quinta-feira, 23 de junho de 2005

Iziane brilha na vitória do Seattle sobre líder Connecticut em clássico da WNBA




Uma semana depois de registrar recordes pessoais na WNBA com 19 pontos e nove rebotes na derrota por 86 a 81 na prorrogação contra o Minnesota Lynx, a ala brasileira Iziane Castro Marques voltou a se destacar pelo campeão Seattle Storm fazendo consecutivamente cinco de seus 15 pontos nos últimos 1min37s da vitória em casa por 95 a 86 (44 a 49 no intervalo) sobre o líder geral Connecticut Sun, que vinha de oito triunfos seguidos. Nessa reprise das finais da liga americana, a maranhense anotou também uma assistência e um rebote. A ala-armadora Betty Lennox, melhor jogadora da decisão de 2004, comandou a virada do Storm com 29 pontos, e a ala-pivô australiana Lauren Jackson marcou 23 pontos e 17 rebotes, contra 21 pontos e cinco rebotes da ala-pivô Taj McWilliams-Franklin, destaque do Sun (8V-2D). O Seattle (7V-4D) é vice-líder da Conferência Oeste e na sexta-feira encara o terceiro colocado Los Angeles Sparks (6V-5D). O Storm teve a volta da armadora campeã olímpica Sue Bird usando uma máscara de proteção para suas fraturas faciais.

Bird quebrou o nariz, o queixo e o osso acima do olho direito na partida em Connecticut contra o mesmo Sun há duas semanas (derrota por 81 a 69), numa cotovelada acidental da companheira Jackson. Sentindo falta de ritmo, ela fez só quatro pontos, mas ditou o ritmo do Storm com sete assistências e ainda pegou três rebotes, revezando-se bem na armação com a novata italiana Francesca Zara (dois pontos e duas assistências). Sem perder desde a estréia contra o Detroit Shock, o vice-campeão Connecticut começou melhor abrindo 9 a 2, chegou a ter dez pontos de vantagem no primeiro tempo (35 a 25) e foi para o intervalo com cinco de frente.

Empurrado pelos 8.120 pagantes na Key Arena, o Seattle reagiu no segundo tempo e chegou a empatar o placar por 63 a 63, mas o Sun seguiu à frente por 75 a 72 entrando nos cinco minutos finais. Foi aí que Betty Lennox, lembrando a grande forma das finais de 2004, abriu com uma cesta de três e liderou com seis pontos uma série de 15 a 5 nos últimos 3min46s para garantir a vitória.

Um lance livre de Betty virou o marcador para 82 a 81 e o Seattle não deixou escapar o controle. A pivô Janell Burse, autora de nove pontos, 11 rebotes e dois tocos, fez uma assistência para Iziane (na foto abraçada por Bird) acertar sua segunda cesta de três em três tentativas, abrindo 87 a 81 a 1min35s. Em seguida, a revelação de 23 anos de São Luís penetrou a defesa do Sun para uma bola de dois respondendo à cesta de Katie Douglas (11 pontos e cinco assistências para Connecticut) e colocando 89 a 84 no placar faltando 59 segundos, ouvindo os gritos de “Izzy, Izzy!” da torcida.

Na saída de bola, Betty Lennox roubou a bola de Douglas, partiu no contragolpe rápido e fez 91 a 84 de bandeja a 46,8 segundos do fim. Após dois lances livres da australiana Lauren Jackson, cestinha da Olimpíada de Atenas, Lennox fechou o placar com uma bandeja faltando 19 segundos, foi o 51º ponto do Storm no segundo tempo e os 95 no total quebraram o recorde de maior pontuação da franquia. Nenhuma equipe encestou tanto nesta temporada.

As cestas de três de Iziane e Betty foram uma resposta à imprensa de Seattle que criticava o time por ter o pior aproveitamento da WNBA em chutes de longa distância. Izzy teve sua usual boa participação na defesa, limitando a 12 pontos e quatro assistências sua adversária direta Nykesha Sales (camisa 42 de azul na foto), que vinha de um recorde pessoal de 26 pontos no passeio do Sun na Califórnia contra o LA Sparks. O duelo de Izzy amanhã é contra a fera angelina Tamecka Dixon, enquanto Lauren Jackson baterá de frente no garrafão com a dupla de estrelas Lisa Leslie/Chamique Holdsclaw. Em 33 minutos de ação como ala titular, a segunda cestinha da Seleção Brasileira depois da veterana Janeth Arcain (Houston Comets) acertou cinco em 10 arremessos de quadra, três em quatro lances livres, só cometeu uma falta e não desperdiçou nenhuma posse de bola. Lennox comandou o Storm convertendo 12 em 19 arremessos na sua melhor atuação pelo time alviverde.

A pivô reserva australiana Suzy Batkovic também teve um bom rendimento pelo Seattle, marcando 11 de seus 13 pontos no primeiro tempo. Jogaram bem pelo Connecticut a armadora Lindsay Whalen com 16 pontos e seis assistências, e a ala reserva Asjha Jones com 16 pontos e quatro rebotes. A gigante polonesa de 2,18m Margo Dydek, pendurada com quatro faltas, decepcionou com seis pontos, cinco rebotes e um toco.

“Foi bom ver nosso time marcar 51 pontos no segundo tempo após permitir quase 50 no primeiro. Dou muito crédito a Sue Bird pela coragem de voltar o mais rápido possível (ficou quatro jogos fora) e se empenhar para se adaptar à máscara. Ela ficou duas semanas sem jogar e isso prejudicou seu ritmo, a respiração está mais difícil, e ela perdeu um pouco sua autoconfiança porque a bola não estava caindo, mas distribuiu bem o jogo com seus passes e no final dos jogos precisamos muito dela para manter a compostura do time. Betty Lennox teve muito a ver com essa vitória de virada, os 23 pontos e 17 rebotes de Lauren foram importantes e muitas jogadoras, especialmente Izzy, se superaram no final. Diminuímos nossos erros, só perdemos oito bolas. Com a volta de Sue, Betty não teve que conduzir muito a bola e podemos utilizá-la mais para definir as jogadas, assim ela ficou mais tranqüila. Ela sabia que precisa crescer e não se estressar tanto como nos últimos quatro jogos (2V-2D). Usamos nosso jogo de velocidade para decidir a partida, fizemos um grande trabalho nos contra-ataques e tivemos um bom foco defensivamente. Vitórias em casa são ótimas, nossos torcedores fazem a diferença, temos mais dificuldades jogando fora de casa. Os mais de 8 mil fãs presentes no ginásio hoje nos empurraram para a vitória, é importante ter bons resultados aqui para termos vantagem de mando de quadra nos playoffs”, analisou a técnica Anne Donovan.

“Eu não estava na minha melhor forma, mas conseguimos uma grande vitória, isso é o que importa. O Connecticut já tinha nos derrotado antes e estava invicto havia oito jogos, mas queríamos ganhar na Key Arena antes de partir para uma série de quatro partidas fora de casa. O resultado foi ainda melhor pela forma com que jogamos nos momentos decisivos, com Lauren, Betty e Izzy fazendo grandes jogadas, seja nos rebotes, lances livres ou arremessos difíceis. Hoje eu errei muitos arremessos, mas compensei nas assistências para minhas companheiras, amanhã contra o Sparks posso acertar nove em 10 arremessos e não teremos mais essa conversa sobre baixo aproveitamento. É uma coisa normal, todos os arremessadores têm noites boas e ruins, não culpo a máscara. Estou me acostumando com ela e com o ritmo de jogar basquete novamente, estou recuperando meu fôlego ainda, mas fora isso estou muito bem”, disse a armadora Sue Bird.

“Eu entrei determinada a me divertir em quadra e usar meu físico. Sofri algumas faltas que não foram marcadas, mas não posso fazer nada quanto à arbitragem. Não vou retaliar contra as marcadoras, não vou parar para reclamar dos árbitros, minha reação é voltar com tudo ao ataque e marcar pontos”, destacou a cestinha Betty Lennox.

“O Seattle é um bom time que joga coletivamente. Olhando a súmula vejo que só desperdiçamos seis posses de bola e arremessamos bem, mas elas foram um pouco melhores e acertaram as bolas decisivas no final. Ninguém gosta de permitir 50 pontos em 20 minutos, mas no todo acho que estivemos no jogo o tempo inteiro, mas um par de cestas de três de Betty e Izzy tiraram nossas chances. Não há motivo para ficarmos frustradas, ganhamos um jogo e perdemos outro para as atuais campeãs. O ginásio estava com uma grande atmosfera para o basquete. Temos que continuar jogando bem, é muito difícil enfrentar fora de casa os fortes times do Oeste, cada partida é dura. Temos que entrar com a mentalidade de fazer cestas na raça para voltar ao caminho das vitórias, estou confiante de que nosso time fará isso. Obviamente a morte da mãe do nosso técnico (Mike Thibault, substituído pela auxiliar Bernardette Mattox) nos afetou um pouco. Temos que dar todo o apoio a ele, em um momento assim o esporte fica em segundo plano. Foi uma infelicidade, uma situação difícil, temos que nos unir, jogar duro e fazer o que for preciso para apoiar Mike e manter o time nos trilhos até ele voltar”, explicou a armadora Lindsay Whalen, cujo Sun tentará a recuperação na sexta-feira no duelo contra o líder do Oeste Sacramento Monarchs (8V-2D) valendo a melhor campanha da WNBA.

Completando a rodada na noite de quarta-feira, o Minnesota Lynx (6V-5D) derrotou em casa o vice-lanterna do Oeste Phoenix Mercury (3V-9D) por 75 a 59 (31 a 24 no intervalo) e isolou-se na quarta e última posição na zona de playoffs da conferência à frente do Houston Comets de Janeth (5V-5D). A ala-pivô Nicole Ohlde comandou o time de Minneapolis com 14 pontos e seis rebotes, contando com o apoio de 12 pontos e sete rebotes da pivô Vanessa Hayden mais 12 pontos e cinco assistências da ala-armadora bicampeã olímpica Katie Smith, contra 14 pontos e cinco assistências da sua companheira de seleção americana Diana Taurasi. A ala australiana Penny Taylor, melhor jogadora e campeã da Liga Italiana ao lado da pivô brazuca Cíntia Tuiú no Famila Schio, ajudou o Mercury de Taurasi com 12 pontos e cinco rebotes.

O Phoenix perdeu para o Lynx pelo sexto confronto seguido e somou sua terceira derrota consecutiva, após apanhar por 77 a 56 (38 a 36 no intervalo) anteontem diante do Washington Mystics na capital americana, com 19 pontos da cestinha Alana Beard contra 18 da armadora Anna DeForge. Na noite desta quinta-feira tem o duelo de lanternas Charlotte Sting (1V-8D) x San Antonio SilverStars (2V-10D).

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