Confesso que a pífia (pra ser bem educado) participação da seleção feminina me causou um pouco de ressaca em relação ao basquete feminino na Rio 2016.
A competição seguiu e apresentou boas surpresas.
A toda poderosa Austrália acabou surpreendida seleção sérvia e foi eliminada ainda nas quartas de final por 73 x 71, apesar do domínio da gigante Elizabeth Cambage (29 pontos e 11 rebotes). Ana Dabovic foi a cestinha sérvia com 24 pontos.
Outro jogo de tirar o fôlego foi entre Turquia e Espanha. As espanholas confirmaram o favoritismo e venceram as turcas por 64 a 62, com uma bola da armadora Ana Cruz no estouro do cronômetro.
As japonesas bem que tentaram, mas não foram páreas para as americanas, que venceram por 110 a 64.
Por fim, as francesas e canadenses fizeram outro confronto equilibrado, com vitória francesa por 68 a 63.
Hoje, pelas semifinais, a Espanha venceu a Sérvia por 68 a 54 e fará a final olímpica com o vencedor de EUA e França (alguém duvida quem será o vencedor?).
Após o vice campeonato mundial em 2014, a Espanha se firma definitivamente como uma das forças do basquete feminino (alguns degraus abaixo dos EUA, como todas as outras, claro).
E não há segredo para o sucesso do basquete espanhol: um sólido trabalho de base que apresenta um excelente resultado nos últimos dez anos (vários pódios nos mundiais de base de uns anos pra cá), aliados a um esquema de naturalização de atletas de ponta (Sancho Lyttle e agora a também ótima-porém-pouco-experiente Astou Ndour).
Enquanto isso, assistimos na Rio 2016 a morte do basquete feminino brasileiro.
Tive a (infeliz) oportunidade de assistir no ginásio os jogos da seleção feminina contra o Japão e Bielorrússia e acompanhei os outros jogos pela TV.
Espero que os defensores da volta das veteranas estejam satisfeito com o desempenho delas, pois eu sinceramente não fiquei.
Iziane até tentou, mas realmente já não é a mesma jogadora de antes. Com arremessos ruins, restava a ela apenas a tentativa de infiltração e buscar as faltas (isso quando seu físico permitia).
Érika é a personificação do "fala muito e joga pouco" dito em uma entrevista. Errava bolas fáceis no ataque e não defendia NINGUÉM (Tokashiki, Leuchanka e cia agradecem).
Adrianinha estava nitidamente fora da capacidade física e não desempenhou o papel esperado de uma armadora com a experiência dela. Espero que desta vez a aposentadoria seja pra valer e que outras armadoras assumam a posição (Tainá, Débora, Tássia, Lays, Izabella estou torcendo por vocês).
Kelly e Palmira não merecem uma linha sequer sobre a participação delas na Rio 2016. Simplesmente lamentável o estado físico e técnico das duas. A idade não pode ser justificativa para tamanho desleixo para quem se diz atleta de alto nível. A ótima pivô turca Nevriye Yilmaz de 36 anos é um ótimo exemplo de bom estado físico e técnico.
Joice esbanja garra, vontade. Infelizmente, seus frágeis fundamentos não acompanha à ótima visão de quadra e a impetuosidade que tem desde as categorias de base.
Nádia acabou pouco aproveitada, tendo em vista a indecisão de Barbosa entre ela e Kelly. Não pudemos avaliar se toda aquela evolução apresentada no basquete doméstico e das Américas se confirmaria em um torneio de grande porte. Quem sabe na próxima.
Ramona e Tainá tiveram pouco tempo de quadra devido a um pensamento jurássico do nosso "querido" técnico. Não há comentários a serem tecidos sobre elas, a não ser a uma sorridente Tainá após a derrota para a Bielorrússia. Ninguém se importa mesmo, por que ela deveria se importar, não é mesmo?
Tatiane, cortada por motivos de doença, foi um episódio triste para uma jogadora perseguida pelas lesões. Desejo a ela uma pronta recuperação e uma boa LBF.
Damiris e Clarissa foram os grandes destaques da seleção no Rio.
Damiris me surpreendeu em sua atuação como ala, em seu melhor momento com a seleção. Que o improviso vire uma constante e que ela passe a atuar como ala em seus clubes.
Clarissa, envolta à ainda viva polêmica do evento teste, mostrou garra e disposição, apesar da sua crônica falta de leitura de jogo. Espero que esta temporada na França (num basquete mais organizado) lhe dê uma melhor condição neste fundamento.
Em relação a comissão técnica, o resultado é extremamente negativo.
Barbosa dispensa comentários. Foi o Barbosa que conhecemos potencializado com uma arrogância sem fundamento (quais foram os títulos que ele ganhou mesmo? O bronze olimpico, a Copa América de 97 e...? Ah, claro, os Sul Americanos!)
Gostaria que o Vita explicasse o motivo das jogadoras chegarem à olimpíada cansadas. Foi falta ou excesso de treinos?
Eu ainda não sei ao certo o que Adriana Santos faz na seleção. Pra mim, ela foi apenas ao Rio pra fazer o juramento na abertura.
A CBB, maior culpada, passou vergonha na Rio 2016. O masculino também não passou de fase e os investimentos do COB e do Ministério do Esporte deverão minguar após essa ridícula participação em casa.
Difícil prever como será o próximo ciclo olímpico. Talvez devessemos aguardar as eleições na CBB, mas sem muito ânimo.
Independente de quem seja o técnico, é importante notar que não dá mais pra adiar a renovação. Nádia, Clarissa, Damiris, Ramona, Tatiane e Tainá devem seguir, somadas a jovens destaques que devem ser observadas desde já (Vitória, Maíra, Mônica, Luana, Letícia Viviane, Raphaela Monteiro, Sangalli, Lays, Nicoletti, Raphaela da Silva).
Ao contrário do que dizem, temos material humano que precisa ser melhor lapidado. Será que teremos uma confederação e um técnico dispostos a isso?
Oremos.