Carta aberta ao presidente da CBB
Marcelo Laguna
Caro Grego,
Com a liberdade de anos de convivência que tivemos nas quadras de basquete por este Brasil e em outras partes do mundo, permita-me tratá-lo sem seguir os mandamentos do protocolo do cargo e ter uma franca conversa sobre os rumos que o basquete brasileiro está tomando. E convenhamos, está difícil de ver uma luz no fim do túnel, não acha?
E esta última do Nenê? Que coisa, hein? Creio que você não esperava viajar para o Piauí, onde foi fazer campanha eleitoral no último final de semana, tendo que remoer na cabeça as declarações do principal ídolo do basquete brasileiro na atualidade. Agora, cá entre nós: por que é que você não vem a público e diz exatamente o que está por trás das críticas de Nenê? Não, Grego, aquele comunicado lacônico e politicamente correto emitido pela sua assessoria não vale...
Talvez se você resolvesse falar poderia esclarecer, por exemplo, um dos pontos abordados com brilhantismo pelo editor deste Basketbrasil, Paulo Roberto Araújo, que em sua coluna afirmou ter informações que podem explicar os “motivos” do manifesto de Nenê. Segundo o meu amigo PR, a CBB ainda estaria devendo dinheiro a Nenê por conta da participação no Pré-Olímpico e que o pivô ainda não se conformou em ter desembolsado uma baita multa ao Vasco quando ele decidiu tentar a sorte na NBA. Então, caro Grego, não seria uma boa oportunidade para esclarecer isso?
Se eu concordo com o que o Nenê fez? Bom, só o fato de termos um atleta resolvendo falar o que pensa – especialmente em um esporte marcado pelo individualismo e covardia na exposição de idéias – já é louvável. Mas o que me deixa com a pulga atrás da orelha foi o tempo que Nenê levou para achar sua administração incompetente. Será que você não está sabendo de nada, como por exemplo uma certa pressão para que Nenê receba mais dinheiro em troca de participação na seleção? Seria um excelente momento para esclarecer isso também...
Pois é, Grego, as perguntas são muitas e as respostas, bem poucas. Agora, você poderia ter poupado sua imagem, justamente em época de eleição, e ter recebido a comissão de clubes que tentou agendar uma reunião com você. Grego, custava receber os caras? Não importa que a CBB tenha feito três reuniões com os clubes para discutir “as condições técnicas e financeiras” do Nacional. Duro é ver um campeonato nacional no qual as equipes são obrigadas a fazer a maior parte de suas viagens de ônibus quando atuam fora de casa. Será que a CBB não tinha como conseguir uma permuta com alguma empresa aérea?
Também não posso deixar de comentar com você a penúria em que se encontra o basquete feminino. Sinceramente, Grego, você não fica incomodado quando lê em jornais ou sites de internet os feitos das maiores jogadoras do Brasil atuando no exterior? Também não lhe incomoda o fato de ver Paulo Bassul, um dos mais competentes treinadores que surgiram nos últimos anos, desempregado e até pensando em aceitar propostas de times masculinos? Será que o feminino precisa ficar fora de uma Olimpíada para você tomar alguma atitude?
Lembro-me de uma cena, ocorrida em 1998, quando nos encontramos no setor de credenciamento para o Mundial da Grécia, sua terra natal. Você estava eufórico e falava qual seria o slogan daquele Mundial: “De Atenas para Atenas”, referindo-se aos jogos Olímpicos do ano passado. Bem, nem preciso lembrar o que aconteceu. A seleção masculina não esteve em Atenas-04 e as perspectivas para Pequim-08 não são muito animadoras. Posso estar enganado, meu caro Gerasime Bozikis, mas com todo respeito, se for para continuar tudo como está, creio que chegou o momento de você passar a bola no comando do basquete brasileiro.
Paulista feminino – Ainda sem tabela definida (é provável que a Federação Paulista a divulgue nos próximos dias), começa neste final de semana o Campeonato Paulista feminino de basquete. Sem contra com as estrelas da seleção brasileira, todas atuando no exterior, a competição terá oito equipes, o que já é uma evolução em relação a 2004. A grande novidade será a volta da Unimep/Piracicaba à Série A-1, dirigida pela ex-armadora Branca, irmã de Magic Paula.
Marcelo Laguna
Caro Grego,
Com a liberdade de anos de convivência que tivemos nas quadras de basquete por este Brasil e em outras partes do mundo, permita-me tratá-lo sem seguir os mandamentos do protocolo do cargo e ter uma franca conversa sobre os rumos que o basquete brasileiro está tomando. E convenhamos, está difícil de ver uma luz no fim do túnel, não acha?
E esta última do Nenê? Que coisa, hein? Creio que você não esperava viajar para o Piauí, onde foi fazer campanha eleitoral no último final de semana, tendo que remoer na cabeça as declarações do principal ídolo do basquete brasileiro na atualidade. Agora, cá entre nós: por que é que você não vem a público e diz exatamente o que está por trás das críticas de Nenê? Não, Grego, aquele comunicado lacônico e politicamente correto emitido pela sua assessoria não vale...
Talvez se você resolvesse falar poderia esclarecer, por exemplo, um dos pontos abordados com brilhantismo pelo editor deste Basketbrasil, Paulo Roberto Araújo, que em sua coluna afirmou ter informações que podem explicar os “motivos” do manifesto de Nenê. Segundo o meu amigo PR, a CBB ainda estaria devendo dinheiro a Nenê por conta da participação no Pré-Olímpico e que o pivô ainda não se conformou em ter desembolsado uma baita multa ao Vasco quando ele decidiu tentar a sorte na NBA. Então, caro Grego, não seria uma boa oportunidade para esclarecer isso?
Se eu concordo com o que o Nenê fez? Bom, só o fato de termos um atleta resolvendo falar o que pensa – especialmente em um esporte marcado pelo individualismo e covardia na exposição de idéias – já é louvável. Mas o que me deixa com a pulga atrás da orelha foi o tempo que Nenê levou para achar sua administração incompetente. Será que você não está sabendo de nada, como por exemplo uma certa pressão para que Nenê receba mais dinheiro em troca de participação na seleção? Seria um excelente momento para esclarecer isso também...
Pois é, Grego, as perguntas são muitas e as respostas, bem poucas. Agora, você poderia ter poupado sua imagem, justamente em época de eleição, e ter recebido a comissão de clubes que tentou agendar uma reunião com você. Grego, custava receber os caras? Não importa que a CBB tenha feito três reuniões com os clubes para discutir “as condições técnicas e financeiras” do Nacional. Duro é ver um campeonato nacional no qual as equipes são obrigadas a fazer a maior parte de suas viagens de ônibus quando atuam fora de casa. Será que a CBB não tinha como conseguir uma permuta com alguma empresa aérea?
Também não posso deixar de comentar com você a penúria em que se encontra o basquete feminino. Sinceramente, Grego, você não fica incomodado quando lê em jornais ou sites de internet os feitos das maiores jogadoras do Brasil atuando no exterior? Também não lhe incomoda o fato de ver Paulo Bassul, um dos mais competentes treinadores que surgiram nos últimos anos, desempregado e até pensando em aceitar propostas de times masculinos? Será que o feminino precisa ficar fora de uma Olimpíada para você tomar alguma atitude?
Lembro-me de uma cena, ocorrida em 1998, quando nos encontramos no setor de credenciamento para o Mundial da Grécia, sua terra natal. Você estava eufórico e falava qual seria o slogan daquele Mundial: “De Atenas para Atenas”, referindo-se aos jogos Olímpicos do ano passado. Bem, nem preciso lembrar o que aconteceu. A seleção masculina não esteve em Atenas-04 e as perspectivas para Pequim-08 não são muito animadoras. Posso estar enganado, meu caro Gerasime Bozikis, mas com todo respeito, se for para continuar tudo como está, creio que chegou o momento de você passar a bola no comando do basquete brasileiro.
Paulista feminino – Ainda sem tabela definida (é provável que a Federação Paulista a divulgue nos próximos dias), começa neste final de semana o Campeonato Paulista feminino de basquete. Sem contra com as estrelas da seleção brasileira, todas atuando no exterior, a competição terá oito equipes, o que já é uma evolução em relação a 2004. A grande novidade será a volta da Unimep/Piracicaba à Série A-1, dirigida pela ex-armadora Branca, irmã de Magic Paula.
Fonte: Basket Brasil
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