Na temporada passada, o Sport bateu Americana por 2 a 0 na série final da LBF e ficou merecidamente com o título da competição.
Nesse ano, Americana reescreveu a história à sua maneira. Também por 2 a 0 liquidou o Sport e do alto do seu bicampeonato se colocou como o time de melhor retrospecto na curta história da competição.
190 Urgente
Foi um episódio lamentável a ausência de policiamento em quadra, que acabou retardando o início da partida. Nada que preocupasse, segundo o repórter do SPORTV, já que “Roberto Dornelas já estava ligando para uns amigos policiais”… Que nível, hein?
SPORTV bicampeão
Por falar em SPORTV, assim como no ano passado, a cobertura da final deixou a desejar.Encerrado o jogo, rápidas entrevistas com Clarissa e Dornellas e CORTAAA!
Os méritos do vencedor
Americana teve um campeonato irregular, mas foi crescendo e alcançou seu auge nessas finais. Consciente e seguro, o time deixa bela impressão.
Os méritos dessa afirmação são certamente de Vendramini. O treinador teve um começo confuso no comando do time tentando se equilibrar com um elenco que não havia sido formado por ele. Nem pelo treinador anterior (Zanon), diga-se de passagem. Com três alas com fome de bola (Paola, Ariadna e Karla), duas armadoras irregulares (Joice & Babi) e três pivôs baixas (Êga, Gil e Clarissa), o caldo ameaçava entornar. Os bastidores dessas transformações foram tensos, mas Vendra conseguiu por a casa em ordem e formar um grupo que ganhou a sua cara. E até lhe tirou o bigode.
O dia de Vendramini
Se a conquista do Paulista havia tido pouco brilho, a de hoje é um belo acréscimo no currículo de Vendramini. Treinador vencedor, ele não raramente é menosprezado por ter comandado equipes de estrelas. “Com a Hortência, até eu…” falam pelas suas costas.
Se suas jornadas no Fluminense, no Paraná e em Ourinhos ainda não foram suficientes para definir seu status, a vitória de hoje reforça a sua capacidade.
Mais uma da Pérola Negra
Dentro de quadra, mais uma vez Clarissa foi o maior destaque. Há alguns anos a pivô de Americana é a atleta mais interessante de se acompanhar por aqui e a mais decisiva. Essa segurança tem permitido a atleta atitudes cada vez mais ousadas, com mobilidade crescente e até (!) arremessos de três pontos. Não se sabe ainda o real impacto de Clarissa em nível internacional, mas por aqui ela segue sobrando.
Recontagem de votos
A eleição de Ariadna como MVP? Ah, pula esse assunto!
O futuro do banco do campeão
É dia de festa, mas espero que para a próxima temporada o técnico Vendramini defina junto à direção da equipe o espaço que algumas jogadoras talentosas podem ter no time. Acho que tanto as jovens Tássia e Débora, como a veterana Gil merecem mais do que tiveram nessa LBF. Ou talvez possam brilhar em outras equipes…
Ao perdedor, as batatas
No Sport, a causa principal da derrota é o processo exatamente inverso do que aconteceu em Americana. O time em sua segunda temporada ainda não tem uma cara. O que na temporada passada era perdoável, nessa é realmente incômodo. Descontados os problemas físicos de Adrianinha e Tiffany, o eclipse de Nádia e uma dupla de americanas que não apresenta nada a mais que a grife WNBA (Alex e Sandora), o time tem problemas. Talvez o maior (e mais simbólico deles) seja não conseguir fazer sua maior estrela (Érika) jogar.
Próximo tópico, por favor!
Sandálias da Humildade
Tenho grande respeito pelo técnico Roberto Dornelas, um militante do basquete feminino no Nordeste. É elogiável sua gestão do projeto do basquete feminino do Sport. Do ponto de vista técnico, no entanto, seu trabalho carece de consistência. No ano passado, o treinador ficou melindrado ao ter sua capacidade questionada nas finais. Com título invicto então? Como ousam? A derrota de hoje talvez possibilite a Dornelas examinar a situação com mais humildade e perceber suas falhas e limitações. Seu comando nos minutos finais do jogo de hoje foi desastroso.
Um Dia Triste
No final da temporada da LBF, uma nota muito triste: o falecimento do narrador Luciano do Valle. Luciano tem uma parcela considerável de responsabilidade na afirmação do basquete feminino no Brasil. Luciano se apaixonou por Paula, Hortência & Cia e queria que outros também vissem aquele espetáculo. Tanto insistiu que conseguiu…
Luciano narrava com paixão o basquete e com enorme carinho pelas “meninas”. Foi a voz oficial da conquista do título mundial de 1994.
Nunca vou me esquecer que pouco tempo depois lá estava ele cobrindo o Mundial Interclubes em Guarulhos, quando a Ponte Preta, de Hortência, bateu a Unimep, de Paula. Luciano mais uma vez narrava com paixão. Enquanto isso, recebia correspondências furiosas de Campinas e Piracicaba. Os campineiros o acusavam de torcer pra Paula e os piracicabanos pediam para que ele disfarçasse a predileção por Hortência.
Me lembro ainda de vê-lo narrando na BAND já na fase das vacas magras um jogo de estreia do Sport no Nacional Feminino. Na época morando em Recife, o narrador fazia o trabalho com o mesmo carinho e a mesma elegância.
É uma dura perda realmente.
O basquete feminino tem a obrigação de dizer: “Muito obrigado, Luciano!”