sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

Mata-mata entre Americana e Ourinhos marca o oitavo confronto dos rivais em uma decisão nos últimos 3 anos

Nacional tem clima de mesmice em final

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem surpresas, o Nacional feminino dá largada hoje à noite, em Americana, ao mata-mata final entre o time da casa e o Ourinhos. Com os projetos mais bem estruturados do país, as cidades têm se enfrentado invariavelmente nas decisões dos principais torneios.
"Nunca vi uma rivalidade como essa. É maior do que quando enfrentava Piracicaba na final", comenta Antonio Carlos Vendramini, técnico do Ourinhos, lembrando do tempo em que dirigia a Prudentina e o Sorocaba, nos anos 80.
Desde 2002 esta é a oitava final entre Americana e Ourinhos. Até aqui, o time de Vendramini leva vantagem: quatro títulos a três.
O Ourinhos ergueu as taças dos Jogos Abertos do Interior e do Estadual de São Paulo em 2002 e 2004. Já o Americana derrotou o adversário nos Jogos Abertos, no Paulista e no Nacional de 2003.
Tal regularidade faz com que o Brasileiro volte a repetir uma final em dois anos seguidos. Tal fato só ocorrera em 1999 e 2000, quando Santo André e Paraná se enfrentaram, com um troféu para cada.
"O Ourinhos não tem nenhum título do Nacional. Mas acho que isso não irá pesar. Todos os jogos serão equilibrados. Elas estão acostumadas a enfrentar nossa equipe em finais", ressalta Paulo Bassul, técnico do Americana.
Foi na decisão do Nacional-03 que o time de Ourinhos engoliu sua derrota mais significativa.
A equipe chegou à final com uma invencibilidade de 17 jogos, a maior do torneio. O elenco era recheado de jogadoras de seleção brasileira, como Janeth, Silvinha e Erika. Mesmo assim, o Americana bateu o adversário por 3 a 2.
"Aquele derrota foi doída, mas já faz parte do passado. Os times sofreram várias alterações desde então", aponta Vendramini.
Para ele, a reprise da final também pode ser explicada pelo calendário alargado de 2004. O Paulista foi encerrado em junho. Por causa da Olimpíada, o Nacional só começou no fim de outubro.
"É muito tempo de inatividade, já que a maioria das atletas da seleção está no exterior. Algumas equipes foram formadas para o Nacional. É pouco tempo para entrosar o grupo", analisa o técnico.
Para Bassul, outras equipes poderiam alterar o clima de mesmice do Nacional. "O São Caetano mostrou que tinha condições de chegar até aqui. Na fase de classificação, o clube ficou na frente do Ourinhos", comenta o treinador.
Para Vendramini, porém, a final mais provável seria mesmo entre sua equipe e o Americana. "Crescemos no momento certo. Além disso, a Janeth, nosso principal reforço, ficou dois meses parada após a Olimpíada e começou a jogar melhor nos mata-matas."
O reforço no Americana foi Sílvia Gustavo, que passou por cirurgia no joelho e ficou ausente na maior parte do torneio. "Espero ser útil agora", afirma a ala, que retornou ao time nas semifinais.

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Líder em estatísticas não vai à decisão

DA REPORTAGEM LOCAL

Maior revelação do Nacional, a pivô Kátia (Santo André), 21, encerrou sua participação no torneio na liderança em dois fundamentos: pontos (17,6 por jogo) e bloqueios (2,2 por confronto).
No primeiro, ainda corre o risco de ser superada por Janeth. Após melhorar nas semifinais, a ala do Ourinhos subiu para a segunda colocação, com 17,5 por duelo. Já Kátia não jogou contra o Americana em busca de vaga na decisão porque teve uma arritmia cardíaca detectada em exames.
Mas não é só em pontos e tocos que as líderes ficaram fora das finais. Simone Lima, 30, do Santo André, ocupa a ponta entre as reboteiras, com 10,2 recuperações de bola no garrafão por partida.
Outra jogadora do Santo André, Vivian, 29, é a maior "ladra" de bola do campeonato, com 3,8 recuperações por confronto.

O PERSONAGEM

"Senhor decisão" tenta título pela 6ª vez em 7 anos


DA REPORTAGEM LOCAL

Antonio Carlos Vendramini resume a história do Nacional feminino. Em sete edições, levou seu time a seis finais.
Ele só ficou fora da decisão de 2002, na qual o São Paulo-Guaru bateu o Americana. Na época, dirigia o Dom Bosco (MS), que terminou em quinto lugar.
"Não há nenhum técnico no Brasil com tantos títulos. Mas tive pouca chance na seleção brasileira. Acho que é porque eu falo o que penso", lamenta Vendramini, que dirigiu a equipe nacional entre 1989 e 91.
No Brasileiro, foi campeão em 98 (Fluminense) e 2000 (Paraná). É o único técnico com mais de um título do torneio.
Assim como Edson Ferreto (Uberaba) e Laís Elena (Santo André), Vendramini participou de todos os Nacionais.
Seu retrospecto, porém, é o melhor. Hoje ele atinge seu 150º jogo, um recorde no torneio. Até aqui foram 115 vitórias e 34 derrotas -aproveitamento de 77,2%. Laís está com 64,9%, e Ferreto tem 47,1%.
Vendramini enfrenta o técnico que mais ascendeu nos últimos anos. Bassul levou o Americana às últimas três finais -ganhou a do ano passado.
Apesar disso, o treinador do Americana conta com histórico bem inferior ao do rival: 64,9% de aproveitamento (61 vitórias em 94 partidas). (ALF)


Fonte: Folha de São Paulo

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