domingo, 7 de agosto de 2005

Confederação brasileira acena com possibilidade de veto a atletas e times para impedir competição independente

Regra internacional ameaça liga de Oscar


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A confederação brasileira irá usar o regulamento da Federação Internacional de Basquete para tentar impedir a realização do torneio organizado pela associação dos clubes presidida por Oscar.
O campeonato masculino da Nossa Liga de Basquetebol, que conta com 32 times inscritos, deve começar em outubro -hoje é o prazo final para que as equipes confirmem a participação.
O problema é que a CBB não abre mão de realizar o seu Nacional, a partir de dezembro. Por isso, pode desfiliar os clubes que participarem da NLB, que não é reconhecida pela confederação.
Segundo as regras da Fiba, uma liga, para ser oficializada, deve respeitar a autoridade da federação nacional e seus times têm que estar regularizados na entidade. Além disso, "a liga não deve funcionar de maneira que traga descrédito à Fiba, às federações continentais, à federação nacional ou ao basquete em geral".
Os itens fazem parte de documento datado de 18 de maio, ao qual a Folha teve acesso e que foi enviado pela Fiba a suas filiadas, incluindo a CBB.
Para José Medalha, diretor-executivo da Nossa Liga, não é intenção dos clubes entrar em confronto com a confederação.
"Não temos problema em seguir as regras da Fiba. A Nossa Liga já fez tudo o que a legislação do país manda. Já comunicamos nossa existência para a CBB, o COB [Comitê Olímpico Brasileiro] e o Ministério do Esporte, que até nos cumprimentou por contribuir para o progresso do esporte brasileiro", afirma.
A NLB, porém, quer promover seu próprio evento. A entidade, que funciona de acordo com a Lei Pelé, contratou a Traffic, responsável por negociar acordos com patrocinadores e TVs.
O principal temor de dirigentes ligados à Nossa Liga, ouvidos pela Folha, é sobre a regularização dos atletas. Teoricamente, um jogador de clube da NLB pode ser impedido de se transferir para o exterior ou de defender a seleção.
A medida encontra restrições. "Temos de levar os melhores jogadores. Jamais foi cogitado deixar de chamar alguém por causa disso [conflito entre NLB e CBB]. Ninguém é o dono do basquete brasileiro", diz Lula, técnico do time masculino, que conta com dois auxiliares -Guerrinha (Rio Claro) e José Neto (Paulistano)- e um atleta -o pivô Murilo (Franca)- ligados à NLB.
Outra medida que a CBB pode tomar é proibir que o Rio de Janeiro, equipe da qual Oscar é dirigente, jogue a Liga Sul-Americana. Por ser o atual campeão nacional, o time teria o direito de competir. Para a CBB, é necessário que o clube jogue seu Estadual e o Nacional seguinte para confirmar presença na competição.
"Isso pode atingir uma equipe da liga entre 32. A grande maioria está interessada é em jogar um campeonato forte", crê Medalha.
O veto da CBB à vaga do Rio de Janeiro irá contrariar prática já adotada pela entidade. O Flamengo, que não jogou o Estadual-04 e o Nacional-05, não foi impedido de participar da Liga Sul-Americana-05. Usou time improvisado com veteranos e formado às pressas. A CBB argumenta que, por isso, o regulamento foi alterado.

O QUE DIZ A REGRA

A liga deve respeitar a autoridade de sua federação nacional como única responsável pelo basquete em seu país

Fonte: Folha de São Paulo

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