteger os clubes de um lado e jogadores de outro. E esses jogadores que vão para o exterior abrem espaço para outros que vão surgindo. Há muita gente boa jogando basquete no Brasil, cada um que sai, três quatro surgem.
UOL Esporte: Tendo em vista que o Brasil será a sede do Mundial feminino daqui a um ano, como o senhor avalia a organização dessa Copa América? Que lições esse torneio pode oferecer ao nosso país para 2006?
Grego: Nós já tivemos duas experiências aqui, pois estivemos em Santo Domingo nos Jogos Pan-Americanos, em que também fomos campeões. Os dominicanos são muito bacanas, gostam de nós e são trabalhadores. Eles têm as suas dificuldades, mas têm um belo ginásio. E a desclassificação deles acabou afastando o público, mas foi um torneio muito bem organizado, os hotéis são bons, treinamos bem, não temos nada do que nós queixarmos. E essa terra nos dá sorte. Já ganhamos o Pan e agora a Copa América. Em termos de observação, o Paulo Villas Boas do COB estava aqui observando. Nós sabemos que temos muito trabalho pela frente ainda, não só para o Mundial feminino de 2006, mas também para o Pan de 2007. Temos que arregaçar as mangas e seguir trabalhando, temos muito o que fazer ainda, muito mesmo, não temos 24 horas para descansar.
UOL Esporte: O Rio de Janeiro está confirmado como uma das sedes do Mundial feminino? O Maracanãzinho vai ficar pronto a tempo ou existe a possibilidade de a competição ser transferida para uma outra cidade?
Grego: Temos a garantia da governadora Rosinha Garotinho de que o Maracanãzinho será entregue no final de maio de 2006, no máximo início de junho. Temos também a garantia do governador de São Paulo (Geraldo Alckmin) e do Lars Grael (secretário estadual de esportes) de que falta pouca coisa para se fazer no Ibirapuera, a colocação do piso, que é coisa de 60 dias. Então, acredito eu que vamos ter o Mundial feminino como estava planejado. A primeira fase será em São Paulo, e a fase final, no Rio de Janeiro.
FICHA
Nome completo:
Gerasime Nicolas Bozikis
Apelido: Grego
Cargo:
Presidente da CBB
Perfil: Nascido na Grécia, Gerasime Bozikis chegou ao Brasil com a família quando tinha 16 anos. Fez carreira como jogador e dirigente, até chegar à presidencia da Confederação Brasileira de Basquete, em 1997, quando desbancou Renato Britto Cunha, que havia ficado oito anos no comando da entidade.
Em seu primeiro mandato, teve como principal conquista a medalha de bronze da seleção feminina nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, embora a equipe masculina tenha ficado de fora da competição. No ano seguinte, foi reeleito para um segundo mandato, que acabaria sendo marcado pela decadência da modalidade no país.
Com clubes falidos, escassez de estrelas e seleções colecionando fracassos - a não ser em torneios regionais de menor expressão -, o basquete foi perdendo espaço para outras modalidades e desapareceu da mídia. O Brasil voltou a ficar de fora do torneio olímpico masculino em Atenas, terra natal do presidente, e não conseguiu manter a seqüência de medalhas conquistadas pelo time feminino.
Liderados pelo ex-jogador Oscar Schmidt e por outras grandes estrelas do basquete brasileiro como Hortência, Paula e Janeth, alguns dos principais clubes do país criaram uma liga independente para organizar um novo campeonato nacional e criaram um racha na modalidade.
Mas mesmo enfrentando a maior oposição de seus oito anos à frente da CBB, Grego voltou a ser reeleito em maio deste ano e ficará no cargo até o final de 2008, ganhando a oportunidade de organizar o basquete brasileiro em mais um ciclo olímpico.
Vicente Toledo Jr.
Enviado especial do UOL
Em Santo Domingo (República Dominicana)
Atravessando o momento mais conturbado de seus nove anos na presidência da CBB (Confederação Brasileira de Basquete) - com racha entre os clubes, oposição crescente e necessidade de resultados -, Gerasime Bozikis, o Grego, comemorou no último domingo a conquista da Copa América pela seleção masculina.
O título, feito inédito na história do basquete nacional, é o primeiro do dirigente após ser reeleito pela segunda vez para o cargo que assumiu em 1997 e, segundo o próprio Grego, demonstra que o Brasil começou a colher os frutos da renovação que custou ao país a participação nas Olimpíadas de Atenas.
A boa campanha no torneio de Santo Domingo - um teste, ainda que menos exigente, para o Pré-Olímpico de 2007 - é vista pelo presidente como uma oportunidade para unificar o cenário da modalidade no país, rachado com a criação de uma liga independente de clubes, que tem apoio das maiores estrelas do basquete brasileiro, tanto atuais como do passado.
Ainda na quadra do ginásio Virgilio Travieso Soto, momentos depois da vitória brasileira sobre a Argentina na decisão (100 a 88), Grego falou ao UOL Esporte sobre o futuro da seleção, os preparativos para os Mundiais de 2006 e sua disposição em "aglutinar" forças para o bem do basquete nacional.
UOL Esporte: O que significa esse título da Copa América para o futuro do basquete brasileiro?
Grego: É uma demonstração de que nós estamos no caminho certo, de que pagamos o preço da renovação no último Pré-Olímpico, mas a retribuição já veio aqui, e de que essa equipe e essa comissão técnica demonstraram uma coisa que faltava há algum tempo no nosso país: o amor pela camisa amarela e a vontade de jogar pela seleção. Isso não tem preço, isso não tem valor, não tem nada que possa pagar a vontade e o coração desses meninos. É um caminho novo que nós estamos seguindo agora, começando esse ciclo olímpico com o pé direito. Custou muito, mas agora começam vir as retribuições e os frutos.
UOL Esporte: E como será planejada a preparação para o Mundial e para o restante do ciclo olímpico?
Grego: Já está tudo planejado com a comissão técnica e com os próprios jogadores. No ano que vem nós vamos disputar o Sul-Americano com uma equipe um pouco mais jovem porque os jogadores da NBA e da Europa não podem ficar vindo a todo momento. Depois, vamos mostrar a equipe que vai ao Mundial para o nosso povo, fazendo partidas internacionais no Brasil. Em seguida, vamos para a Europa jogar na Grécia, na Espanha ou na Itália na última fase de preparação, quebrar um pouco o fuso horário e, de lá, nós vamos para o Japão. Eu devo ir à Iugoslávia daqui a uns 15 dias, depois da Copa América feminina, que também será aqui na República Dominicana, para acabar de fechar esses acordos. Em 2007, teremos o Pan-Americano no nosso país, no Rio de Janeiro, e vamos tentar levar para o Rio também o Pré-Olímpico, continuando a festa do Pan. E, se tudo correr bem, estaremos novamente na Olimpíada em 2008. É um caminho difícil, com muitos obstáculos, mas nós vamos passo a passo.
UOL Esporte: O senhor acredita que a seleção brasileira terá todos os seus principais jogadores à disposição para o Mundial no ano que vem? A CBB vai conseguir reunir o que há de melhor no basquete brasileiro?
Grego: Todos virão. Eles têm um amor pela camisa. Todos os clubes liberaram seus jogadores. Os que não vieram aqui foi por problemas de contusão, como aconteceu com o Rafael Araújo, que joga no Toronto. Ele teve um problema muito sério na vista, já estava machucado nos amistosos, mas jogou. O Estevam teve problemas pessoais que nós temos que respeitar nesse momento. E também perdemos o Anderson, que já foi operado e está se recuperando bem. Eu acho que todos os que estiveram aqui vieram com vontade, e os que não puderam foi por problemas físicos somente. Todos foram liberados pelas suas equipes e estarão prontos para a próxima temporada.
UOL Esporte: Mas o senhor deixou de fora o Nenê. Ele vai jogar o Mundial? O senhor vai conseguir convencê-lo a defender a seleção brasileira?
Grego: Eu não tenho que convencer nenhum jogador a jogar. Muito pelo contrário. O jogador é que tem que ter vontade de jogar pela seleção. O Nenê enviou uma carta para a Confederação Brasileira de Basketball e, para mim, ela é que vale. Nela ele diz que agradecia ao Lula pela convocação, ia torcer pelos colegas dele, ia vibrar muito com o nosso sucesso, no que ele acreditava, mas que não se sentia bem, estava machucado, lesionado e precisava descansar para a próxima temporada. É nisso que nós acreditamos. O que foi dito e as outras coisas, eu, sinceramente, leio e escuto, mas acredito naquilo que ele falou por escrito, oficialmente, para a CBB.
UOL Esporte: Então o senhor conta com ele para o ano que vem?
Grego: Eu conto com aqueles jogadores que têm vontade de defender a camisa brasileira. Se ele tiver vontade, obviamente as portas estarão abertas.
UOL Esporte: O senhor acha que essa vitória na Copa América pode ser uma oportunidade para unificar o basquete nacional e encontrar uma saída para o momento de divisão que ele atravessa?
Grego: Sem dúvida nenhuma. Primeiro, essa vitória vai contribuir para mostrar que há competência da comisão técnica e do jogadores. Segundo, vai mostrar que estamos fazendo um trabalho sério, às vezes ele não aparece tanto na base, mas que ficou comprovado com essa vitória. E terceiro, vai mostrar que o nosso basquete continua sendo um dos melhores do mundo. Tivemos alguns percalços, alguns períodos ruins, isso é inegável. Mas isso só demonstra que temos de estar todos juntos. Como eu sempre falei, com verdade, as portas da CBB estão abertas. O meu papel de presidente é de aglutinar e somar forças. E todos temos que estar juntos para fortalecer o basquete brasileiro. Agora, temos que respeitar a hierarquia, a existência de uma entidade única, que é a CBB, que tem um presidente. No mais, o resto é um detalhe pequeno. O que importa mesmo é que todos estejamos juntos. A imprensa, os patrocinadores, os grandes astros do passado, esses meninos que estão empolgados e virão com toda a força no ano que vem, todos juntos para desenvolver mais o nosso basquete.
UOL Esporte: Mas o que está sendo feito para melhorar a situação do basquete no Brasil? Não desses jogadores que estão aqui, pois fazem parte de uma elite, mas dos jogadores que ficam meses sem receber salários, que viajam de ônibus, acabam saindo do país e enfraquecendo nosso campeonatos estaduais e nacionais.
Grego: Olha, você está tocando nos pequenos problemas que temos e não vendo as coisas boas. Mas vamos lá. Fizemos 16 campeonatos brasileiros, o próximo será o 17º. Viajamos de avião, viajamos de ônibus, viajamos num misto dos dois. E, no último campeonato, passamos por problemas financeiros. Mas as viagens não foram cansativas. Tivemos outros problemas, com as nossas equipes indo para as finais da Liga Sul-Americana, então apertou muito o calendário. Por isso, algumas equipes tiveram que jogar dois dias seguidos. Nesse ano, o campeonato vai acontecer em dezembro, então isso não vai acontecer mais. Agora, o ônibus vai continuar. Vamos usar o transporte místo. Tem viagens que não podem ser feitas de avião. Os ônibus das equipes são excelentes, todo mundo se adaptou, são ônibus de luxo. É claro que tem viagens que precisam ser de avião, e elas vão ser feitas. Tudo isso que aconteceu com jogadores sem falta de pagamento, clubes com dificuldades financeiras, foi uma lição. Os clubes passaram por isso, a própria CBB também. Agora temos uma nova comissão executiva que vai estabelecer novas regras que os clubes terão de cumprir. E a CBB vai proteger os clubes de um lado e jogadores de outro. E esses jogadores que vão para o exterior abrem espaço para outros que vão surgindo. Há muita gente boa jogando basquete no Brasil, cada um que sai, três quatro surgem.
UOL Esporte: Tendo em vista que o Brasil será a sede do Mundial feminino daqui a um ano, como o senhor avalia a organização dessa Copa América? Que lições esse torneio pode oferecer ao nosso país para 2006?
Grego: Nós já tivemos duas experiências aqui, pois estivemos em Santo Domingo nos Jogos Pan-Americanos, em que também fomos campeões. Os dominicanos são muito bacanas, gostam de nós e são trabalhadores. Eles têm as suas dificuldades, mas têm um belo ginásio. E a desclassificação deles acabou afastando o público, mas foi um torneio muito bem organizado, os hotéis são bons, treinamos bem, não temos nada do que nós queixarmos. E essa terra nos dá sorte. Já ganhamos o Pan e agora a Copa América. Em termos de observação, o Paulo Villas Boas do COB estava aqui observando. Nós sabemos que temos muito trabalho pela frente ainda, não só para o Mundial feminino de 2006, mas também para o Pan de 2007. Temos que arregaçar as mangas e seguir trabalhando, temos muito o que fazer ainda, muito mesmo, não temos 24 horas para descansar.
UOL Esporte: O Rio de Janeiro está confirmado como uma das sedes do Mundial feminino? O Maracanãzinho vai ficar pronto a tempo ou existe a possibilidade de a competição ser transferida para uma outra cidade?
Grego: Temos a garantia da governadora Rosinha Garotinho de que o Maracanãzinho será entregue no final de maio de 2006, no máximo início de junho. Temos também a garantia do governador de São Paulo (Geraldo Alckmin) e do Lars Grael (secretário estadual de esportes) de que falta pouca coisa para se fazer no Ibirapuera, a colocação do piso, que é coisa de 60 dias. Então, acredito eu que vamos ter o Mundial feminino como estava planejado. A primeira fase será em São Paulo, e a fase final, no Rio de Janeiro.
FICHA
Nome completo:
Gerasime Nicolas Bozikis
Apelido: Grego
Cargo:
Presidente da CBB
Perfil: Nascido na Grécia, Gerasime Bozikis chegou ao Brasil com a família quando tinha 16 anos. Fez carreira como jogador e dirigente, até chegar à presidencia da Confederação Brasileira de Basquete, em 1997, quando desbancou Renato Britto Cunha, que havia ficado oito anos no comando da entidade.
Em seu primeiro mandato, teve como principal conquista a medalha de bronze da seleção feminina nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, embora a equipe masculina tenha ficado de fora da competição. No ano seguinte, foi reeleito para um segundo mandato, que acabaria sendo marcado pela decadência da modalidade no país.
Com clubes falidos, escassez de estrelas e seleções colecionando fracassos - a não ser em torneios regionais de menor expressão -, o basquete foi perdendo espaço para outras modalidades e desapareceu da mídia. O Brasil voltou a ficar de fora do torneio olímpico masculino em Atenas, terra natal do presidente, e não conseguiu manter a seqüência de medalhas conquistadas pelo time feminino.
Liderados pelo ex-jogador Oscar Schmidt e por outras grandes estrelas do basquete brasileiro como Hortência, Paula e Janeth, alguns dos principais clubes do país criaram uma liga independente para organizar um novo campeonato nacional e criaram um racha na modalidade.
Mas mesmo enfrentando a maior oposição de seus oito anos à frente da CBB, Grego voltou a ser reeleito em maio deste ano e ficará no cargo até o final de 2008, ganhando a oportunidade de organizar o basquete brasileiro em mais um ciclo olímpico.
Fonte: UOL
Comentário: A impressão é que Grego não só nasceu, mas continua vivendo na Grécia.
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