Grego chuta a democracia e adota o despotismo mal esclarecido
Alessandro Lucchetti
Nascido na terra que concebeu a democracia, Grego tomou nesta última semana uma atitude despótica. O presidente da CBB se eximiu, por trás de uma nota oficial, de uma obrigação que lhe cabe: ouvir os clubes que fazem o Campeonato Nacional e atravessam dificuldades financeiras seríssimas, na maior crise da história da competição.
Para quem não está acompanhando as agruras do "Nacional do busão", assim batizado pelo colega colunista deste site Marcelo Laguna, um breve resumo:
A poucas semanas do início do Nacional, a CBB, alegando problemas no caixa, sobretudo com a diminuição dos valores pagos pela SporTV pelo evento, sugeriu que os times participantes fossem divididos em dois grupos, para reduzir o número de jogos e o gasto com viagens. Posteriormente, a entidade fez as contas e ofereceu uma proposta indecente: poderia contribuir com apenas R$ 10 mil a título de ajuda para o transporte dos times. Cabe lembrar que, até 2003, a CBB, por meio de convênio com a TAM, comprava as passagens com desconto, em troca de publicidade, e as cedia gratuitamente aos clubes. No ano passado, a entidade arcou com os gastos com passagens aéreas apenas para deslocamentos acima de 800km, e se responsabilizou por despesas com transporte de ônibus para viagens mais curtas.
Preocupados com a preservação da qualidade técnica e do critério mais justo, os clubes optaram pelo formato tradicional de disputa: primeira fase classificatória com turno e returno, jogando todos contra todos.
Os dirigentes dos clubes constataram depois que deram um mau passo. As despesas são elevadíssimas. Um exemplo: Franca calcula que desembolsa os R$ 10 mil pagos pela CBB em apenas uma viagem a Torres (RS), para jogar contra a Ulbra, incluindo na conta os gastos com transporte, alimentação e hospedagem. Os times mais pobres viajam em ônibus comum. Muitas vezes os atletas se viram comendo coxinhas em lanchonetes de beira de estrada. Chegam cansados aos jogos e o nível do Campeonato se torna ainda pior.
Com a água batendo no pescoço, 12 dirigentes encheram-se de coragem e tomaram decisão que há muito tempo deveriam ter adotado: uniram-se e solicitaram um encontro com Grego na semana passada. Quando Grego voltou de um congresso da FIBA Américas em Porto Rico, resolveu tomar sua atitude tirânica: recusou-se a ouvir os clubes.
Revoltados, os dirigentes ressuscitam a idéia de organizar uma liga independente, o formato adotado em todos os países com basquete de bom nível. A função da federação nacional deve se restringir ao trabalho com as seleções.
Foi necessária uma crise aguda para os dirigentes pensarem em abandonar esse formato paternalista de campeonato, em que ficam a mercê da CBB. Por que tanta demora para concluir que é muito mais vantajoso organizar uma competição sem intermediários, negociar com as emissoras de televisão diretamente e explorar rendas como as que são proporcionadas pelas placas de publicidade dos ginásios?
Ao menos um fato positivo, além da idéia da liga, pode nascer da crise. A chapa da situação nas eleições da CBB, em maio, sofre bombardeio. Talvez os dirigentes de clubes fiquem ainda mais irados se souberem que as dificuldades da confederação não devem ser assim tão sérias, uma vez que alguns presidentes de federações têm recebido auxílio. Mas esse é assunto para uma outra coluna.
Fonte: BasketBrasil
Alessandro Lucchetti
Nascido na terra que concebeu a democracia, Grego tomou nesta última semana uma atitude despótica. O presidente da CBB se eximiu, por trás de uma nota oficial, de uma obrigação que lhe cabe: ouvir os clubes que fazem o Campeonato Nacional e atravessam dificuldades financeiras seríssimas, na maior crise da história da competição.
Para quem não está acompanhando as agruras do "Nacional do busão", assim batizado pelo colega colunista deste site Marcelo Laguna, um breve resumo:
A poucas semanas do início do Nacional, a CBB, alegando problemas no caixa, sobretudo com a diminuição dos valores pagos pela SporTV pelo evento, sugeriu que os times participantes fossem divididos em dois grupos, para reduzir o número de jogos e o gasto com viagens. Posteriormente, a entidade fez as contas e ofereceu uma proposta indecente: poderia contribuir com apenas R$ 10 mil a título de ajuda para o transporte dos times. Cabe lembrar que, até 2003, a CBB, por meio de convênio com a TAM, comprava as passagens com desconto, em troca de publicidade, e as cedia gratuitamente aos clubes. No ano passado, a entidade arcou com os gastos com passagens aéreas apenas para deslocamentos acima de 800km, e se responsabilizou por despesas com transporte de ônibus para viagens mais curtas.
Preocupados com a preservação da qualidade técnica e do critério mais justo, os clubes optaram pelo formato tradicional de disputa: primeira fase classificatória com turno e returno, jogando todos contra todos.
Os dirigentes dos clubes constataram depois que deram um mau passo. As despesas são elevadíssimas. Um exemplo: Franca calcula que desembolsa os R$ 10 mil pagos pela CBB em apenas uma viagem a Torres (RS), para jogar contra a Ulbra, incluindo na conta os gastos com transporte, alimentação e hospedagem. Os times mais pobres viajam em ônibus comum. Muitas vezes os atletas se viram comendo coxinhas em lanchonetes de beira de estrada. Chegam cansados aos jogos e o nível do Campeonato se torna ainda pior.
Com a água batendo no pescoço, 12 dirigentes encheram-se de coragem e tomaram decisão que há muito tempo deveriam ter adotado: uniram-se e solicitaram um encontro com Grego na semana passada. Quando Grego voltou de um congresso da FIBA Américas em Porto Rico, resolveu tomar sua atitude tirânica: recusou-se a ouvir os clubes.
Revoltados, os dirigentes ressuscitam a idéia de organizar uma liga independente, o formato adotado em todos os países com basquete de bom nível. A função da federação nacional deve se restringir ao trabalho com as seleções.
Foi necessária uma crise aguda para os dirigentes pensarem em abandonar esse formato paternalista de campeonato, em que ficam a mercê da CBB. Por que tanta demora para concluir que é muito mais vantajoso organizar uma competição sem intermediários, negociar com as emissoras de televisão diretamente e explorar rendas como as que são proporcionadas pelas placas de publicidade dos ginásios?
Ao menos um fato positivo, além da idéia da liga, pode nascer da crise. A chapa da situação nas eleições da CBB, em maio, sofre bombardeio. Talvez os dirigentes de clubes fiquem ainda mais irados se souberem que as dificuldades da confederação não devem ser assim tão sérias, uma vez que alguns presidentes de federações têm recebido auxílio. Mas esse é assunto para uma outra coluna.
Fonte: BasketBrasil
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