quarta-feira, 15 de junho de 2005

O brilho em branco




O time de basquete da Unimep/Amplha/Selam, de Piracicaba, vice-campeã da Série A-2 em 2004, encerrou ontem sua temporada de estréia na série A-1 do Campeonato Paulista, ao cair nas quartas-de-final, contra o favorito Ourinhos, por 2 a 0.

No banco do time, está seu maior destaque, a ex-jogadora Branca, que também estreava como treinadora na Divisão Especial.

As atuações de Piracicaba no certame somam 16 jogos, com 3 vitórias e 13 derrotas. O time terminou a fase de classificação na última colocação.

Considerando o fraco nível do torneio, a temporada de Piracicaba teria sido desastrosa, não?

Apesar do que os números tendem a mostrar, não.

Atrás desse aparente fracasso, há um brilho que poucos conseguem enxegar. Mas que há, há. Isso há.

A primeira constatação é unânime: Piracicaba tinha o elenco mais fraco do campeonato. Entre as oito equipes do torneio, era a única a não contar com nenhuma atleta com passagem pela seleção brasileira. O orçamento era também o mais apertado de todos, algo na casa do 12.000 reais. Ou seja, nenhuma atleta do time pode ganhar mais que 1.000 reais. Nos adversários de Piracicaba, o salário de uma única atleta chega próximo à folha da Unimep. A participação da equipe no campeonato até há poucos dias antes do torneio era dúvida.

A paixão de Branca e de seu grupo e de sua mãe Hilda puseram, no entanto, o time de pé em terreno bastante escorregadio. Os patrocínios que as duas sonharam e buscaram, não surgiram.

As dificuldades foram muitas no trajeto. Os reforços não vieram. A técnica desfalcou o time no início da partida contra Guarulhos, no segundo turno, porque cuidava da regularização dos papéis da pivô Gilmara. No jogo de ontem, que marcou a despedida do time do campeonato, as atletas fizeram a viagem até Ourinhos espremidas em uma van.

Ainda assim, dentro de quadra, a Unimep deu trabalho.

O time conseguiu uma vitória sobre o terceiro colocado (Marília). Bateu a tradição de Santo André, já com o reforço de Leila Sobral. Bateu ainda Guarulhos.

Nos outros treze jogos em que foi derrotada, a Unimep esteve perto de conseguir mais façanhas em oito deles. Seja contra Ribeirão, adversário da estréia (55 X 50 e 44 X 51) ou nos dois compromissos com São Bernardo (82-79 e 58-61), nos outros jogos contra Guaru (74-68), Marília (63-60) e Santo André (75-74), a aparente fragilidade da Unimep não se confirmou. Adversários tecnicamente superiores tiveram que suar para segurar as meninas de Branca.

A maior surpresa veio, entretanto, nas quartas-de-final. Enfrentando a equipe de Ourinhos na série, Piracicaba esteve perto de tirar o doce da boca do favorito. Por pouco, Piraciaba não quebra a invencibilidade do time, numa reedição do duelo Davi X Golias. No final, Ourinhos venceu por 73 a 72.

Lembrando: Ourinhos havia vencido até então seus compromissos com uma média de 23 pontos de vantagem em relação a seus adversários. A única outra equipe que perdeu para Ourinhos com diferença inferior de 10 pontos foi São Caetano (68-63). Ou seja, ninguém nunca esteve tão perto de vencer o bicho-papão.

Acabado o campeonato, o time tem olhos para os Jogos Regionais e Abertos, mas a maioria das atletas têm ainda outros compromissos. Dez jogadoras do time fazem cursos universitários (Farmácia, Computação, Educação Física, etc) na universidade que dá nome ao time. Uma abertura de horizontes inédita no basquete nacional.

Assim, num campeonato que corre meio em segredo, longe da mídia e do público, não haverá espaço de destaque para a Unimep.

Mas é certo, que mesmo por linhas tortas, o basquete de Piracicaba retoma timidamente seu brilho, sob as mãos de Branca.






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