Paula & Hortência
A dupla dinâmica está de volta, numa série de entrevistas do site BebaSuco.
Magic Paula
Um toque de mágica no basquete brasileiro
Foram 28 anos de carreira antes que Maria Paula Gonçalves da Silva, a Magic Paula, decidisse abandonar as quadras, em 2000.
Nascida no interior de São Paulo, em Osvaldo Cruz, aos 14 anos de idade foi convocada para defender a Seleção Brasileira de basquete. Peça chave na conquista de vários títulos importantes para o nosso país, recebeu das mãos de Fidel Castro a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Havana, em 1991. Paula também estava presente na conquista do Mundial da Austrália, em 1994, e na conquista da medalha de prata na Olimpíada de Atlanta, em 1996.
O apelido "Magic" surgiu a partir de comparações com o então ídolo da NBA Magic Johnson, que defendia o Los Angeles Lakers. Foi apenas em 1998 que Paula recebeu o convite para disputar a WNBA, a liga feminina de basquete dos EUA, mas a jogadora considera que a proposta chegou tarde demais. Experiências internacionais, no entanto, não faltam em sua vida. Paula foi a primeira brasileira a jogar na Europa, tendo defendido a equipe espanhola Tintoretto, de Madrid, em 1989. Em seu currículo também existem passagens por várias equipes nacionais, como o Unimep de Piracicaba, o BCN/Piracicaba, a Ponte Preta de Campinas e o BCN/Osasco.
Paula já dirigiu o Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa da cidade de São Paulo e, no início de maio de 2003, assumiu a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento, no Ministério do Esporte.
BS - Entre todos os times que você defendeu, de qual guarda as melhores recordações?
Paula - Claro que todas as equipes foram curtidas de maneira diferente, já que a convivência em grupo exige muitos cuidados. A equipe com a qual houve mais sintonia foi aquela em que joguei em Piracicaba, entre 1994 e 1996, defendendo a UNIMEP (Universidade Metodista de Piracicaba). Na seleção, foi a equipe do Pan-Americano de Cuba, em 1991.
BS - No seu site você diz que a conquista do Mundial da Austrália em 1994 é a mais importante de sua carreira. Por quê? A emoção também não foi grande ao conquistar a prata na Olimpíada de Atlanta, em 1996?
Paula - Ser Campeão do Mundo é o máximo para um atleta, apesar de todo o marketing que envolve uma Olimpíada. Esses títulos vieram de forma diferente e cada um representa um momento.
BS - O que faz uma vitória ser mais "saborosa" que outra?
Paula - Aquelas que consideramos impossíveis são as mais saborosas, pois mostram que nada é impossível na vida. Basta acreditar na capacidade de cada um e do grupo.
BS - Você se sente "frustrada" por não ter conquistado algum título ao longo de sua carreira? Qual?
Paula - Não. Acho que chegamos onde merecemos. Muitas vezes não paramos para pensar que os títulos perdidos são conseqüência de um trabalho bem feito do adversário. Não podemos esquecer de que todos têm um mesmo objetivo e se dedicam pra isso.
BS - Em 1989, pela primeira vez você assinou um contrato para jogar fora do Brasil, na Espanha. Qual a principal diferença entre o basquete praticado aqui e o praticado lá? As atletas são mais bem preparadas? A cobrança é maior?
Paula - Fui a primeira jogadora de basquete brasileira a jogar o basquete europeu. Na época em que joguei na Espanha, eles só eram mais organizados do que nós, mas a qualidade técnica estava bem longe da do Brasil, principalmente na qualidade dos treinamentos e da profissionalização. As atletas não sobreviviam do esporte, tinham que trabalhar, então os treinos ficavam complicados. Os treinamentos eram em um período só, mas no Brasil eu estava acostumada a treinar em dois períodos. A cobrança no Brasil era infinitamente superior. Hoje é diferente - temos 14 atletas brasileiras jogando no basquete espanhol, e depois da preparação da seleção espanhola para os Jogos Olímpicos de Barcelona, elas evoluíram muito. Agora estão sempre entre as cinco melhores equipes do mundo.
BS - Em 1998, você foi convidada a disputar a WNBA e não aceitou. Nunca se arrependeu de ter recusado o convite? Sua resposta seria diferente se a proposta tivesse sido feita em outra época?
Paula - Não. Sabe quando um desejo seu chega tarde demais? Pois é, estava em um momento de colher os frutos da minha dedicação, não poderia aceitar um convite por simples capricho, já que não compensava financeiramente e sabia que teria que passar alguns anos provando quem eu era. Veio em um momento errado, quando já me preparava para deixar as quadras.
BS - Na sua opinião, qual é o maior problema estrutural do basquete brasileiro? Existem problemas que você enfrentou no início da sua carreira e que perduram até hoje?
Paula - Quando acontece alguma coisa hoje, a gente vê que nada mudou, desde aquele tempo em que eu jogava. O basquete evoluiu nos treinamentos, nos equipamentos, mas a cabeça da grande maioria que administra a modalidade está no passado.
BS - Você acha que no Brasil o futebol "rouba" o espaço dos demais esportes?
Paula - Não. O futebol é superior às demais modalidades apenas no que diz respeito ao espaço que tem na mídia. Se os nossos campeões pudessem ter a mesma visibilidade e oportunidade que os atletas do futebol, teríamos muito mais campeões. Cada um tem seu espaço.
BS - Você já foi diretora do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa da cidade de São Paulo. Com essa função, o que mudou na visão da Paula jogadora para a Paula dirigente?
Paula - Por favor, não me chame de dirigente, pois acho que essa palavra anda muito pejorativa. Acabei me envolvendo com uma área, a Administração Esportiva, por passar a minha vida inteira cobrando demais deles. Hoje estou do outro lado, sei das dificuldades, mas assim como nas quadras, basta se dedicar e querer transformar as coisas.
BS - Além da estrutura esportiva, o Centro Olímpico conta com profissionais que orientam os jovens fora das quadras. Na sua opinião, o Centro é mais importante para a descoberta de um novo talento ou para a formação de um cidadão?
Paula - Elas correm juntas. Sabemos que desses 1.300 jovens, com idade entre 7 e 17 anos que treinam no Centro Olímpico, nas 11 modalidades esportivas, não serão todos talentos e campeões, mas não temos dúvida de que o esporte tem a capacidade de proporcionar, desde que eles estejam abertos para isso, um futuro bem diferente.
BS - Quais eram as principais diretrizes da Fundação Passe de Mágica, que você tentou criar?
Paula - Era a inclusão da criança, dar chance para conhecer e perceber que podemos ter um mundo melhor. Ainda acredito que esse meu sonho se torne realidade, pois sempre acreditei nos meus desejos, fui em busca e alcancei. O foco não será a descoberta do talento esportivo, mas do ser humano como um todo. Oferecer algo que talvez os pais dessas crianças não pudessem dar.
BS - O quanto você considera importante a alimentação na carreira de um atleta? Você seguia uma dieta diferenciada em época de campeonatos?
Paula - Gostaria de ter sido orientada muito antes quanto à importância da alimentação não só de um atleta, mas de um cidadão. Cheguei a ter acompanhamento de nutricionista na minha carreira, mas esse é um assunto recente. O que aprendi no tempo de atleta, sei que vou carregar comigo a vida inteira.
BS - O que mudou na sua alimentação desde que você abandonou as quadras? Quais cuidados ainda toma para manter a forma?
Paula - Por incrível que pareça, hoje estou bem mais magra do que quando jogava. Tenho que me controlar, pois a minha atividade física não é mais a mesma de antes, e tenho muita facilidade para adquirir alguns quilinhos a mais quando relaxo. Além de controlar a minha alimentação, faço corridas e pilates.
Hortência
A rainha das quadras
Quem não conhece esta estrela do basquete?
Hortência é para nós um ícone do esporte, que mostrou durante sua carreira toda a garra necessária para vencer.
Aqui você vai conhecer os detalhes da vida desta grande esportista, desde o início até os títulos ganhos.
Com vocês... Hortência!
BS - Você é a jogadora de basquete mais conhecida no Brasil e agora decidiu montar um negócio voltado ao esporte. Qual sua intenção em relação ao futuro do esporte no país?
Hortência - Minha empresa não trabalha com esporte, é uma empresa que lida com Marketing de esportes, entretenimento e cultura. Fazemos projetos para empresas, não para times.
BS - O que você espera do basquete feminino atualmente?
Hortência - Eu acho que não anda nada mal, o problema do país é não ter uma política esportiva, e isso afeta o esporte, incluindo o basquete. O basquete tem uma grande equipe, podia ter disputado uma medalha no mundial, o que infelizmente não aconteceu porque eles perderam duas partidas por 1 ponto.
BS - Por que você escolheu o basquete?
Hortência - Não escolhi, foi um dom, não tive um porquê. Foi uma coisa que foi acontecendo, era o melhor para mim, o que eu fazia melhor. Aprendi vários esportes e o basquete foi o que mais gostei.
BS - Como você começou?
Hortência - Comecei no colégio, com uns 13, 14 anos. Participei de um campeonato colegial, e então comecei a treinar em uma escolinha de basquete. Foi aí que viram que eu tinha potencial e começaram a investir em mim
BS - Quais foram os motivos que te influenciaram a sempre progredir?
Hortência - Jogava muito, treinei bastante e treinava mais que os outros. Eu amava aquilo que eu fazia. Fazia com muita dedicação, com amor mesmo.
BS - De onde veio o apoio para seguir em frente no basquete? Qual foi a reação da família?
Hortência - Minha família sempre me apoiou muito, não só eu como meus irmãos. Eles costumavam dizer: “se você vai ser feliz assim, faça o que tem vontade”.
BS - Você imaginava que o seu talento tomaria essas dimensões, te tornando tão conhecida?
Hortência - Nunca pensei em fazer isso, as coisas que eu fazia eram porque eu não gostava de perder, eu tinha algo forte com a derrota, isso me fez crescer muito no esporte. Sou competitiva.
BS - Qual foi a fase mais difícil para você no basquete e por quê?
Hortência - Nunca tive uma fase difícil, sempre fazia as coisas com tanto carinho que nunca notei nada de ruim.
BS - E a mais interessante?
Hortência - Quando ganhava os títulos. Três títulos importantes para mim foram os de Campeã do Mundo, o Pan-Americano em Cuba, e o Vice Olímpico.
BS - Como você encarava a disciplina de treinos?
Hortência - Era muito determinada, e se não for assim, não adianta. Você não consegue chegar onde quer. Ficava o dia inteiro treinando, porque queria ganhar, porque gostava do esporte.
BS - Você já passou por alguma “saia justa” no esporte?
Hortência - Não, mas passei por vários fatos engraçados.
BS - Seus filhos praticam o esporte? Você espera que eles sejam como você?
Hortência - Ainda não, eles são muito pequenininhos, quero que sejam felizes. Eu não espero que pratiquem especificamente o basquete, se for outro esporte, tudo bem. Prefiro vê-los felizes a forçá-los a fazer alguma coisa.
BS - Quais são seus ídolos?
Hortência - Não tenho ídolos, tenho pessoas que admiro. Por exemplo: Ayrton Senna, Zico, Pelé e Michael Jordan.
BS - Você tinha algum cuidado especial com a saúde e alimentação enquanto treinava?
Hortência - Eu tinha cuidados através do médico, nunca fiz nada nem mais nem menos do que me era pedido na parte de física. A única coisa que fazia a mais era mesmo a parte técnica. Eu sempre tive uma alimentação mais saudável, não como muita carne vermelha, massas, carne de porco etc. Prefiro frutas, verduras, legumes, que são mais saudáveis, e eu sou habituada a comer.
BS - Que mensagem você passaria aos atletas que estão começando agora a jogar?
Hortência - Que descubra se esse é o verdadeiro talento dele, e se for, que siga em busca desse objetivo, que treine bastante, se dedique, e coloque em primeiro plano o sonho que tem.
Ainda, sobre os novos rumos da Rainha Hortência, há uma matéria da Revista Istoé:
Hortência de salto alto
Ex-jogadora de basquete vira empresária e faz parceria
com a quinta maior agência do mundo
Lino Rodrigues
Hortência e Dora querem emplacar
dez projetos de marketing esportivo
e cultural por ano
Joy Euro RSCG poderia ser o nome do novo time de basquete da rainha Hortência. Mas como já está com mais de 40 anos e “aposentada” do esporte que a consagrou, Joy (alegria em inglês) é a marca da agência de marketing esportivo, cultural e de entretenimento que ela e a sócia, Dora Kaufman, lançaram na quarta-feira 24 em uma pista de boliche em São Paulo. O negócio tem a parceria da gigante francesa Euro RSCG, a quinta maior agência de propaganda do mundo, com faturamento de US$ 10 bilhões por ano. A Joy será a quarta empresa do grupo no País e chega para atuar no chamado mercado de “não mídia”, que não envolve diretamente anúncios nos veículos de comunicação.
A proposta de Hortência e Dora é levar aos consumidores projetos de marketing que associem marcas a atributos subjetivos, como paixão, diversão e muita emoção. Tudo sempre vinculado ao esporte, à cultura e ao entretenimento. Como? “Propondo novas alternativas para as empresas que desejarem inovar em sua comunicação com o consumidor”, diz Dora, uma veterana do mercado financeiro que há dois anos trabalha com Hortência – elas foram sócias da All-E, do Grupo Fischer. Segundo elas, a All-E não deixa de ser o embrião da nova empreitada, já que foi lá que nasceu a sintonia entre as duas e surgiu a parceria comercial. “Agora temos uma estrutura muito maior, com acesso a pesquisas, outras experiências e clientes do grupo em todo o mundo.” As parceiras não revelam o valor investido na nova empresa, mas, de acordo com Hortência, não é mais do que o “dinheiro de pinga”.
Agora, em vez da bola de basquete, que ela soube conduzir tão bem e arremessar magistralmente nas quadras do mundo, a rainha quer fazer cestas com projetos “inovadores”. “Já estamos com seis projetos sendo analisados por empresas”, diz. A meta é emplacar, ou encestar, dez a cada ano. E, pelo que elas dizem, essa maneira de fazer marketing sem grandes investimentos em propaganda começa a ganhar força no Brasil. Segundo Dora, nos Estados Unidos o mercado que não envolve mídia diretamente representa 76% dos investimentos em marketing. “No Brasil, essa conta já é meio a meio.”
Nesse jogo, ter a companheira certa ao lado é fundamental. Tanto que Hortência compara Dora à inesquecível Magic Paula, só que agora no mundo dos negócios. Como substituta da pivô que esteve a seu lado nas principais vitórias da seleção brasileira de basquete – o primeiro ouro olímpico em Barcelona, em 1992 –, Dora é uma espécie de armadora das jogadas de marketing, que ainda são mantidas em sigilo. “Às vezes, chamo a Dora de Paula”, conta Hortência, lembrando que a sócia tem o dom de conseguir tirar coisas que nem ela sabia que tinha. Exatamente como Paula fazia nas quadras. Dora e Hortência já fizeram projetos bem-sucedidos na All-E para empresas do porte da Avon, TAM e Nestlé. Agora partem para a cesta com a camisa da Joy.
A dupla dinâmica está de volta, numa série de entrevistas do site BebaSuco.
Magic Paula
Um toque de mágica no basquete brasileiro
Foram 28 anos de carreira antes que Maria Paula Gonçalves da Silva, a Magic Paula, decidisse abandonar as quadras, em 2000.
Nascida no interior de São Paulo, em Osvaldo Cruz, aos 14 anos de idade foi convocada para defender a Seleção Brasileira de basquete. Peça chave na conquista de vários títulos importantes para o nosso país, recebeu das mãos de Fidel Castro a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Havana, em 1991. Paula também estava presente na conquista do Mundial da Austrália, em 1994, e na conquista da medalha de prata na Olimpíada de Atlanta, em 1996.
O apelido "Magic" surgiu a partir de comparações com o então ídolo da NBA Magic Johnson, que defendia o Los Angeles Lakers. Foi apenas em 1998 que Paula recebeu o convite para disputar a WNBA, a liga feminina de basquete dos EUA, mas a jogadora considera que a proposta chegou tarde demais. Experiências internacionais, no entanto, não faltam em sua vida. Paula foi a primeira brasileira a jogar na Europa, tendo defendido a equipe espanhola Tintoretto, de Madrid, em 1989. Em seu currículo também existem passagens por várias equipes nacionais, como o Unimep de Piracicaba, o BCN/Piracicaba, a Ponte Preta de Campinas e o BCN/Osasco.
Paula já dirigiu o Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa da cidade de São Paulo e, no início de maio de 2003, assumiu a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento, no Ministério do Esporte.
BS - Entre todos os times que você defendeu, de qual guarda as melhores recordações?
Paula - Claro que todas as equipes foram curtidas de maneira diferente, já que a convivência em grupo exige muitos cuidados. A equipe com a qual houve mais sintonia foi aquela em que joguei em Piracicaba, entre 1994 e 1996, defendendo a UNIMEP (Universidade Metodista de Piracicaba). Na seleção, foi a equipe do Pan-Americano de Cuba, em 1991.
BS - No seu site você diz que a conquista do Mundial da Austrália em 1994 é a mais importante de sua carreira. Por quê? A emoção também não foi grande ao conquistar a prata na Olimpíada de Atlanta, em 1996?
Paula - Ser Campeão do Mundo é o máximo para um atleta, apesar de todo o marketing que envolve uma Olimpíada. Esses títulos vieram de forma diferente e cada um representa um momento.
BS - O que faz uma vitória ser mais "saborosa" que outra?
Paula - Aquelas que consideramos impossíveis são as mais saborosas, pois mostram que nada é impossível na vida. Basta acreditar na capacidade de cada um e do grupo.
BS - Você se sente "frustrada" por não ter conquistado algum título ao longo de sua carreira? Qual?
Paula - Não. Acho que chegamos onde merecemos. Muitas vezes não paramos para pensar que os títulos perdidos são conseqüência de um trabalho bem feito do adversário. Não podemos esquecer de que todos têm um mesmo objetivo e se dedicam pra isso.
BS - Em 1989, pela primeira vez você assinou um contrato para jogar fora do Brasil, na Espanha. Qual a principal diferença entre o basquete praticado aqui e o praticado lá? As atletas são mais bem preparadas? A cobrança é maior?
Paula - Fui a primeira jogadora de basquete brasileira a jogar o basquete europeu. Na época em que joguei na Espanha, eles só eram mais organizados do que nós, mas a qualidade técnica estava bem longe da do Brasil, principalmente na qualidade dos treinamentos e da profissionalização. As atletas não sobreviviam do esporte, tinham que trabalhar, então os treinos ficavam complicados. Os treinamentos eram em um período só, mas no Brasil eu estava acostumada a treinar em dois períodos. A cobrança no Brasil era infinitamente superior. Hoje é diferente - temos 14 atletas brasileiras jogando no basquete espanhol, e depois da preparação da seleção espanhola para os Jogos Olímpicos de Barcelona, elas evoluíram muito. Agora estão sempre entre as cinco melhores equipes do mundo.
BS - Em 1998, você foi convidada a disputar a WNBA e não aceitou. Nunca se arrependeu de ter recusado o convite? Sua resposta seria diferente se a proposta tivesse sido feita em outra época?
Paula - Não. Sabe quando um desejo seu chega tarde demais? Pois é, estava em um momento de colher os frutos da minha dedicação, não poderia aceitar um convite por simples capricho, já que não compensava financeiramente e sabia que teria que passar alguns anos provando quem eu era. Veio em um momento errado, quando já me preparava para deixar as quadras.
BS - Na sua opinião, qual é o maior problema estrutural do basquete brasileiro? Existem problemas que você enfrentou no início da sua carreira e que perduram até hoje?
Paula - Quando acontece alguma coisa hoje, a gente vê que nada mudou, desde aquele tempo em que eu jogava. O basquete evoluiu nos treinamentos, nos equipamentos, mas a cabeça da grande maioria que administra a modalidade está no passado.
BS - Você acha que no Brasil o futebol "rouba" o espaço dos demais esportes?
Paula - Não. O futebol é superior às demais modalidades apenas no que diz respeito ao espaço que tem na mídia. Se os nossos campeões pudessem ter a mesma visibilidade e oportunidade que os atletas do futebol, teríamos muito mais campeões. Cada um tem seu espaço.
BS - Você já foi diretora do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa da cidade de São Paulo. Com essa função, o que mudou na visão da Paula jogadora para a Paula dirigente?
Paula - Por favor, não me chame de dirigente, pois acho que essa palavra anda muito pejorativa. Acabei me envolvendo com uma área, a Administração Esportiva, por passar a minha vida inteira cobrando demais deles. Hoje estou do outro lado, sei das dificuldades, mas assim como nas quadras, basta se dedicar e querer transformar as coisas.
BS - Além da estrutura esportiva, o Centro Olímpico conta com profissionais que orientam os jovens fora das quadras. Na sua opinião, o Centro é mais importante para a descoberta de um novo talento ou para a formação de um cidadão?
Paula - Elas correm juntas. Sabemos que desses 1.300 jovens, com idade entre 7 e 17 anos que treinam no Centro Olímpico, nas 11 modalidades esportivas, não serão todos talentos e campeões, mas não temos dúvida de que o esporte tem a capacidade de proporcionar, desde que eles estejam abertos para isso, um futuro bem diferente.
BS - Quais eram as principais diretrizes da Fundação Passe de Mágica, que você tentou criar?
Paula - Era a inclusão da criança, dar chance para conhecer e perceber que podemos ter um mundo melhor. Ainda acredito que esse meu sonho se torne realidade, pois sempre acreditei nos meus desejos, fui em busca e alcancei. O foco não será a descoberta do talento esportivo, mas do ser humano como um todo. Oferecer algo que talvez os pais dessas crianças não pudessem dar.
BS - O quanto você considera importante a alimentação na carreira de um atleta? Você seguia uma dieta diferenciada em época de campeonatos?
Paula - Gostaria de ter sido orientada muito antes quanto à importância da alimentação não só de um atleta, mas de um cidadão. Cheguei a ter acompanhamento de nutricionista na minha carreira, mas esse é um assunto recente. O que aprendi no tempo de atleta, sei que vou carregar comigo a vida inteira.
BS - O que mudou na sua alimentação desde que você abandonou as quadras? Quais cuidados ainda toma para manter a forma?
Paula - Por incrível que pareça, hoje estou bem mais magra do que quando jogava. Tenho que me controlar, pois a minha atividade física não é mais a mesma de antes, e tenho muita facilidade para adquirir alguns quilinhos a mais quando relaxo. Além de controlar a minha alimentação, faço corridas e pilates.
Hortência
A rainha das quadras
Quem não conhece esta estrela do basquete?
Hortência é para nós um ícone do esporte, que mostrou durante sua carreira toda a garra necessária para vencer.
Aqui você vai conhecer os detalhes da vida desta grande esportista, desde o início até os títulos ganhos.
Com vocês... Hortência!
BS - Você é a jogadora de basquete mais conhecida no Brasil e agora decidiu montar um negócio voltado ao esporte. Qual sua intenção em relação ao futuro do esporte no país?
Hortência - Minha empresa não trabalha com esporte, é uma empresa que lida com Marketing de esportes, entretenimento e cultura. Fazemos projetos para empresas, não para times.
BS - O que você espera do basquete feminino atualmente?
Hortência - Eu acho que não anda nada mal, o problema do país é não ter uma política esportiva, e isso afeta o esporte, incluindo o basquete. O basquete tem uma grande equipe, podia ter disputado uma medalha no mundial, o que infelizmente não aconteceu porque eles perderam duas partidas por 1 ponto.
BS - Por que você escolheu o basquete?
Hortência - Não escolhi, foi um dom, não tive um porquê. Foi uma coisa que foi acontecendo, era o melhor para mim, o que eu fazia melhor. Aprendi vários esportes e o basquete foi o que mais gostei.
BS - Como você começou?
Hortência - Comecei no colégio, com uns 13, 14 anos. Participei de um campeonato colegial, e então comecei a treinar em uma escolinha de basquete. Foi aí que viram que eu tinha potencial e começaram a investir em mim
BS - Quais foram os motivos que te influenciaram a sempre progredir?
Hortência - Jogava muito, treinei bastante e treinava mais que os outros. Eu amava aquilo que eu fazia. Fazia com muita dedicação, com amor mesmo.
BS - De onde veio o apoio para seguir em frente no basquete? Qual foi a reação da família?
Hortência - Minha família sempre me apoiou muito, não só eu como meus irmãos. Eles costumavam dizer: “se você vai ser feliz assim, faça o que tem vontade”.
BS - Você imaginava que o seu talento tomaria essas dimensões, te tornando tão conhecida?
Hortência - Nunca pensei em fazer isso, as coisas que eu fazia eram porque eu não gostava de perder, eu tinha algo forte com a derrota, isso me fez crescer muito no esporte. Sou competitiva.
BS - Qual foi a fase mais difícil para você no basquete e por quê?
Hortência - Nunca tive uma fase difícil, sempre fazia as coisas com tanto carinho que nunca notei nada de ruim.
BS - E a mais interessante?
Hortência - Quando ganhava os títulos. Três títulos importantes para mim foram os de Campeã do Mundo, o Pan-Americano em Cuba, e o Vice Olímpico.
BS - Como você encarava a disciplina de treinos?
Hortência - Era muito determinada, e se não for assim, não adianta. Você não consegue chegar onde quer. Ficava o dia inteiro treinando, porque queria ganhar, porque gostava do esporte.
BS - Você já passou por alguma “saia justa” no esporte?
Hortência - Não, mas passei por vários fatos engraçados.
BS - Seus filhos praticam o esporte? Você espera que eles sejam como você?
Hortência - Ainda não, eles são muito pequenininhos, quero que sejam felizes. Eu não espero que pratiquem especificamente o basquete, se for outro esporte, tudo bem. Prefiro vê-los felizes a forçá-los a fazer alguma coisa.
BS - Quais são seus ídolos?
Hortência - Não tenho ídolos, tenho pessoas que admiro. Por exemplo: Ayrton Senna, Zico, Pelé e Michael Jordan.
BS - Você tinha algum cuidado especial com a saúde e alimentação enquanto treinava?
Hortência - Eu tinha cuidados através do médico, nunca fiz nada nem mais nem menos do que me era pedido na parte de física. A única coisa que fazia a mais era mesmo a parte técnica. Eu sempre tive uma alimentação mais saudável, não como muita carne vermelha, massas, carne de porco etc. Prefiro frutas, verduras, legumes, que são mais saudáveis, e eu sou habituada a comer.
BS - Que mensagem você passaria aos atletas que estão começando agora a jogar?
Hortência - Que descubra se esse é o verdadeiro talento dele, e se for, que siga em busca desse objetivo, que treine bastante, se dedique, e coloque em primeiro plano o sonho que tem.
Ainda, sobre os novos rumos da Rainha Hortência, há uma matéria da Revista Istoé:
Hortência de salto alto
Ex-jogadora de basquete vira empresária e faz parceria
com a quinta maior agência do mundo
Lino Rodrigues
Hortência e Dora querem emplacar
dez projetos de marketing esportivo
e cultural por ano
Joy Euro RSCG poderia ser o nome do novo time de basquete da rainha Hortência. Mas como já está com mais de 40 anos e “aposentada” do esporte que a consagrou, Joy (alegria em inglês) é a marca da agência de marketing esportivo, cultural e de entretenimento que ela e a sócia, Dora Kaufman, lançaram na quarta-feira 24 em uma pista de boliche em São Paulo. O negócio tem a parceria da gigante francesa Euro RSCG, a quinta maior agência de propaganda do mundo, com faturamento de US$ 10 bilhões por ano. A Joy será a quarta empresa do grupo no País e chega para atuar no chamado mercado de “não mídia”, que não envolve diretamente anúncios nos veículos de comunicação.
A proposta de Hortência e Dora é levar aos consumidores projetos de marketing que associem marcas a atributos subjetivos, como paixão, diversão e muita emoção. Tudo sempre vinculado ao esporte, à cultura e ao entretenimento. Como? “Propondo novas alternativas para as empresas que desejarem inovar em sua comunicação com o consumidor”, diz Dora, uma veterana do mercado financeiro que há dois anos trabalha com Hortência – elas foram sócias da All-E, do Grupo Fischer. Segundo elas, a All-E não deixa de ser o embrião da nova empreitada, já que foi lá que nasceu a sintonia entre as duas e surgiu a parceria comercial. “Agora temos uma estrutura muito maior, com acesso a pesquisas, outras experiências e clientes do grupo em todo o mundo.” As parceiras não revelam o valor investido na nova empresa, mas, de acordo com Hortência, não é mais do que o “dinheiro de pinga”.
Agora, em vez da bola de basquete, que ela soube conduzir tão bem e arremessar magistralmente nas quadras do mundo, a rainha quer fazer cestas com projetos “inovadores”. “Já estamos com seis projetos sendo analisados por empresas”, diz. A meta é emplacar, ou encestar, dez a cada ano. E, pelo que elas dizem, essa maneira de fazer marketing sem grandes investimentos em propaganda começa a ganhar força no Brasil. Segundo Dora, nos Estados Unidos o mercado que não envolve mídia diretamente representa 76% dos investimentos em marketing. “No Brasil, essa conta já é meio a meio.”
Nesse jogo, ter a companheira certa ao lado é fundamental. Tanto que Hortência compara Dora à inesquecível Magic Paula, só que agora no mundo dos negócios. Como substituta da pivô que esteve a seu lado nas principais vitórias da seleção brasileira de basquete – o primeiro ouro olímpico em Barcelona, em 1992 –, Dora é uma espécie de armadora das jogadas de marketing, que ainda são mantidas em sigilo. “Às vezes, chamo a Dora de Paula”, conta Hortência, lembrando que a sócia tem o dom de conseguir tirar coisas que nem ela sabia que tinha. Exatamente como Paula fazia nas quadras. Dora e Hortência já fizeram projetos bem-sucedidos na All-E para empresas do porte da Avon, TAM e Nestlé. Agora partem para a cesta com a camisa da Joy.
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