terça-feira, 20 de julho de 2004

Vivian Cristina Lopes

Aos 28 anos, a ala/armadora Vívian vai disputar sua primeira Olimpíada. A conquista dessa vaga para representar o país em Atenas tem para a atleta um sabor especial. Seis cirurgias no joelho, mais as sessões de fisioterapia tiraram Vivian das quadras por quase sete anos. Por causa de todo o tempo perdido, foi convocada para a seleção brasileira pela primeira vez em 2001, para o Sul-Americano do Peru. Vívian se dedica aos treinos com garra e alegria para ajudar a equipe brasileira a conquistar a terceira medalha olímpica. Pela seleção brasileira, Vívian foi bicampeã do sul-americano (Peru/2001 e Equador/2003), campeã da Copa América (2001), medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo (2003) e campeã do Pré-Olímpico do México, que garantiu ao Brasil a única vaga das Américas para a Olimpíada de Atenas. No Santo André, clube que defende há 14 anos, a atleta foi, em 1999, campeã do Nacional Feminino e do Sul-Americano de Clubes.

Qual a emoção de disputar uma Olimpíada?

É gratificante ter essa oportunidade. É o auge para um atleta representar seu país em uma Olimpíada. Estou super feliz. Mas não dá nem para pensar muito nisso, pois estou totalmente concentrada nos treinamentos para os Jogos. Nunca estive tão focada em um objetivo em toda minha vida. Me dedico inteiramente a esse momento tão especial da minha carreira.

O que esperar da jogadora Vívian em Atenas?

Uma atleta dedicada, que vai fazer o que for possível para ajudar a equipe dentro e fora da quadra e disposta a aprender. Eu procuro sempre ouvir as jogadoras mais experientes, como a Helen e a Adrianinha que me ajudam, dando toques importantes sobre posicionamento, defesa, enfim, como jogar da melhor maneira possível.

E as chances do Brasil na competição?

Acho que estamos preparadas para pensar alto. Meu pensamento está voltado para buscar a medalha de ouro. Até a competição começar, estaremos ainda melhores, em ótimas condições de jogo, com todas as chances de subir ao pódio. As nossas adversárias mais forte são as americanas, russas e australianas.


Quais as expectativas para os amistosos na Grécia?

As melhores possíveis. Com esses jogos, vamos observar melhor as nossas adversárias e adaptar as estratégias de defesa e de ataque para enfrentar os diferentes estilos de basquete. Com isso, vamos melhorar ainda mais, ganhar mais ritmo de jogo e chegar bem preparadas para a estréia contra o Japão no dia 14 de agosto.


Como é a jogadora Vívian?

Gosto muito de marcar, jogar na defesa, mas gosto também de infiltrar. Mas, na seleção brasileira, devido a altura (1,74m) eu tenho que jogar mais aberto e ter um arremesso mais rápido. Sou também comunicativa. Na quadra ou no banco de reservas, vibro muito, chamo a torcida e dou força às minhas companheiras.


Como o basquete entrou em sua vida?


Eu sempre fui muito moleca, super agitada e recomendaram a minha mãe que eu fizesse esporte para liberar energia. Então, com doze anos, fui me inscrever no Centro Olímpico. Na verdade, eu queria fazer vôlei, mas fui com uma amiga que já fazia basquete e resolvi acompanhá-la. Acabei me apaixonando pelo esporte.


Fale um pouco sobre sua trajetória no esporte.


Comecei no Clube Padote, em São Paulo. Com quinze anos, lesionei o joelho e tive que passar por várias cirurgias. Foi quando a técnica Arilza me levou para Santo André. Mesmo machucada, passei a fazer o tratamento lá e fiquei fora das quadras por três anos e meio. Voltei em 1995, com 19 anos, e fui campeã paulista juvenil. Seis meses depois, me machuquei novamente e fiz mais duas cirurgias no joelho.


Qual o segredo de tanta superação?

O amor pelo que eu faço e o apoio que recebi da família, dos amigos e de toda equipe médica que cuidou de mim. Deus colocou no meu caminho as pessoas nas horas certas. Quando pensava em desistir, eles me incentivavam a continuar. Jamais vou esquecer quem me ajudou nesses momentos. As técnicas Arilza e Laís, por exemplo, me levaram para Santo André e fiquei anos sem jogar. Isso é muito raro nos dias de hoje, onde os atletas que se machucam às vezes acabam abandonando a carreira porque não tiveram apoio de seus clubes.


E o momento mais emocionante de sua carreira?


O título do paulista juvenil, que conquistei quando voltei da primeira contusão. Foi emocionante pois consegui ser campeã jogando, trabalhando em quadra. Foi um momento de grande superação para mim. Outro fato marcante foi o meu primeiro título pela seleção adulta, no Sul-Americano de 2001, no Peru.


Deixe uma mensagem para os iniciantes no basquete.


Só consegue superar as dificuldades quem tem muito amor pelo que faz. Se você tem um objetivo, tem que se dedicar e ele do fundo do coração. Às vezes, o caminho é árduo, mas sempre vale a pena lutar pelo que se quer, pois as conquistas ninguém vai conseguir tirar de você.

Fonte: CBB

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