sexta-feira, 19 de agosto de 2005

Vestibular da seleção feminina dá resultados

JUNDIAÍ - Está sendo um período de aprendizado e testes para a seleção brasileira feminina de basquete. Sem as veteranas que formaram a base do time nos últimos anos, o técnico Antonio Carlos Barbosa vem aproveitando o tempo para dar experiência a jovens jogadoras, que não tiveram muitas oportunidades na equipe antes. O time segue seu vestibular no próximo sábado, às 10h, em Jundiaí, no primeiro de dois amistosos contra o Canadá, em preparação para a Copa América que será disputada na República Dominicana, entre 14 e 18 de setembro.

- A falta de intercâmbio sempre foi um problema do basquete feminino. Raramente se tinha a chance de sair para jogar de maneira tranqüila, sem a obrigação de ganhar ou morrer. Este tipo de trabalho que fizemos este ano tem de ser repetido, até com mais jogos. Aí, você não tem vácuo entre uma geração e outra - disse Barbosa.

A equipe renovada do Brasil não conta com veteranas como Janeth, Iziane, Alessandra, Cíntia Tuiú, Kelly e Helen (que só jogou o Sul-Americano este ano). Ainda assim, ganhou o Sul-Americano e venceu cinco de seis jogos numa excursão à Europa.

- Nós estamos fazendo um trabalho com um time de jogadoras que ainda não tiveram uma participação efetiva na seleção. Elas estão tendo a oportunidade de serem exigidas - explicou Barbosa.

E algumas já merecem elogios do treinador.

- Algumas jogadoras foram aprovadas de maneira muito clara. É o caso da Ega, da Lilian, da Micaela, que foram bem na excursão. E nem estou falando na Érika, que já está em outro departamento. São jogadoras que mostraram estar em condições de estar entre as 12 relacionadas para qualquer competição.

Dor de cabeça mundial

Sanny Bertoldo

Quando o Brasil foi escolhido para sediar o Campeonato Mundial Feminino de Basquete de 2006, o cronograma parecia perfeito: São Paulo e Belo Horizonte organizariam as fases preliminares e o Rio seria o palco das finais do evento. Agora, a apenas 13 meses da partida de abertura, o destino da competição é incerto.

O Parque Olímpico, no Autódromo Nelson Piquet, na Barra, primeira escolha da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) por estar sendo construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, teve que ser substituído pelo Maracanãzinho devido ao atraso nas obras. E este também corre o risco de não ficar pronto a tempo de sediar a competição. A transferência das finais para outra cidade é a alternativa apresentada pelo presidente da CBB, Gerasime Bozikis, o Grego, para evitar o pior: que a cidade perca o direito de realizar o campeonato.

Brasil superou cinco rivais por Mundial

O fato, diz o técnico da seleção brasileira feminina, Antonio Carlos Barbosa, é lamentável, e pode afetar a imagem do Rio no exterior.

— O Maracanãzinho é um templo do basquete; já ganhamos muitas competições importantes lá. Nós ficamos tristes com isso — afirma Barbosa. — Acho que um país que pretende sediar uma Olimpíada e os Jogos Pan-Americanos, daqui a dois anos, não poderia deixar isso acontecer. Se não seria possível cumprir o acordo de entregar um ginásio pronto para a competição, que não fosse prometido à CBB. Essas coisas afetam a imagem da cidade, mas não a do basquete — completa o técnico, que está em Jundiaí com a seleção para dois jogos amistosos contra o Canadá, amanhã e domingo, como parte da preparação para a 5 Copa América, o Pré-Mundial da República Dominicana, de 14 a 18 de setembro.

Para a ala Lilian Cristina Lopes, o Rio tem uma identificação muito grande com competições como o Mundial e, por isso, será ruim se a cidade não sediar o evento:

— O público do Rio conhece e gosta de esporte e a empolgação acaba nos contagiando também. Além disso, acho que seria importante para cidade que vai sediar o Pan. Mas é preciso pensar pelo lado positivo: apesar disso, o Brasil terá condição de realizar o torneio, mesmo que em outras cidades.

A reunião da Federação Internacional de Basquete (Fiba) que escolheu o Brasil como sede do evento foi em junho de 2002, em Genebra, na Suíça. Na ocasião, a candidatura brasileira superou a espanhola, sua maior rival, por 11 votos a sete. Também concorreram França, República Tcheca, Itália e Eslováquia.

Campeão brasileiro masculino pelo Rio de Janeiro, Miguel Ângelo da Luz também considera lastimável a hipótese de o Rio perder o torneio. À frente da seleção feminina na conquista do Mundial da Austrália, em 1994, e da medalha olímpica de prata nos Jogos de Atlanta-1996, ele revela:

— Estou particularmente preocupado com essa história. Vai ser lamentável se o Rio não conseguir sediar esse evento porque a escolha não foi da noite para o dia, mas sim com bastante antecedência. E essa seria uma competição importante como evento teste para o Pan. O basquete não merece passar por isso.

CBB poderia ter agido diferente


Já para a ex-cestinha Hortência, que liderou a seleção brasileira em conquistas importantes como o título do Mundial da Austrália e a prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta, tudo poderia ter tomado um rumo diferente. Grande ídolo do basquete nacional, ela acredita que a CBB deveria ter adotado outra postura:

— O Mundial vai ser no Brasil de qualquer jeito. Quanto a isso estou tranqüila. Mas acho que essas situações acontecem quando você fica dependendo dos outros. Se uma Confederação vai realizar uma competição desse porte, tem que ter todas as garantias possíveis. Acho que, se mudar de cidade, isso só afetaria a imagem do Brasil se o evento não fosse bem organizado porque, para os atletas, é o que importa.

A ala Janeth concorda, embora ache que a CBB não tem responsabilidade no caso. Também um grande nome do basquete, a ala do Houston Comets e tetracampeã da WNBA, a versão feminina da NBA, só teme que a confusão afete a entidade.

— As pessoas podem confundir e começar a dizer que a Confederação não soube se organizar para o evento, o que seria um erro. Ela é a representante do esporte, mas, nesse caso, não tem culpa — defende a atleta, que também esteve nas conquistas brasileiras na Austrália, em Atlanta e em Sydney, quando a seleção obteve o bronze olímpico.

Esse será o oitavo Mundial no país, o quinto adulto. A última vitória da seleção em território nacional foi em 1963, com a conquista do bicampeonato masculino.


Fonte: O Globo

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