quinta-feira, 23 de outubro de 2003

Torneio começa com promessa de recuperação da qualidade
Marta Teixeira


Luiz Bittar/Gazeta PressRepresentantes das equipes se reuniram em São Paulo para a apresentação do torneio
São Paulo (SP) - A 6ª edição do Campeonato Nacional Feminino de Basquete começa neste domingo com quatro jogos e a promessa de resgatar bons momentos da categoria nas quadras. Para os envolvidos no torneio, as disputas deste ano têm tudo para ser mais acirradas. O motivo é a presença de atletas que atuavam no exterior.
O retorno mais decisivo é, sem dúvida, o da ala/Janeth que vai defender o Unimed/Ourinhos/Pão de Açúcar. Depois de muito mistério, ela participou nesta quinta-feira da apresentação oficial do torneio, em São Paulo, com a blusa da equipe. 'Estou muito feliz em disputar mais um Nacional e por voltar ao Ourinhos. No ano que fui para lá fomos campeões paulistas (2002)', diz a jogadora, planejando conquistar um título inédito para a equipe.

Ao contrário do que aconteceu na temporada passada, quando disputou apenas das semifinais em diante, Janeth vai participar do torneio desde o início. Mas ela não é a única que trocou as competições internacionais pelo basquete brasileiro.

Ourinhos também vai contar com a pivô Érika, outra que ficou fora da primeira fase da temporada nacional passada por não estar no país. Contar com reforços que atuavam no exterior não é privilégio da equipe paulista. O Sírio/Black & Decker/Uberaba, contratou três atletas nesta situação.

Entrando em nova fase sob o comando do técnico Edson Ferretto, a equipe contará com a ala/pivô Maristela, a ala Cíntia Luz e a ala/pivô Patrícia, que estavam na Espanha. O Unimed/Americana, apontado ao lado de Ourinhos como um dos favoritos na competição, também tem sua egressa do exterior, a armadora Jacqueline, que estava na França. O catarinense Lages/Consórcio Battistella espera a chegada da ala Patrícia Mara, que estava jogando em Moçambique, e que deve se apresentar no próximo mês.

Duas vezes campeão nacional, o técnico Antônio Carlos Vendramini, do Ourinhos, acredita que tudo isso pode aumentar a competitividade no torneio, que sofreu uma queda no ano passado. 'O quinto (Nacional) caiu em relação aos outros quatro com a saída das jogadoras e por causa da situação financeira'. Comparando com o Paulista, principal torneio estadual do país, Vendramini já nota uma evolução. 'As equipes se reforçaram em relação ao Paulista e vão ter um nível técnico superior', acredita.

Na opinião do técnico da seleção brasileira, Antonio Carlos Barbosa, a saída das atletas é reflexo de uma situação circunstancial: a crise financeira. 'Se o dólar cair, volta a ser como antes', diz, referindo-se à situação da primeira edição do torneio. 'Foi o melhor Nacional de todos com estrangeiras como Elena (Tornikidou), Vendrana e Vicky Bullet e todas as jogadoras da seleção'. Apesar do panorama atual ser hoje, Barbosa também espera uma competição de nível a partir deste final de semana.

O primeiro teste para estas expectativas será domingo, às 11 horas, quando Americana recebe Uberaba, no ginásio do Centro Cívico, abrindo a competição. Às 15h30, Ourinhos enfrenta o São Caetano, no ginásio Monstrinho. Os dois jogos serão transmitidos ao vivo pela Sportv.

A primeira rodada tem ainda outros dois jogos programados. Santo André e Databasket/São Bernardo, em Santo André, e Lages e São Paulo/Guaru, em Lages, ambos às 15 horas. O Nacional será disputado em turno e returno pelas oito equipes. Os dois primeiros colocados na fase inicial têm vaga assegurada nas semifinais e os outros dois classificados sairão das quartas-de-final, em sistema melhor-de-três.


Janeth vai para Ourinhos e abre mão da WNBA
Marta Teixeira

Luiz Bittar/GP
A ala pretende jogar Nacional e Paulista e faz planos com a seleção até 2006 e
São Paulo (SP) - Os planos da ala Janeth Arcain estão traçados na seleção até o Mundial de 2006. Nesta quinta-feira, ela apresentou-se oficialmente como reforço do Unimed/Ourinhos/Pão de Açúcar para o 6º Campeonato Nacional Feminino de Basquete e afirmou que pretende continuar no país também durante o Campeonato Paulista de 2004. Para isso, a ala abriria mão de participar de mais uma temporada da WNBA, nos Estados Unidos.
Se disputará as duas competições nacionais pela mesma equipe, Janeth ainda não sabe. 'Este contrato (com Ourinhos) é só para o Nacional, mas estou pensando em ficar também no Paulista. Se vai ser no Ourinhos ou não vai depender', admite a jogadora.

Nos Estados Unidos, Janeth obteve algumas conquistas impressionantes para uma jogadora estrangeira. Ela disputa o torneio desde a sua criação, há seis temporadas. Defendendo sempre o Houston Comets, a brasileira foi tetracampeã da liga e é a única jogadora da equipe que atuou em todos os jogos da franquia.

O reconhecimento da ala extrapola o ambiente do Houston, tanto que na temporada de 2001 a liga produziu e distribuiu um boneco com a imagem da jogadora. Vale a pena abrir mão de tudo isso para jogar no país? 'Estou abrindo mão de um campeonato que disputo todo ano, mas tudo vale a pena sendo pela seleção', garante Janeth. A motivação principal da atleta é a disputa dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004 para a qual o Brasil garantiu sua vaga com a conquista do título no Pré-olímpico do México.

A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) pretende manter o programa de repatriamento criado este ano para garantir que mais atletas optem por retornar ao país o quanto antes para reforçar a seleção. 'Com os recursos da lei Agnelo Piva, mais o nosso patrocínio vamos providenciar a ajuda de custo pelos três meses', garante o presidente Gerasime Grego Bozikis.

Em 2003, a ajuda de custo permitiu que atletas como Adrianinha e Cíntia Tuiú antecipassem seu retorno ao país. No ano que vem, as expectativas do dirigente são ainda maiores. 'Elas sabem que jogar uma Olimpíada é muito importante', diz.

A importância do torneio olímpico levou a própria WNBA a mudar seu calendário, interrompendo as disputas durante o mês de agosto para que suas atletas possam servir às seleções de seu país. Mas para o técnico Antonio Carlos Barbosa, apenas esse mês de dispensa não é suficiente. 'Para nós a parada da WNBA não resolve. Toas as vezes que tivemos um bom treinamento fizemos boas campanhas', explica.

Na Grécia, o objetivo nacional é o pódio e, mais ainda, a inédita medalha de ouro - o Brasil foi prata e ouro, respectivamente, nas duas últimas edições do torneio. Com o respaldo da Eletrobrás, patrocinadora da equipe desde o início deste semestre, Janeth acredita que o grupo poderá fazer uma boa preparação com treinos e amistosos adequados.


Uberaba e Lages querem mudar a geografia da modalidade

Marta Teixeira

Luiz Bittar/GP

Ferretto começa novo trabalho em busca de tradição
São Paulo (SP) - São Paulo, ABC Paulista e Rio de Janeiro. Os eixos do basquete feminino nacional normalmente saíram pouco deste circuito ao longo do tempo, com exceção digna de nota para o Paraná Basquete, que chegou a ser campeão do país em 2000. Com o fechamento da frente carioca, que naufragou com o projeto vascaíno, o circuito ficou mais restrito. Mas já há quem trabalhe para expandir estas linhas. Sírio/Black & Decker/Uberaba e Lages/Consórcio Batistella disputam o torneio determinados a não fazer apenas figuração, mas principalmente criar um novo mercado.
O técnio Edson Ferretto, que assumiu o Uberaba nesta temporada quer fazer com o feminino, o mesmo que foi feito com o masculino em Uberlândia. 'Queremos resgatar o orgulho do basquete uberabense', afirma o treinador. 'Pelo bem não só meu, mas das jogadoras e do próprio basquete'.

Em Minas, ele quer repetir o sucesso do projeto que foi implantado em Ourinhos (SP), hoje um dos principais núcleos femininos de basquete do Brasil. Como treinador desde 1977, Ferretto se orgulha de nunca ter ficado um ano parado e de estar sempre envolvido em projetos de implantação da modalidade. Mais do que missão, ele classifica a situação como uma atividade para satisfação pessoal. 'Faço porque gosto, me dá prazer. Missão é quando você tem de dar muito, mas eu também ganho bastante', afirma.

Não é apenas Minas Gerais que deseja entrar de vez no cenário da modalidade. Em seu segundo ano de Nacional, Lages está disposto a conquistar mais espaço a cada temporada. 'Estamos iniciando uma tradição. Nossa equipe foi montada para o regional do ano passado', lembra o diretor e presidente da equipe Alexandre Vieira. O time chegou ao Nacional de 2002 depois da desistência de Florianópolis. 'Este ano não, conquistamos o bicampeonato catarinense e garantimos a vaga também para o próximo ano'.

Segundo ele, o trabalho já começa a dar resultados e a equipe tem conseguido atrair uma média de mil a 1.200 torcedores em seus jogos. 'A cidade já está aderindo e hoje existe um respeito. No início, tínhamos dificuldade até para contratar jogadoras', lembra Vieira.

Mais uma vez, o masculino serve de motivação para o projeto. 'Lages tinha 84 títulos estaduais no masculino e nenhum no feminino. Resolvemos que era hora de embelezar o basquete catarinense. No começo, torciam o nariz para nosso trabalho agora não'.

Neste domingo, as duas equipes fazem sua estréia no Nacional de 2003. Na abertura da rodada, Uberaba enfrenta o Unimed/Americana, às 11 horas, no ginásio Centro Cívico, em Americana (SP). Lages recebe o São Paulo/Guaru, às 15 horas.


Lages apresenta equipe com modelo e quer 12 horas de viagem

Marta Teixeira
Luiz Bittar/Gazeta Press
A modelo Juliana foi representar o time de Lages e diz que voltar às quadras
São Paulo (SP) - Quando a cidade de Lages pensou em embelezar o basquete catarinense, criando uma equipe feminina não se imaginava chegar a tanto. Nesta quinta-feira, na apresentação do Campeonato Nacional Feminino de Basquete, o time do Lages/Consórcio Battistella encontrou uma alternativa inovadora para representar a equipe, que não pôde comparecer.
A modelo Juliana Paggioli vestiu o uniforme da agremiação, simbolizando as jogadoras, que permaneceram em Santa Catarina treinando. Segundo o diretor-presidente do clube, Alexandre Vieira, a opção pela substituição foi para evitar que o time se desgastasse muito com a viagem. 'Teríamos de ir de Lages para Florianópolis e de Florianópolis para cá. São cinco horas de viagem', diz preocupado com a preparação do grupo.

Mesmo sem ser da equipe, Juliana afirma que também não é ignorante no esporte. 'Joguei de pivô no colégio dos 14 aos 15 anos', afirma e diz que a oportunidade reacendeu o antigo interesse. 'Estou pensando até em voltar a jogar'.

Se Juliana vai ou não voltar às quadras é uma história, outra é que a distância para disputar os jogos em São Paulo já levou a diretoria a estudar alternativas. 'Estamos negociando com a Confederação para as meninas virem de ônibus', explica Vieira. A viagem deste jeito levaria 12 horas, mas ele garante que é mais negócio. 'Viríamos para jogar e ficaríamos em hotel (para descansar)'.

Lages terá que fazer quatro jogos na Grande São Paulo durante o Nacional. Nos confrontos contra Santo André, Databasket/São Bernardo, São Paulo/Guaru e Santa Maria/São Caetano.

Fonte: Gazeta Esportiva

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