domingo, 1 de maio de 2005

Composta, oposição acredita em vitória na CBB

Marta Teixeira

São Paulo (SP) -
O candidato Hélio Barbosa está confiante. Nos últimos dias, afirma, sua candidatura à presidência da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) ganhou adeptos - alguns até inesperados, confessa - o que o deixa esperançoso para a eleição desta segunda-feira, a partir das 10 horas. Disputando o cargo com Gerasime Grego Bozikis, atual presidente que está há duas gestões no cargo, Barbosa chega ao final de um processo iniciado em outubro de 2004.
Os últimos dias que antecedem ao pleito estão seguindo a mesma rotina. 'Continuamos trabalhando para conquistar os votos necessários para vencer', garante. Pelos seus cálculos, sua candidatura reúne o apoio de 14 federações. 'Mas é complicado garantir alguma coisa. Eleição é sempre inesperada', admite.

Para chegar a este número, Barbosa beneficiou-se da composição com o ex-adversário José Medalha, que abriu mão de sua candidatura para 'encorpar' a oposição. 'Desde nosso debate no Rio ficou acertado que iríamos sentir a candidatura para que um apoiasse o outro. Achei uma atitude extremamente profissional dele. Foi um pacto de união', elogia o candidato, que teria prometido um cargo a Medalha em caso de vitória. 'Não estou preocupado com quem vai ser o quê. Ele é mais um que vem fazer parte do grupo, somar'.

Nestes últimos dias, Barbosa está em busca de mais 'três ou quatro votos que garantam a vitória'. Se for bem-sucedido em seu intento ele já tem a prioridade definida para a próxima gestão (de 01/06/2005 a 31/05/2009). 'Nossa maior crítica é com o modelo de gestão da CBB. Vamos fazer uma mudança radical, colocando um maior número de gestores. Hoje, a CBB é centralizada em três ou quatro pessoas, isso é inadmissível. Precisamos ter um planejamento estratégico, adotar um modelo de gestão moderna'.

A modernidade buscada pelo candidato prevê a separação de departamentos para cuidar do basquete feminino e masculino, que hoje funcionam sob comando único. O objetivo, assegura, é buscar a qualidade em todas as atividades. 'Em agosto temos a Copa (América) classificatória para o Mundial. Está aí, em cima, e não tem nada definido sobre quem está lá fora'.

Mais grave ainda, considera Barbosa, é a situação para o Mundial feminino de 2006, que será no Brasil. 'Temos o Mundial no ano que vem, mas não tem nem local definido, falam Rio, São Paulo. Já deveriam ter sido tomadas uma série de ações para não passar vergonha na organização e na participação'.

A ausência de atletas da seleção atuando por equipes nacionais também preocupa o opositor. 'Ninguém faz nada para repatriar essas jogadoras', reclama. Para ele, o Brasil precisa tentar recuperar a hegemonia que detinha no esporte dentro do continente. O exemplo imediato é argentino. 'A seleção está como está hoje (campeã olímpica) por causa do trabalho de base. A Argentina iniciou o trabalho em 1996/97. Lembro de um campeonato cadete com o Ginóbilli (atualmente destaque no San Antonio Spurs) como reserva'.

De olho nessa experiência, Barbosa promete olhar o trabalho de formação com cuidado especial. 'A base tem que ser a menina dos olhos, a seleção é o espelho. Isso falta no Brasil', afirma.

Nossa Liga - A iniciativa dos clubes de formar uma liga independente para gerir as competições nacionais conta com o apoio do candidato de oposição. 'Não tem nem porque não. Todos que convivem com o basquete são favoráveis', assegura, lamentando apenas a situação em que a entidade foi formada. 'Teve de vir de um confronto por causa da situação dos clubes que procuraram a CBB, mas não foram atendidos, correndo o risco mesmo de chegar aos playoffs mal das pernas'.

Barbosa está seguro que a iniciativa vai ser fundamental no processo de profissionalização do esporte e pretende trabalhar em conjunto com a Liga. 'Sendo eleito vamos sentar para conversar. Ela tem que ser independente, mas também vai precisar ser dependente naqueles assuntos como registro e transferência de atletas junto a Fiba (Federação Internacional de Basquete), para usar o quadro de árbitros da CBB. Tudo para que não tenham de criar toda uma nova estrutura e possam aproveitar o que já existe'.

A colaboração entre as duas entidades, analisa, é mais do que interesse seu, uma necessidade. 'Só assim para alavancar o esporte', admite. Pai do jogador Dedé, filho de jogador, Barbosa é dirigente de clube (Grajaú) desde 1985 e sonha com o dia em que o basquete também possua um Centro de Excelência como o vôlei, e no qual volte a atrair o interesse do mercado. 'Se tivesse um produto forte vocês mesmo (mídia) iriam estar batendo na porta para participar'.

No momento atual, ele acredita que existe mais desinformação que integração com a Confederação. 'As federações não conhecem os contratos. Não tem transparência'. Assim como Medalha, que reclamou do uso da máquina em favor da campanha da situação, Barbosa também acha que existe favorecimento da situação.

'Não tenho a menor dúvida', diz, afirmando que nos últimos dias clubes teriam recebido tabelas hidráulicas da Confederação. 'É bom para o esporte, mas...' O calendário de clínicas técnicas também é apontado como moeda política. 'Há três, quatro anos não era feito nenhuma, em abril foram seis (femininas)'.

Barbosa reconhece que a tarefa de derrotar uma gestão que dura oito anos é complicada, mas não perde as esperanças. 'A luta é forte, mas a gente tem que se apresentar. Se não vencer deixo a representatividade da insatisfação'.

Silêncio - Grego manteve a postura de não dar entrevistas sobre o processo eleitoral. Procurado pela reportagem de Gazeta Esportiva.Net disse, por sua assessoria de imprensa, que só fala depois da eleição. A atitude também foi interpretada pelo adversário como um ponto contra o oponente. 'O Grego não está dando entrevista porque não tem o que falar', sintetiza.


Fonte: Gazeta Esportiva

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