Marcelo Laguna
A seleção brasileira feminina de basquete irá aproveitar esta quarta-feira para dar os últimos ajustes da equipe antes da estreia nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, diante da França, no próximo sábado (28). O time comandado pelo técnico Luís Cláudio Tarallo fará um jogo-treino contra a Croácia, com portões fechados para público e jornalistas. Desta forma, o treinador brasileiro pretende testar formações táticas que ainda não pôde experimentar nos últimos amistosos.
"Contra a Croácia, poderemos testar outras formações que serão úteis durante as Olimpíadas. No torneio da França, testamos algumas que deram certo, mas outras não. A tendência é dar sequência de jogos às atletas, mais uma oportunidade para a equipe crescer coletivamente", afirmou Tarallo, que ainda asim admite que fará alguns segredos. "Estamos jogando dentro dos nossos conceitos, mas todo mundo acaba escondendo um pouquinho de seu jogo. Nós também escondemos", confessou.
Entre as atletas, não há como evitar um clima de ansiedade para a estreia, mas as mais experientes do elenco querem aproveitar este último jogo-treino e passar mais tranquilidade às meninas que estarão estreando em Jogos Olímpicos. "Passamos três meses ralando e em momento algum pensamos que não teríamos condições de chegar aqui para brigar por medalhas. Isso que nós, como mais experientes, precisamos passar sempre às novatas", disse a pivô Erika, de 29 anos, que integrou a equipe quarta colocada nas Olimpíadas de Atenas 2004.
Para a armadora Adrianinha, a mais experiente do grupo e prestes a participar de sua quarta edição de Jogos Olímpicos, esta mescla de jogadoras rodadas com as mais novas tem tudo para dar certo. "Na verdade, sempre existiu esta mistura de experientes e novatas. Mas o que tem faltado à esta geração é um grande resultado positivo. Isso ainda não tivemos", afirmou.
Tarallo não decreta fim de Iziane na seleção feminina de basquete
Mesmo com ato de indisciplina e consequente corte para as Olimpíadas de Londres, treinador diz que não se pode dizer que ela nunca mais irá defender o Brasil
Pivô da crise que se assolou na seleção feminina de basquete às vésperas dos Jogos Olimpicos de Londres 2012, a ala Iziane não está riscada completamente dos planos da seleção brasileira feminina de basquete. Se para agora não tem mais jeito - a jogadora maranhense foi cortada da equipe por indisciplina na semana passada, quando a seleção participava de um torneio amistoso na França -, Iziane tem a chance de ressurgir em competições futuras. Quem garante isso é o próprio treinador da equipe, Luís Cláudio Tarallo.
"Não dá para dizer que Iziane está eliminada da seleção. Nunca é uma palavra forte demais. Até porque não sei se eu mesmo estarei aqui numa próxima competição, se a Hortência estará etc. Vamos manter o nosso foco nestas Olimpíadas", disse o treinador da equipe brasileira nesta terça-feira. Tarallo assumiu o cargo no final do ano passado, após a demissão de Ênio Vecchi, que foi demitido por ter tido problemas de relacionamento com Iziane durante os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara.
Embora a própria assessoria de imprensa do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) no centro de treinamento do Crystral Palace, região sul de Londres, tivesse avisado que os integrantes da seleção feminina de basquetre não comentariam nada sobre Iziane, a saída da ala maranhanse foi assunto recorrente em todas as entrevistas ao final do treino desta terça-feira.
"No começo, foi um susto muito grande para todos os que estavam no grupo, algumas meninas ficaram desesperadas. Mas foi importante para ressaltarmos a todas elas que esse era o momento de todas se juntarem num mesmo objetivo, que é buscar nosso melhor resultado possível", afirmou Tarallo. Ao ser perguntado se no final, a decisão do corte acabava prejudicando mais o grupo do que a jogadora, o treinador foi taxativo. "Não, foi uma coisa que não poderíamos aceitar jamais. E também serviu de exemplo para as demais atletas."
A pivô Erika, que deixou o treinamento mais cedo por conta de uma indisposição estomacal, tentava escapar das perguntas sobre Iziane, mas no final também comentou a respeito da saída da colega de seleção. "Ela falou com todo o grupo, se desculpou, mas isso é passado. Levamos um grande susto, só que as regras estão aí para serem cumpridas por todos. Ela não teve uma postura correta", disse Érika, dando uma cutucada de leve na ala.
Até mesmo a diretora de basquete feminino da CBB, Hortência Marcari, falou sobre o caso, mesma de forma indireta. "Todas aqui conhecem nosso estilo de trabalhar. Aqui não é só entrar na quadra e jogar. Nada pode falhar", afirmou.
'Garantia' de emprego até 2016 tranquiliza Tarallo antes dos Jogos de Londres
Quarto treinador da seleção feminina de basquete neste ciclo olímpico, Luís Cláudio Tarallo já faz planos para prosseguimento do trabalho nas Olimpíadas de 2016, no Rio
Nos últimos quatro anos, um dos cargos com maior rotatividade de pessoas no Brasil foi o de treinador da seleção feminina de basquete. Neste período, a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) e especialmente a diretora do feminino, Hortência Marcari, dispensaram nada menos do que três treinadores desde os Jogos de Pequim, em 2008: Paulo Bassul, o espanhol Carlos Colinas e mais recentemente, Ênio Vecchi.
Mas esta verdadeira "máquina de moer técnicos" não assustou o paulista Luís Cláudio Tarallo, o escolhido para o desafio de comandar a equipe nas Olimpíadas de Londres. E o motivo para isso foi uma garantia de emprego para os próximos Jogos, no Rio, em 2016.
"O que me deixou mais tranquilo foi justamente o fato de ser um trabalho a longo prazo. Quando acertamos a minha contratação, eu disse que seria muito difícil prometer qualquer resultado, iniciando um trabalho há apenas três meses, na prática. Mas a direção da CBB foi bem clara, ao dizer que estava assumindo não para o final de um ciclo olímpico, mas para o início do ciclo de 2016", afirmou Tarallo, que foi contratado em dezembro, logo após a demissão de Ênio Vecchi.
E foi pensando na tarefa que terá daqui a quatro anos, quando o Rio de Janeiro receberá a sede dos Jogos Olímpicos, que Tarallo começou já para as Olimpíadas de Londres um trabalho de renovação na equipe feminina. Mas segundo ele, tudo sem atropelos.
"Mesmo sabendo da dificuldade que representa uma Olimpíada, decidmos começar esta renovação, que um dia teria que começar mesmo, mas sem apressar o tempo da menina, tentando fazer de tudo isso um processo natural. Até por isso é necessária a presença de jogadoras mais experientes", comentou Tarallo. Para isso, ele conta com a armadora Adrianinha, de 34 anos, que disputará em Londres sua quarta edição de Jogos Olímpicos, a ala Karla, de 33 anos, e a pivô Érika, de 29.
Mesmo com esta "garantia" de emprego, Tarallo tem consciência que poderá ficar pelo caminho e não chegar à disputa dos Jogos do Rio. "Se a CBB decidir trocar, optar por outro treinador, aceitarei de forma tranquila. Se este projeto qeu eu iniciei agora der resultados lá na frente, já estará excelente", afirmou. Embopra tenha garantia da CBB que ficará até os Jogos de 2016, o contrato de Luís Cláudio Tarallo com a entidade vai até dezembro.
Hortência Marcari, diretora da CBB, reconhece a importância de se mesclar a presença de atletas experientes entre as novatas. "Sou contra a renovação total. Com 16 anos, era titular da seleção adulta. Eu e a Paula apanhamos muito e sentimos a falta de jogadoras mais rodadas ao nosso lado, nos orientando. Por isso, demoramos 18 anos para conseguir um título mundial", afirmou. Ela reconhece que a situação da seleção feminina atual é peculiar, mas indiretamente cobra um bom desempenho agora também. 'Eu não gosto de perder, nenhuma jogadora gosta. Mas temos que pensar nos nossos objetivos. Temos que ir bem aqui? Sim. mas também precisamos ir bem em nossa casa", avisou
Fonte: iG