Iziane: a nova Hortência ?
São Paulo - Substituta de Hortência? É algo difícil de afirmar, principalmente quando a jogadora em questão é a rainha do basquete feminino brasileiro. Mas para quem conheceu Hortência, a comparação com a maranhense Iziane, de 22 anos e 1,81 metro, é inevitável, seja pelo biótipo da ala, a velocidade com que parte para o ataque, os arremessos certeiros ou a personalidade decidida. Iziane, que pode ganhar a posição de titular na seleção brasileira em sua primeira Olimpíada, acha que vai chorar de emoção no dia em que conhecer, conversar e tirar uma foto com Hortência. "Chorei quando a Claudinha (armadora) chamou a Janeth para eu fazer uma foto com ela. De emoção, por conhecer a Janeth e jogar com ela."
Na quadra, Iziane mostra que está decidida a buscar seu espaço na seleção. "Quero jogar o máximo de minutos possível. Respeito as atletas do grupo que têm a experiência de outras Olimpíadas, mas estou pronta. Sempre foi minha meta chegar à seleção e disputar os Jogos Olímpicos. Hoje me coloco entre as sete principais jogadoras no revezamento das titulares." Iziane joga na posição 2, em que o técnico Antônio Carlos Barbosa também tem Helen.
Barbosa prefere não falar em Iziane como substituta de Hortência, mas afirma que "é uma jogadora diferenciada, uma das maiores revelações dos últimos anos". Iziane não fez a transição entre o basquete juvenil e o adulto. Do time juvenil do então BCN/Osasco, aos 18 anos, foi jogar num time adulto da Europa e da WNBA. "Pulou etapas, mas voltou amadurecida. Tem um biótipo privilegiado e é muito rápida, o que faltava ao Brasil desde a saída da Hortência. E salta bem. Lembra características da Hortência, mas não é bom comparar."
Hortência chegou à seleção aos 17 anos (e Paula aos 14), em 1976, com Barbosa, que dirigiu o time até 84 - voltou em 97 e tem 348 jogos com a seleção, 252 vitórias e 96 derrotas. "Iziane tem muito potencial, como tinham Paula e Hortência."
Iziane começou a jogar basquete no Colégio Batista, em São Luís, no Maranhão, onde nasceu. Nadava desde os 2 anos e achava que não gostaria do basquete. Começou a jogar por muita insistência de um professor, Quirino. "Pensei: ‘Vou ficar um mês para mostrar que não sirvo para isso’. Gostei e fiquei."
Disputou uma Taça Brasil pelo Beto Sport, time do Maranhão, em 1997. Foi vista em quadra pela técnica Maria Helena Cardoso e acabou no então BCN/Osasco. Jogava, ao mesmo tempo, no infanto e no infantil. Aos 19 anos já estava no Yaya Maria Breogan, de Lugo, na Espanha. Jogou duas temporadas na Espanha, uma na França e foi para a WNBA. Rescindiu o contrato com o Phoenix Mercury e está sem clube, mas não se preocupa: acha que poderá fazer um ótimo contrato após a Olimpíada.
Sua formação é a da escola brasileira de basquete, mais veloz, mas também acha que aprendeu com o basquete europeu, muito técnico, "certinho", e com o norte-americano, de muita força física. "Aprendi a ter mais visão de jogo. Acho que estou jogando mais coletivamente."
Para matar a saudades dos pais, que ainda moram em São Luís, recorre ao telefone e à internet. Mas se julga independente. Afinal, saiu de casa com 15 anos para se dedicar ao basquete.
Heleni Felippe
Na seleção, reencontro das "européias"
Heleni Felippe
Equilíbrio no basquete: globalização
Basquete: 10 anos do título mundial
Heleni Felippe
Fonte: Estado de São Paulo
Nota: Uma bela série de quatro matérias da competente Heleni Felippe. Só não sei por que a imprensa brasileira insiste nessa armadilha da nova-Hortência, da nova-Paula, do novo-Oscar.... Totalmente desnecessária.
São Paulo - Substituta de Hortência? É algo difícil de afirmar, principalmente quando a jogadora em questão é a rainha do basquete feminino brasileiro. Mas para quem conheceu Hortência, a comparação com a maranhense Iziane, de 22 anos e 1,81 metro, é inevitável, seja pelo biótipo da ala, a velocidade com que parte para o ataque, os arremessos certeiros ou a personalidade decidida. Iziane, que pode ganhar a posição de titular na seleção brasileira em sua primeira Olimpíada, acha que vai chorar de emoção no dia em que conhecer, conversar e tirar uma foto com Hortência. "Chorei quando a Claudinha (armadora) chamou a Janeth para eu fazer uma foto com ela. De emoção, por conhecer a Janeth e jogar com ela."
Na quadra, Iziane mostra que está decidida a buscar seu espaço na seleção. "Quero jogar o máximo de minutos possível. Respeito as atletas do grupo que têm a experiência de outras Olimpíadas, mas estou pronta. Sempre foi minha meta chegar à seleção e disputar os Jogos Olímpicos. Hoje me coloco entre as sete principais jogadoras no revezamento das titulares." Iziane joga na posição 2, em que o técnico Antônio Carlos Barbosa também tem Helen.
Barbosa prefere não falar em Iziane como substituta de Hortência, mas afirma que "é uma jogadora diferenciada, uma das maiores revelações dos últimos anos". Iziane não fez a transição entre o basquete juvenil e o adulto. Do time juvenil do então BCN/Osasco, aos 18 anos, foi jogar num time adulto da Europa e da WNBA. "Pulou etapas, mas voltou amadurecida. Tem um biótipo privilegiado e é muito rápida, o que faltava ao Brasil desde a saída da Hortência. E salta bem. Lembra características da Hortência, mas não é bom comparar."
Hortência chegou à seleção aos 17 anos (e Paula aos 14), em 1976, com Barbosa, que dirigiu o time até 84 - voltou em 97 e tem 348 jogos com a seleção, 252 vitórias e 96 derrotas. "Iziane tem muito potencial, como tinham Paula e Hortência."
Iziane começou a jogar basquete no Colégio Batista, em São Luís, no Maranhão, onde nasceu. Nadava desde os 2 anos e achava que não gostaria do basquete. Começou a jogar por muita insistência de um professor, Quirino. "Pensei: ‘Vou ficar um mês para mostrar que não sirvo para isso’. Gostei e fiquei."
Disputou uma Taça Brasil pelo Beto Sport, time do Maranhão, em 1997. Foi vista em quadra pela técnica Maria Helena Cardoso e acabou no então BCN/Osasco. Jogava, ao mesmo tempo, no infanto e no infantil. Aos 19 anos já estava no Yaya Maria Breogan, de Lugo, na Espanha. Jogou duas temporadas na Espanha, uma na França e foi para a WNBA. Rescindiu o contrato com o Phoenix Mercury e está sem clube, mas não se preocupa: acha que poderá fazer um ótimo contrato após a Olimpíada.
Sua formação é a da escola brasileira de basquete, mais veloz, mas também acha que aprendeu com o basquete europeu, muito técnico, "certinho", e com o norte-americano, de muita força física. "Aprendi a ter mais visão de jogo. Acho que estou jogando mais coletivamente."
Para matar a saudades dos pais, que ainda moram em São Luís, recorre ao telefone e à internet. Mas se julga independente. Afinal, saiu de casa com 15 anos para se dedicar ao basquete.
Heleni Felippe
Na seleção, reencontro das "européias"
São Paulo - O treinamento olímpico da seleção feminina de basquete é também um reencontro entre as jogadoras brasileiras, a maioria vivendo na Europa. Das 17 atletas convocadas pelo técnico Antônio Carlos Barbosa, 10 terminaram a temporada na Europa.
A pivô Alessandra, de 30 anos e 1,98 m, atendeu o celular falando em italiano, na volta do treino da seleção, ontem, em São Paulo. "É minha amiga Carlota (da Itália)", avisa. Ela renovou contrato com Veneza, mora a oito quilômetros, em Fávaro Venetto, onde também treina. Já morou e jogou em Messina e Como, na Itália, e também na Iugoslávia e Hungria. Está na Europa desde 1997.
"São atletas da seleção, não tenho de ensiná-las a jogar. A partir da avaliação física faremos um treinamento baseado nas necessidades de cada uma e depois, é montar o grupo, encaixar as peças", afirma Barbosa. O técnico terá o grupo completo, em quadra, a partir de quarta-feira, quando as seis jogadoras, incluindo a ala Janeth, que estava na decisão do Campeonato Paulista, estarão integradas ao grupo.
"O entrosamento não será problema. Quero um equilíbrio entre treino, descanso e jogos", acentua Barbosa, que terá um mês e meio de preparação com o grupo completo até a estréia na Olimpíada, dia 14 de agosto, contra o Japão.
Em função da saída das brasileiras para o exterior - cada vez mais jovens -, um fenômeno que vem se multiplicando nos últimos anos, por causa da valorização do euro diante do real e dos poucos patrocinadores e clubes do basquete nacional, em 2000, na preparação para Sydney, o técnico teve o grupo completo por um tempo menor ainda. "A Claudinha e a Cíntia se integraram ao grupo uma semana antes do embarque e a Janeth encontrou a seleção no Havaí", lembra Barbosa.
A passagem pela Europa também serviu para dar maturidade a algumas jogadoras mais jovens, como Iziane, de 22 anos, que está fora desde 2001, já passou pela Europa e pela WNBA. Fez a pré-temporada com o Phoenix Mercury, mas reinscidiu seu contrato com a equipe da liga americana. "Ela voltou amadurecida, com um basquete mais consistente", afirma Barbosa.
Do grupo de 17 jogadoras, o técnico terá de fazer cinco cortes. Mas tem uma base de nove atletas que teriam prioridade nas vagas: Adrianinha, Helen, Janeth, Leila e Iziane, Érika, Alessandra, Cíntia e Kelly. Das 9, apenas Leila e Janeth não estão na Europa.
A pivô Alessandra, de 30 anos e 1,98 m, atendeu o celular falando em italiano, na volta do treino da seleção, ontem, em São Paulo. "É minha amiga Carlota (da Itália)", avisa. Ela renovou contrato com Veneza, mora a oito quilômetros, em Fávaro Venetto, onde também treina. Já morou e jogou em Messina e Como, na Itália, e também na Iugoslávia e Hungria. Está na Europa desde 1997.
"São atletas da seleção, não tenho de ensiná-las a jogar. A partir da avaliação física faremos um treinamento baseado nas necessidades de cada uma e depois, é montar o grupo, encaixar as peças", afirma Barbosa. O técnico terá o grupo completo, em quadra, a partir de quarta-feira, quando as seis jogadoras, incluindo a ala Janeth, que estava na decisão do Campeonato Paulista, estarão integradas ao grupo.
"O entrosamento não será problema. Quero um equilíbrio entre treino, descanso e jogos", acentua Barbosa, que terá um mês e meio de preparação com o grupo completo até a estréia na Olimpíada, dia 14 de agosto, contra o Japão.
Em função da saída das brasileiras para o exterior - cada vez mais jovens -, um fenômeno que vem se multiplicando nos últimos anos, por causa da valorização do euro diante do real e dos poucos patrocinadores e clubes do basquete nacional, em 2000, na preparação para Sydney, o técnico teve o grupo completo por um tempo menor ainda. "A Claudinha e a Cíntia se integraram ao grupo uma semana antes do embarque e a Janeth encontrou a seleção no Havaí", lembra Barbosa.
A passagem pela Europa também serviu para dar maturidade a algumas jogadoras mais jovens, como Iziane, de 22 anos, que está fora desde 2001, já passou pela Europa e pela WNBA. Fez a pré-temporada com o Phoenix Mercury, mas reinscidiu seu contrato com a equipe da liga americana. "Ela voltou amadurecida, com um basquete mais consistente", afirma Barbosa.
Do grupo de 17 jogadoras, o técnico terá de fazer cinco cortes. Mas tem uma base de nove atletas que teriam prioridade nas vagas: Adrianinha, Helen, Janeth, Leila e Iziane, Érika, Alessandra, Cíntia e Kelly. Das 9, apenas Leila e Janeth não estão na Europa.
Heleni Felippe
Equilíbrio no basquete: globalização
São Paulo - A maioria das jogadoras da seleção brasileira de basquete atua em clubes da Europa, onde se misturam a atletas de todos os países. A norte-americana WNBA está cada vez mais internacionalizada e até a Coréia do Sul já abriu suas portas às estrangeiras. É o basquete globalizado, que pode se refletir em equilíbrio no torneio olímpico de Atenas, em agosto. Para o técnico Antônio Carlos Barbosa, tirando o campeão olímpico e mundial Estados Unidos, o pódio dos Jogos "está aberto". Será a quarta participação das meninas do Brasil em Olimpíadas.
"O Brasil vai fazer de tudo para estar nesse pódio", acentua o técnico, que considera ter uma seleção ainda mais competitiva que a dos Jogos de Sydney, em 2000, que conquistou a medalha de bronze já sem Paula e Hortência. Com as duas no time, nos Jogos de 1996, em Atlanta, a seleção perdeu dos EUA na final e ficou com a prata. Em Barcelona, em 92, primeira participação brasileira nos Jogos, a seleção foi sétima e penúltima colocada - o basquete estreou no programa olímpico em 76.
As jogadoras concordam que o torneio deve ser equilibrado. "Temos 50% de chance de ficar na zona de medalhas, entre as quatro semifinalistas, e 50% de ficar fora. O nível mundial está muito igual. Se o Japão conseguiu bater a Coréia nos Jogos Asiáticos, tem méritos", afirma a pivô Alessandra, de 30 anos e 1,98 m, que joga na Europa - fez uma temporada na Coréia - desde 97. Disputará sua terceira Olimpíada - é campeã mundial (1994) e dona de duas medalhas olímpicas. "Tem Austrália, Rússia, Japão no nosso grupo; EUA, China e Espanha no outro... Nossa, vai ser interessante."
A armadora Helen, de 31 anos e 1,75 m, que voltou ao Brasil casada com um espanhol depois de mais uma temporada na Europa, também fala de equilíbrio e do Japão. A preocupação com o jogo acelerado das asiáticas é justificada - as japonesas serão as adversárias de estréia, em 14 de agosto, pelo Grupo A. "O Japão não é fácil. Acho que a Olimpíada de Atenas será uma das mais equilibradas de todos os tempos. Com exceção dos EUA, as outras seleções se equivalem. Não se pode descuidar um minuto. A equipe que estiver fortalecida mentalmente, souber enfrentar a pressão e pensar jogo a jogo chegará à fase decisiva."
Helen acha que para chegar à final será preciso saber perder e ganhar na etapa de classificação e, imediatamente, pensar na partida seguinte. Depois do Japão, as brasileiras enfrentam Grécia (15 de agosto), Rússia (18), Nigéria (20) e Austrália (22). No Grupo B estão EUA, China, Espanha, República Checa, Coréia e Nova Zelândia. Na primeira fase, no ginásio de Heleniko, classificam-se quatro equipes de cada chave. O mata-mata começa nas quartas-de-final (dia 25) - é proibido perder.
A semifinal (27) e a disputa de medalhas (28) serão no Ginásio Olímpico. "A estréia contra o Japão não é jogo para brincar", afirma Barbosa. O cruzamento é outro momento delicado. "Não quero ser quarto para não pegar os EUA, teoricamente o primeiro da outra chave, no jogo da morte. O ideal seria ser primeiro ou terceiro do grupo, para também escapar dos EUA na semifinal. Mas é melhor enfrentar Coréia, Espanha, República Checa ou China? Não dá para responder", avalia Barbosa, de 59 anos, que deve ser candidato a prefeito de Bauru (SP) pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS). A tendência, após a Olimpíada, seria assumir um cargo de coordenação no basquete feminino.
O técnico acha que pode enfrentar os jogos do equilíbrio com um grupo que reúne jogadoras de quatro gerações: as que participaram das seleções juvenis de 1989, como Janeth e Helen; de 1993, como Alessandra e Leila; de 1997, como Adrianinha e Kelly, e de 2003, como Érika - Iziane é desse grupo, mesmo ausente do Mundial em que o Brasil foi vice-campeão. O técnico convocou 17 jogadoras - as últimas seis, incluindo Janeth, se apresentam à seleção, que treina em São Paulo, amanhã. Barbosa fará cortes, mas tem uma base: Adrianinha, Helen, Iziane, Janeth, Leila, Cíntia Tuiu, Kelly, Érika e Alessandra. "Temos boas opções."
Em junho, o Brasil só treinará. Jogar, só em julho. Primeiro, amistosos contra Cuba, que podem virar um quadrangular se a Confederação Brasileira de Basquete conseguir trazer a Polônia e uma quarta equipe.
A seleção viaja para a Grécia em 29 de julho, onde disputará, na Ilha de Creta, o torneio Diamond Ball, com Nigéria e China no grupo. Na outra chave estão Coréia, Austrália e Grécia. Em seguida, se instala na vila olímpica de Atenas, à espera da estréia contra o Japão.
"O Brasil vai fazer de tudo para estar nesse pódio", acentua o técnico, que considera ter uma seleção ainda mais competitiva que a dos Jogos de Sydney, em 2000, que conquistou a medalha de bronze já sem Paula e Hortência. Com as duas no time, nos Jogos de 1996, em Atlanta, a seleção perdeu dos EUA na final e ficou com a prata. Em Barcelona, em 92, primeira participação brasileira nos Jogos, a seleção foi sétima e penúltima colocada - o basquete estreou no programa olímpico em 76.
As jogadoras concordam que o torneio deve ser equilibrado. "Temos 50% de chance de ficar na zona de medalhas, entre as quatro semifinalistas, e 50% de ficar fora. O nível mundial está muito igual. Se o Japão conseguiu bater a Coréia nos Jogos Asiáticos, tem méritos", afirma a pivô Alessandra, de 30 anos e 1,98 m, que joga na Europa - fez uma temporada na Coréia - desde 97. Disputará sua terceira Olimpíada - é campeã mundial (1994) e dona de duas medalhas olímpicas. "Tem Austrália, Rússia, Japão no nosso grupo; EUA, China e Espanha no outro... Nossa, vai ser interessante."
A armadora Helen, de 31 anos e 1,75 m, que voltou ao Brasil casada com um espanhol depois de mais uma temporada na Europa, também fala de equilíbrio e do Japão. A preocupação com o jogo acelerado das asiáticas é justificada - as japonesas serão as adversárias de estréia, em 14 de agosto, pelo Grupo A. "O Japão não é fácil. Acho que a Olimpíada de Atenas será uma das mais equilibradas de todos os tempos. Com exceção dos EUA, as outras seleções se equivalem. Não se pode descuidar um minuto. A equipe que estiver fortalecida mentalmente, souber enfrentar a pressão e pensar jogo a jogo chegará à fase decisiva."
Helen acha que para chegar à final será preciso saber perder e ganhar na etapa de classificação e, imediatamente, pensar na partida seguinte. Depois do Japão, as brasileiras enfrentam Grécia (15 de agosto), Rússia (18), Nigéria (20) e Austrália (22). No Grupo B estão EUA, China, Espanha, República Checa, Coréia e Nova Zelândia. Na primeira fase, no ginásio de Heleniko, classificam-se quatro equipes de cada chave. O mata-mata começa nas quartas-de-final (dia 25) - é proibido perder.
A semifinal (27) e a disputa de medalhas (28) serão no Ginásio Olímpico. "A estréia contra o Japão não é jogo para brincar", afirma Barbosa. O cruzamento é outro momento delicado. "Não quero ser quarto para não pegar os EUA, teoricamente o primeiro da outra chave, no jogo da morte. O ideal seria ser primeiro ou terceiro do grupo, para também escapar dos EUA na semifinal. Mas é melhor enfrentar Coréia, Espanha, República Checa ou China? Não dá para responder", avalia Barbosa, de 59 anos, que deve ser candidato a prefeito de Bauru (SP) pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS). A tendência, após a Olimpíada, seria assumir um cargo de coordenação no basquete feminino.
O técnico acha que pode enfrentar os jogos do equilíbrio com um grupo que reúne jogadoras de quatro gerações: as que participaram das seleções juvenis de 1989, como Janeth e Helen; de 1993, como Alessandra e Leila; de 1997, como Adrianinha e Kelly, e de 2003, como Érika - Iziane é desse grupo, mesmo ausente do Mundial em que o Brasil foi vice-campeão. O técnico convocou 17 jogadoras - as últimas seis, incluindo Janeth, se apresentam à seleção, que treina em São Paulo, amanhã. Barbosa fará cortes, mas tem uma base: Adrianinha, Helen, Iziane, Janeth, Leila, Cíntia Tuiu, Kelly, Érika e Alessandra. "Temos boas opções."
Em junho, o Brasil só treinará. Jogar, só em julho. Primeiro, amistosos contra Cuba, que podem virar um quadrangular se a Confederação Brasileira de Basquete conseguir trazer a Polônia e uma quarta equipe.
A seleção viaja para a Grécia em 29 de julho, onde disputará, na Ilha de Creta, o torneio Diamond Ball, com Nigéria e China no grupo. Na outra chave estão Coréia, Austrália e Grécia. Em seguida, se instala na vila olímpica de Atenas, à espera da estréia contra o Japão.
Basquete: 10 anos do título mundial
São Paulo - Foi em 12 de junho de 1994, há dez anos, quando o público acompanhava a Copa do Mundo dos Estados Unidos, que a seleção brasileira feminina de basquete entrou para a história ao vencer o Mundial da Austrália e quebrar a hegemonia de EUA e Rússia.
Naquele Mundial, Hortência fez 221 pontos, Paula marcou 181 e Janeth contribuiu com outros 149. Foi ali também que o trio de cestinhas ganhou poder com a chegada de pivôs altas e fortes. Química que deu o título ao Brasil e abriu caminho para medalhas olímpicas em Atlanta/1996 (prata) e Sydney/2000 (bronze) - a última já sem Paula e Hortência.
Hortência, aos 45 anos, em recuperação de cirurgia de vesícula, disse que o título mundial de 94 foi surpreendente. Ninguém esperava que o Brasil quebrasse a série de vitórias de americanas e russas. “Tinha 35 anos e consegui um título aos 44 do segundo tempo. Foi inacreditável, adorável encerrar a carreira assim.”
A principal recordação dela é a semifinal. “Parecia impossível vencer os Estados Unidos...”, lembrou. Por isso, Hortência acha que o título aumentou o respeito “do mundo pela camisa do Brasil”.
Para Paula, 42 anos, o título teve sabor “de dever cumprido”. O Brasil passou a ter “consciência de que o basquete feminino podia almejar resultados”. A lembrança do torneio é o jogo contra a Espanha, em que “a seleção esteve atrás o tempo todo e ganhou de virada. Poderia ter perdido a chance do título”. E contra a China. “Jogamos na Chinatown deles, mas a China não esperava nossa evolução no torneio.”
Mas, embora importante, Paula acha que o título não teve a visibilidade da prata olímpica, conquistada dois anos depois. Para Janeth, 35 anos – se apresenta à seleção que vai para Atenas nesta segunda-feira –, o título deu ao Brasil respeito no basquete mundial. Ela recorda os dois últimos jogos. “As chinesas nos venceram na fase classificatória e achavam que demos sorte na semifinal contra os Estados Unidos. O Brasil foi muito determinado.”
A pivô Alessandra, 30 anos e 1,98 m, chegou à seleção em 93. “Foi meu primeiro Mundial, primeiro ano como titular, jogando ao lado de Paula e Hortência. ‘Que time era aquele!”, comemora.
A armadora Helen, 32 anos e 1,75 m, afirma que o Mundial coincidiu com a Copa dos EUA e o time embarcou desacreditado. “Ninguém achava que pudéssemos ganhar”, disse. Ela recorda momentos dramáticos da campanha. “Perdíamos feio da Espanha e viramos. Pegamos os Estados Unidos na semifinal e o Mundial poderia acabar ali. Vencemos. Tínhamos perdido da China e fomos à final contra ela. Vencemos.”
A ala-pivô Leila, 29 anos e 1,87 m, “lembra de tudo” em seu primeiro Mundial, da longa viagem à Austrália, do hotel e do ginásio. “Era lindo! O placar, o vestiário, fomos bem recebidas. Me sentia uma pop star.”
Na quadra, ficou marcada a final. Encontrou a pivô Zeng Haixia, mais forte e alta do que ela, no elevador do hotel, antes do jogo. “Olhei para cima e vi como era grande. Peguei na mão da Alessandra e disse: ‘Alê do céu’. Marquei a Haixia, e bem”, contou Leila.
Naquele Mundial, Hortência fez 221 pontos, Paula marcou 181 e Janeth contribuiu com outros 149. Foi ali também que o trio de cestinhas ganhou poder com a chegada de pivôs altas e fortes. Química que deu o título ao Brasil e abriu caminho para medalhas olímpicas em Atlanta/1996 (prata) e Sydney/2000 (bronze) - a última já sem Paula e Hortência.
Hortência, aos 45 anos, em recuperação de cirurgia de vesícula, disse que o título mundial de 94 foi surpreendente. Ninguém esperava que o Brasil quebrasse a série de vitórias de americanas e russas. “Tinha 35 anos e consegui um título aos 44 do segundo tempo. Foi inacreditável, adorável encerrar a carreira assim.”
A principal recordação dela é a semifinal. “Parecia impossível vencer os Estados Unidos...”, lembrou. Por isso, Hortência acha que o título aumentou o respeito “do mundo pela camisa do Brasil”.
Para Paula, 42 anos, o título teve sabor “de dever cumprido”. O Brasil passou a ter “consciência de que o basquete feminino podia almejar resultados”. A lembrança do torneio é o jogo contra a Espanha, em que “a seleção esteve atrás o tempo todo e ganhou de virada. Poderia ter perdido a chance do título”. E contra a China. “Jogamos na Chinatown deles, mas a China não esperava nossa evolução no torneio.”
Mas, embora importante, Paula acha que o título não teve a visibilidade da prata olímpica, conquistada dois anos depois. Para Janeth, 35 anos – se apresenta à seleção que vai para Atenas nesta segunda-feira –, o título deu ao Brasil respeito no basquete mundial. Ela recorda os dois últimos jogos. “As chinesas nos venceram na fase classificatória e achavam que demos sorte na semifinal contra os Estados Unidos. O Brasil foi muito determinado.”
A pivô Alessandra, 30 anos e 1,98 m, chegou à seleção em 93. “Foi meu primeiro Mundial, primeiro ano como titular, jogando ao lado de Paula e Hortência. ‘Que time era aquele!”, comemora.
A armadora Helen, 32 anos e 1,75 m, afirma que o Mundial coincidiu com a Copa dos EUA e o time embarcou desacreditado. “Ninguém achava que pudéssemos ganhar”, disse. Ela recorda momentos dramáticos da campanha. “Perdíamos feio da Espanha e viramos. Pegamos os Estados Unidos na semifinal e o Mundial poderia acabar ali. Vencemos. Tínhamos perdido da China e fomos à final contra ela. Vencemos.”
A ala-pivô Leila, 29 anos e 1,87 m, “lembra de tudo” em seu primeiro Mundial, da longa viagem à Austrália, do hotel e do ginásio. “Era lindo! O placar, o vestiário, fomos bem recebidas. Me sentia uma pop star.”
Na quadra, ficou marcada a final. Encontrou a pivô Zeng Haixia, mais forte e alta do que ela, no elevador do hotel, antes do jogo. “Olhei para cima e vi como era grande. Peguei na mão da Alessandra e disse: ‘Alê do céu’. Marquei a Haixia, e bem”, contou Leila.
Heleni Felippe
Fonte: Estado de São Paulo
Nota: Uma bela série de quatro matérias da competente Heleni Felippe. Só não sei por que a imprensa brasileira insiste nessa armadilha da nova-Hortência, da nova-Paula, do novo-Oscar.... Totalmente desnecessária.
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