Enfim começou.
Depois de uma longa espera, a "nova" LBF começou.
São apenas dez dias desde o início da temporada, mas o começo é animador.
A competição conseguiu atrair nove equipes, segunda maior marca desde a temporada de estreia, igualando o número de times do torneio de 2011, e abaixo da marca recorde de dez times, em 2014.
Conseguiu algo inédito: a transmissão de jogos em tv aberta, na rede Gazeta, viabilizou a transmissão dos jogos via web _ outra iniciativa bastante ousada e melhorou bastante a divulgação do torneio nas redes sociais.
Realmente chama a atenção o trabalho comandado por Ricardo Molina na entidade, ainda mais quando se considera o cenário de crise da modalidade no país, agravado pelo fracasso na classificação para o Mundial da categoria e por uma incômoda inércia da nova administração da CBB na gestão do feminino.
Havia uma expectativa em função do aumento de equipes e do êxodo de atletas que o torneio fosse (bem) fraco. Mas até o momento não aconteceu nada que não tenhamos visto nos anos anteriores.
São ainda poucos jogos realizados, uma das equipes (Blumenau) ainda não estreou e é precipitado qualquer exercício de adivinhação.
Mas os movimentos iniciais sugerem uma disputa equilibrada, mas polarizada entre duas equipes: o Vera Cruz/Campinas e o Sampaio Basquete.
A equipe campineira dá continuidade ao trabalho de Americana, maior vencedor da LBF, e foi alçada à condição de favorita com a surpreendente contratação de Ariadna. A cubana vem perdendo precisão e explosão nos últimos anos, mas ainda é uma atleta diferenciada no ambiente doméstico. Com a argentina Melissa Gretter, a experiente Babi e as alas Patty e Jeanne, o time tem concentrado seu jogo nesse setor. Nesses primeiros jogos, nota-se uma dose de inibição no bom trio de pivôs (Fabi, Aline e Mônica), um grupo menos acostumado ao protagonismo.
Última equipe a definir o elenco, o Sampaio é uma boa surpresa do começo da temporada. O francês Virgil tinha no currículo como técnico principal uma passagem algo confusa em Americana. Mas contratou com competência e parece ter feito uma escolha acertadíssima com a destemida armadora americana Briahanna Jackson. Mesmo com elenco reduzido, o treinador tem movimentado bastante as atletas e arrancado atuações sólidas de Joice Coelho e Vitória Marcelino. Comenta-se que o poder de fogo do clube pode subir bastante com a chegada de mais um (misterioso) reforço no próximo mês. Entre os nomes especulados está o de Damiris, que certamente colocaria a equipe maranhense em uma situação privilegiada.
Numa situação um pouco abaixo está a tradicional equipe de Santo André. Vista como potencial favorita às vésperas do início da Liga, o time viu suas expectativas serem reduzidas quando Ariadna desertou. Ainda assim o time tem uma organização correta sob o comando do técnico Bruno Guidorizzi, na melhor tradição "lais-elênica" de arrancar leite de pedra. Uma nova contratação (que no momento parece improvável) pode aumentar a cotação do clube na competição.
Se esses três primeiros clubes tem uma organização tática que favorece o trabalho das jogadoras, os outros dois clubes começaram a competição mal pela mão pesada de seus treinadores.
O Funvic/Ituano conta com um quarto da última seleção olímpica (Kelly, Joice e Palmira). Tem boas revelações (como Maira e Licinara) e boas opções no banco (Aruzha e Milena). No entanto sob o comando do eterno Antônio Carlos Barbosa, os ingredientes ainda não renderam um bom prato. O time jogou suas duas partidas de maneira desorganizada e antiquada e enxerga no horizonte uma dura primeira temporada.
Outro técnico que lida mal com seus ingredientes é Roberto Dornelas, do Uninassau Basquete. Até o momento o que se vê é uma dependência enorme das individualidades de Casanova e Gil, a apatia de Tássia e uma porção de jovens (e talentosas) jogadoras desorientadas. Só vejo chance de salvação, caso uma dessas novas atletas consiga se firmar, repetindo o milagre de Raphaella Monteiro na temporada passada.
Entre o trio que parece nesse início menos bem acabado, há o xodó da temporada: o São Bernardo/Unip/Brazolin. É um exercício muito agradável ver um amontoado de meninas jovens e ignoradas pelo mercado dando sinais evidentes do que podem. Ontem foi possível assistir uma atuação incrível de Thayná (30 pontos, maior marca da competição até o momento), uma jogadora de 21 anos que no
ano passado estava relegada à disputa de uma competição amadora. Acompanhar essas meninas e a euforia do técnico Marcio Bellicieri com a primeira vitória já valeu essa liga. Vida longa ao São Bernardo!
O time de Presidente Venceslau experimenta alguma melhora com a chegada de suas argentinas, mas que me parece insuficiente dentro do cenário de acomodação técnica e física da maioria de seu plantel.
Por fim, a equipe do Poty/Bax/ Catanduva veio para a batalha com um elenco muito limitado, mas que ainda assim transparece as boas intenções da técnica Fernanda Hartwig. A recuperação da armadora Thaissa pode eventualmente tornar o cenário menos dramático.
Vale a pena ficar de olho!