Feminino também ensaia sua Liga
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - A exemplo do masculino, que criou a Nossa Liga de Basquetebol, o basquete feminino brasileiro também quer mudar sua cara. Nesta quinta-feira, os ex-jogadores Oscar, Paula e Hortência e a ala da seleção brasileira Janeth Arcain reuniram-se com representantes dos clubes paulistas para estudar a criação de uma Liga feminina nos mesmos moldes. O encontro foi realizado na sede do Clube Paulistano, em São Paulo.
Dirigentes de quatro das seis equipes que disputam o Campeonato Paulista compareceram à reunião - Piracicaba, Ribeirão Preto, Santo André e São Bernardo. Ourinhos mandou um representante. O técnico Antônio Carlos Vendramini, que iria ao encontro, cancelou por causa do acidente de carro envolvendo as jogadoras Bethania e Milena, que viajavam de Marília para Ourinhos. As atletas se machucaram e Bethania precisou ser internada, mas não houve vítimas fatais.
A exemplo do que aconteceu na primeira reunião do masculino, os clubes afirmaram ter sido procurados por pessoas tentanto fazê-los desistir de participar, afirma Oscar. 'Isentando de taxa para não estarem aqui, ofereceram algo mais', acrescenta Paula.
Para ela, a modalidade está finalmente 'acompanhando o primeiro mundo' e a perspectiva é promissora. 'A gente está aqui dando respaldo. Não estamos de brincadeira. Eu, Hortência, Oscar não precisávamos estar aqui'. Na sua opinião, o esporte atingiu uma fase na qual corria sério risco de se perder. 'A gente tem que estar junto, não deixar que morra. Ver que toma o caminho que está nos preocupa'.
Assim como ocorreu na criação da Nossa Liga, o discurso é de união em prol do esporte. 'A gente está querendo somar', explica Paula, contando com o eco de Hortência. 'Não temos nada contra a Confederação, contra ninguém. Só queremos o melhor para o basquete'.
A falta de apoio aos clubes foi o motivo apontado para a formação do movimento. 'Os clubes cansaram. Estão sem dinheiro, sem apoio. Para onde vai todo dinheiro ? O dinheiro da tevê não vem para os clubes. É só gasto com atleta, formação, ensino e não entra nada. Do jeito que está não precisa, os clubes mesmo podem organizar o campeonato', acrescenta a ex-jogadora, única brasileira a pertencer ao Hall da Fama da modalidade, nos Estados Unidos.
A insatisfação com a distribuição dos recursos reforça a posição. 'Nunca teve tanto investimento como tem hoje, mas não está chegando nada para quem forma. O Brasil é um país clubístico, vamos repartir. Na Liga nada é decidido por uma pessoa, mas por todos', ressalta Paula.
Única representante na ativa no encontro, Janeth espera que esse seja o primeiro passo de uma mobilização profunda. 'Espero que as pessoas ouçam como o masculino aderiu à causa para ver se o feminino consegue falar a mesma língua'. Além da criação da Liga, a ala também espera a formalização de uma Associação de Jogadores.
O encontro desta quinta serviu para estruturar as próximas etapas do trabalho, que deve seguir o mesmo processo do masculino. Ontem, o estatuto da Nossa Liga foi finalizado e enviado aos clubes. O documento teve fontes múltiplas. Foram pesquisados os estatutos das ligas argentina e italiana (também regulamento executivo e código de Justiça), mas a base saiu do estatuto do futsal brasileiro. 'Agora falta só legalizá-lo', diz Oscar, que não se preocupa com a possibilidade da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) não reconhecer a nova entidade.
'A gente quer ser parceiro. Se não quiser a CBB pode não permitir jogar o Sul-americano ou não convocar os atletas para a seleção. Mas aí, a gente também pode jogar de fevereiro a dezembro e atropelar o Brasileiro', analisa o Mão Santa. 'Mas ninguém quer isso'.
Até o momento, Oscar afirma que não houve mobilização por parte de dirigentes para apoiar a iniciativa. Ele garante que isso também não incomoda. 'Lá na frente a gente espera ter o reconhecimento da CBB. As pessoas venceram o medo e esse é o primeiro passo'.
Contudo, ele não deixa de achar estranho ser convidado para dar palestras para o time pentacampeão de futebol e nunca ser chamado para falar à seleção de basquete. Paula considera isso prova de um 'esquema centralizador'. E acha que o silêncio dos dirigentes indica uma surpresa. 'Talvez eles não esperassem esse apoio. Todo mundo estava sempre reclamando e nunca fez nada. Mas do jeito que está, pior não vai ficar'.
A Nossa Liga e sua irmã feminina poderão ter vidas independentes ou conjuntas, ainda não está definido. 'Podemos fazer uma Liga única com departamentos diferentes, não sabemos ainda', explica Oscar, acrescentando que isso é possível porque a versão masculina ainda não foi registrada, permitindo incorporar também o feminino.
De acordo com o ex-jogador, eleito presidente da Liga, a idéia tem encontrado repercussão positiva junto às pessoas do meio. 'Nosso objetivo é fazer o máximo para que a gente melhore o basquete. O que nunca foi feito na história estamos fazendo em um mês'.
Os clubes voltam a se reunir ainda em abril, quando serão definidos os participantes da Liga. A reunião pretende ser um verdadeiro fórum da modalidade, com a participação também de atletas, ex-atletas e pessoas do meio.
Associação de Jogadores anima Janeth
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - Reformas para aliviar o lado dos clubes e a perspectiva de melhorar também a situação de atletas. A reunião desta quinta-feira para tratar da criação de uma Liga feminina de basquete também serviu para se discutir a formação da Associação de Atletas.
No masculino, o processo está em andamento, garante o presidente da Nossa Liga de basquete, Oscar Schmidt. No feminino, a ala Janeth ficou animada com a possibilidade. 'Eu sou a primeira a aderir à Associação de Atletas', avisa com a experiência de quem convive com essa realidade na WNBA. 'A Associação vai vir para amparar, lutar pelos direitos', garante. 'Aqui o atleta ainda não é tratado com tanto respeito'.
Para ela, a idéia pode vingar junto ou separado do masculino. 'Temos que fazer uma Associação dos Atletas'. Oscar faz mitério do estágio em que está a estruturação entre os rapazes, diz apenas que 'surpresas' estão por vir.
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - A exemplo do masculino, que criou a Nossa Liga de Basquetebol, o basquete feminino brasileiro também quer mudar sua cara. Nesta quinta-feira, os ex-jogadores Oscar, Paula e Hortência e a ala da seleção brasileira Janeth Arcain reuniram-se com representantes dos clubes paulistas para estudar a criação de uma Liga feminina nos mesmos moldes. O encontro foi realizado na sede do Clube Paulistano, em São Paulo.
Dirigentes de quatro das seis equipes que disputam o Campeonato Paulista compareceram à reunião - Piracicaba, Ribeirão Preto, Santo André e São Bernardo. Ourinhos mandou um representante. O técnico Antônio Carlos Vendramini, que iria ao encontro, cancelou por causa do acidente de carro envolvendo as jogadoras Bethania e Milena, que viajavam de Marília para Ourinhos. As atletas se machucaram e Bethania precisou ser internada, mas não houve vítimas fatais.
A exemplo do que aconteceu na primeira reunião do masculino, os clubes afirmaram ter sido procurados por pessoas tentanto fazê-los desistir de participar, afirma Oscar. 'Isentando de taxa para não estarem aqui, ofereceram algo mais', acrescenta Paula.
Para ela, a modalidade está finalmente 'acompanhando o primeiro mundo' e a perspectiva é promissora. 'A gente está aqui dando respaldo. Não estamos de brincadeira. Eu, Hortência, Oscar não precisávamos estar aqui'. Na sua opinião, o esporte atingiu uma fase na qual corria sério risco de se perder. 'A gente tem que estar junto, não deixar que morra. Ver que toma o caminho que está nos preocupa'.
Assim como ocorreu na criação da Nossa Liga, o discurso é de união em prol do esporte. 'A gente está querendo somar', explica Paula, contando com o eco de Hortência. 'Não temos nada contra a Confederação, contra ninguém. Só queremos o melhor para o basquete'.
A falta de apoio aos clubes foi o motivo apontado para a formação do movimento. 'Os clubes cansaram. Estão sem dinheiro, sem apoio. Para onde vai todo dinheiro ? O dinheiro da tevê não vem para os clubes. É só gasto com atleta, formação, ensino e não entra nada. Do jeito que está não precisa, os clubes mesmo podem organizar o campeonato', acrescenta a ex-jogadora, única brasileira a pertencer ao Hall da Fama da modalidade, nos Estados Unidos.
A insatisfação com a distribuição dos recursos reforça a posição. 'Nunca teve tanto investimento como tem hoje, mas não está chegando nada para quem forma. O Brasil é um país clubístico, vamos repartir. Na Liga nada é decidido por uma pessoa, mas por todos', ressalta Paula.
Única representante na ativa no encontro, Janeth espera que esse seja o primeiro passo de uma mobilização profunda. 'Espero que as pessoas ouçam como o masculino aderiu à causa para ver se o feminino consegue falar a mesma língua'. Além da criação da Liga, a ala também espera a formalização de uma Associação de Jogadores.
O encontro desta quinta serviu para estruturar as próximas etapas do trabalho, que deve seguir o mesmo processo do masculino. Ontem, o estatuto da Nossa Liga foi finalizado e enviado aos clubes. O documento teve fontes múltiplas. Foram pesquisados os estatutos das ligas argentina e italiana (também regulamento executivo e código de Justiça), mas a base saiu do estatuto do futsal brasileiro. 'Agora falta só legalizá-lo', diz Oscar, que não se preocupa com a possibilidade da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) não reconhecer a nova entidade.
'A gente quer ser parceiro. Se não quiser a CBB pode não permitir jogar o Sul-americano ou não convocar os atletas para a seleção. Mas aí, a gente também pode jogar de fevereiro a dezembro e atropelar o Brasileiro', analisa o Mão Santa. 'Mas ninguém quer isso'.
Até o momento, Oscar afirma que não houve mobilização por parte de dirigentes para apoiar a iniciativa. Ele garante que isso também não incomoda. 'Lá na frente a gente espera ter o reconhecimento da CBB. As pessoas venceram o medo e esse é o primeiro passo'.
Contudo, ele não deixa de achar estranho ser convidado para dar palestras para o time pentacampeão de futebol e nunca ser chamado para falar à seleção de basquete. Paula considera isso prova de um 'esquema centralizador'. E acha que o silêncio dos dirigentes indica uma surpresa. 'Talvez eles não esperassem esse apoio. Todo mundo estava sempre reclamando e nunca fez nada. Mas do jeito que está, pior não vai ficar'.
A Nossa Liga e sua irmã feminina poderão ter vidas independentes ou conjuntas, ainda não está definido. 'Podemos fazer uma Liga única com departamentos diferentes, não sabemos ainda', explica Oscar, acrescentando que isso é possível porque a versão masculina ainda não foi registrada, permitindo incorporar também o feminino.
De acordo com o ex-jogador, eleito presidente da Liga, a idéia tem encontrado repercussão positiva junto às pessoas do meio. 'Nosso objetivo é fazer o máximo para que a gente melhore o basquete. O que nunca foi feito na história estamos fazendo em um mês'.
Os clubes voltam a se reunir ainda em abril, quando serão definidos os participantes da Liga. A reunião pretende ser um verdadeiro fórum da modalidade, com a participação também de atletas, ex-atletas e pessoas do meio.
Associação de Jogadores anima Janeth
Marta Teixeira
São Paulo (SP) - Reformas para aliviar o lado dos clubes e a perspectiva de melhorar também a situação de atletas. A reunião desta quinta-feira para tratar da criação de uma Liga feminina de basquete também serviu para se discutir a formação da Associação de Atletas.
No masculino, o processo está em andamento, garante o presidente da Nossa Liga de basquete, Oscar Schmidt. No feminino, a ala Janeth ficou animada com a possibilidade. 'Eu sou a primeira a aderir à Associação de Atletas', avisa com a experiência de quem convive com essa realidade na WNBA. 'A Associação vai vir para amparar, lutar pelos direitos', garante. 'Aqui o atleta ainda não é tratado com tanto respeito'.
Para ela, a idéia pode vingar junto ou separado do masculino. 'Temos que fazer uma Associação dos Atletas'. Oscar faz mitério do estágio em que está a estruturação entre os rapazes, diz apenas que 'surpresas' estão por vir.
Fonte: Gazeta Esportiva
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