domingo, 13 de junho de 2004

Barcelona '92: podíamos ter ido bem mais longe

Talvez ainda eufóricas com a fantástica e quase milagrosa classificação no pré-olímpico de Vigo, poucas semanas antes, a seleção brasileira feminina de basquete estreava de forma irregular em jogos olímpicos.

Na época, oitos equipes disputavam as medalhas, divididas em dois grupos de quatro, onde classificavam-se as duas primeiras para o cruzamento semifinal. Estávamos no grupo A, com a CEI (antiga União Soviética), Cuba (a mesma para qual havíamos ganhado o Pan um ano antes) e Itália (para quem havíamos ganho com facilidade pelo pré-olímpico). O grupo B contava com EUA, China, Tchecoslováquia e Espanha.

Na estréia, novo jogo tranquilo contra o time liderado por Catarina Pollini e Mara Fullin. A diferença de 15 pontos enchia de esperanças nossa torcida que, enfim, via o basquete feminino estrear em uma olimpíada.

A segunda partida, decisiva contra Cuba, parecia reprise do Pan de Havana; jogávamos fácil, com várias assistências chegando a abrir 10 pontos no intervalo de jogo. Nos minutos finais, porém, Cuba tirou a diferença e faltando menos de 30 segundos, com o jogo empatado em 80 pontos, Marta arremessou uma bola de 3 pontos...o Brasil prendeu a respiração...deu aro...mas Paula, como um elástico, recuperou a bola que terminou parando novamente nas mãos de Marta que...arremessou novamente de 3. Deu aro e desta vez Cuba pegou o rebote, e por muito pouco, não faz a cesta da vitória. Na prorrogração, rapidamente as Cubanas abriram 8 pontos, levando o Brasil a sua primeira derrota.



Marta e o lance decisivo para as pretensões do Brasil em Barcelona



Nosso terceiro jogo seria contra a CEI, antiga União Soviética, contra a qual disputávamos a última vaga do grupo para as semifinais. Num jogo completamente apático, nossa equipe assistiu as adversárias aplicarem seu ritmo de jogo, e nem a saída de Zassoulskaya com 3 faltas ainda no 1º tempo, fez com que tivessemos alguma chance.






Janeth arranca para uma bandeija no jogo contra as Soviéticas: ela foi a mais regular da campanha.


Sem chances de medalha, jogamos contra a Tchecoslováquia quando colecionamos mais uma derrota. A sétima colocação veio contra um novo jogo com as Italianas - desta vez um jogo parelho, decidido apenas na prorrogação.

Pela disputa das medalhas, foi maravilhoso ver nas semifinais, a CEI desbancar a mascarada seleção americana, que contava com Suzie McConnell, Teresa Wheatherspoon, Vicky Bullet, Cynthia Cooper, Teresa Edwards e Katrinna McClain.
Na outra semifinal, A China destroçou Cuba com 39 pontos de diferença, e a classificação para fazer a grande final olímpica contra a CEI.



Na final, ouro para as "Soviéticas", que a partir dali, seriam "Ucranianas", "Lituanas", "Russas", etc.




Apesar da frustração, valeu pela alegria de ver o sonho realizado. Era difícil não ver Paula e Hortência disputando jogos olímpicos e pelo menos em Barcelona tivemos este prazer. Sem falar que serviu de experiência para a consagradora participação em Atlanta, quatro anos depois. Muito embora na época nossas estrelas imaginassem não participar das Olimpíadas de 96, o tempo passou, o mundial de 94 veio, e tudo mudou.

Em anexo, seguem algumas reportagens relacionadas, extraídas da extinta e saudosa "Superbasquete" do nosso Juarez Araujo.



Texto que fala sobre o infeliz lance contra Cuba





Hortência temia encerrar sua carreira sem conquistar uma medalha olímpica



Todos os resultados


É pessoal...faltam apenas 60 dias para Atenas 2004: SÃO APENAS 2 MESES!!!

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